Opções e Bom Senso

Mercado de capitais e mudanças sociais. Que mundo financiar?

Muitos clamam por mudanças, mas consideram contrassenso usar os instrumentos do mercado para financiar o sonho de um futuro mais justo. Nada mais equivocado

Por Eduardo Moreira*
Para Rede Brasil Atual

O Brasil é medalha de ouro em desigualdade, aproveitando os tempos de Paralimpíadas para a metáfora. No Brasil, cerca de 1% dos donos de terra concentram 50% das terras agricultáveis, enquanto 1% dos mais ricos ficam com cerca de 30% da renda. Somente 0,16% dos investidores concentram mais de 1/3 dos investimentos. E apesar de muitos deles clamarem por mudanças, usar os instrumentos do mercado para financiar o sonho de um futuro mais justo parece algo inusitado.

Um vegano, ao aplicar sua poupança, pode estar financiando a construção de um frigorífico sem saber. Ou um militante pacifista pode estar investindo em uma fábrica de armas sem consciência. Um ambientalista pode colocar seu dinheiro em uma empresa que desmata e polui. Essa é uma realidade muito mais comum do que se poderia (ou gostaria de) imaginar.

Foi pensando nisso que algumas instituições no mundo, como o Triodos Bank, passaram a incentivar a pergunta “que mundo você financia com seu dinheiro?”. O slogan do banco holandês não deixa dúvidas: “Financie a mudança, mude o mundo das finanças (Finance change. Change Finance)”. Esse questionamento deixa de cabelos em pé bancos e grandes corporações. Mais até do que armas e ameaças terroristas.Esse questionamento pode mudar a estrutura do sistema e empoderar toda uma população para escolher de verdade o mundo que deseja.

No Brasil, esse debate é bastante embrionário. A desigualdade social se expressa também no mercado de capitais. A distância entre os pequenos investidores, que têm aumentado em número, e os milionários, que sempre estiveram no mercado, é gigantesca. Enquanto os mais ricos diversificam as aplicações, investindo 60% da renda em ações e fundos, o correntista médio aplica mais de dois terços de seus investimentos na poupança (Anbima fev/2021).

O Brasil é medalha de ouro em desigualdade, aproveitando os tempos de Paralimpíadas para a metáfora. No Brasil, cerca de 1% dos donos de terra concentram 50% das terras agricultáveis, enquanto 1% dos mais ricos ficam com cerca de 30% da renda. Somente 0,16% dos investidores concentram mais de 1/3 dos investimentos. E apesar de muitos deles clamarem por mudanças, usar os instrumentos do mercado para financiar o sonho de um futuro mais justo parece algo inusitado.

Um vegano, ao aplicar sua poupança, pode estar financiando a construção de um frigorífico sem saber. Ou um militante pacifista pode estar investindo em uma fábrica de armas sem consciência. Um ambientalista pode colocar seu dinheiro em uma empresa que desmata e polui. Essa é uma realidade muito mais comum do que se poderia (ou gostaria de) imaginar.

Foi pensando nisso que algumas instituições no mundo, como o Triodos Bank, passaram a incentivar a pergunta “que mundo você financia com seu dinheiro?”. O slogan do banco holandês não deixa dúvidas: “Financie a mudança, mude o mundo das finanças (Finance change. Change Finance)”. Esse questionamento deixa de cabelos em pé bancos e grandes corporações. Mais até do que armas e ameaças terroristas.Esse questionamento pode mudar a estrutura do sistema e empoderar toda uma população para escolher de verdade o mundo que deseja.

No Brasil, esse debate é bastante embrionário. A desigualdade social se expressa também no mercado de capitais. A distância entre os pequenos investidores, que têm aumentado em número, e os milionários, que sempre estiveram no mercado, é gigantesca. Enquanto os mais ricos diversificam as aplicações, investindo 60% da renda em ações e fundos, o correntista médio aplica mais de dois terços de seus investimentos na poupança (Anbima fev/2021).

*Empresário, engenheiro e ex-banqueiro de investimentos. É autor dos bestsellers Desigualdade & Caminhos Para Uma Sociedade Mais Justa, O Que os Donos do Poder Não Querem Que Você Saiba e Encantadores de Vidas