Dia Nacional do Cerrado

Por dentro do Cerrado: experiência produtiva do 2º maior bioma da América do Sul

Tema do próximo "Comida de Verdade", conheça mais sobre a produção do MST e a biodiversidade proporcionada deste bioma
Bioma: Cerrado. Foto: Acervo MST no Cerrado

Por Fernanda Alcântara
Da Página do MST

Neste sábado (11/09) comemoramos o Dia Nacional do Cerrado. O bioma representa um quinto do território nacional e é o segundo maior da América do Sul, estando presente em 10 estados brasileiros. Formado por uma vegetação resistente, que mesmo sem chuva apresenta flores. O Cerrado está localizado em uma área com grande potencial aquífero e diversos tipos de vegetações. Talvez por isso, segue sendo o segundo bioma mais ameaçado pelas queimadas e devastações, perdendo apenas para a Mata Atlântica.

De acordo com ambientalistas, a velocidade do desmatamento deste tipo de vegetação é assustadora. Desde que a capital Federal foi deslocada para o Centro-Oeste, em 1960, metade do Cerrado já foi devastado. Por isso o bioma é motivo de constante preocupação do MST, já que a agroecologia é fundamental para manter a rica biodiversidade do bioma que também é muito útil para a humanidade, já que é o berço das águas para os rios brasileiros e que geram a maior parte da energia utilizada no Brasil.

Por isso, o Movimento segue na luta pela preservação deste bioma tão importante para a Reforma Agrária Popular que sonhamos. Confira abaixo um relato de experiência produtiva da região referência deste bioma, localizado em Goiás.

Confira o relato produtivo:

“O assentamento Marielle Franco teve seu início em 2018, no dia 10 de abril. A fazenda foi ocupada com 108 pessoas, por volta de 85 famílias (…). De 2018 para cá, a gente já fez três lavouras. A primeira roça, a gente fez um misto de arroz e a outra parte milho. Em 2018 a gente teve como formato de plantio coletivo, todos os acampados estavam envolvidos nele, e a gente conseguiu colher 265 sacos de arroz. Parte desse arroz foi dividido em partes iguais, foi retirado uma porcentagem dele destinada para doação.

Em 2019 a gente fez outra lavoura, dessa vez a gente fez pequenos coletivos, e no caso o número foi um pouco maior, por volta de seis coletivos, e tivemos por volta de 300 a 330 sacos de arroz colhidos, saco padrão de 40 quilos.

O arroz foi uma das culturas que mais nos demos bem em produzir aqui no assentamento Marielle, por ser um tipo de cultura que é bem presente na alimentação do povo. E que não é tão complicado quanto outras culturas, como o feijão, que a gente fez teste e, sem usar o veneno, por sermos inexperientes no contexto da agroecologia para combater as pragas, a gente não teve um êxito muito bom com feijão. Mas com arroz fomos bem, é mais fácil e permite que você tenha um manuseio melhor e mais simplificado.

Bioma: Cerrado. Foto: Acervo MST no Cerrado

A única dificuldade que a gente teve na produção foram os pássaros, que ficavam e comiam uma certa parte, mas isso já é um risco previsto que temos no nosso modo de plantio. A primeira a “roça de toco”, um pedaço dedicado que daria mais ou menos uns dois alqueires, e esses dois alqueires foram divididos entre o milho, que a gente conseguiu com o MCP aqui do Goiás lá, de Catalão. E esse milho a gente conseguiu colher, três carros de milhos, que foi dividido; a gente plantou amendoim e fizemos a extração de pequi que, por ser um local que tem muita planta nativa; a gente também fez a extração de pequi, comercializou e conseguiu vender para gerar fundos para o acampamento, e algumas pessoas formaram pequenos grupos e estavam extraindo também aqui o Baru.

O Baru foi uma outra maneira de extrativismo que deu certo, porque alguns companheiros conseguiram comercializar; alguns pegavam só para o consumo, da mesma forma que foi com o Pequi. A maneira que a gente fez para extrair o Pequi na época foi montar coletivos para mapear onde estavam os pequizeiros, onde estavam cada um, e a proposta era que todos retornasse com com uma certa quantidade de Pequi para a gente juntar tudo e levar para a cidade para comercializar.

Esse ano a gente já está começando os preparativos para as roças, já temos as propostas de coletivos e até começamos os primeiros debates de qual vai ser o nosso ponto focal e, nesse debate, a gente pretende envolver a cooperativa de Itaberaí. Vamos continuar tocando esse processo dessa forma, sem usar veneno.

Todas as vezes que a gente plantou aqui no assentamento Marielle Franco uma parte foi dedicada para doação na cidade, principalmente agora, no contexto em que a gente vive nessa conjuntura como pandemia, com crise o Brasil entrando no mapa da fome. Foi a solução que a gente encontrou de contribuir com o município, com o estado, de fazer cestas agroecológicas com mandioca, abóbora, arroz, milho, maracujá e doar. As outras duas vezes que a gente fez doação foi de arroz e uma doação que a gente fez foi uma horta dedicada, em 2018, de três canteiros de alface para a creche aqui do município de Morro Agudo de Goiás”, relata Parazinho, dirigente regional e assentado no Marielle Franco.

Comida de Verdade

E para reforçar a luta do MST no Plano Nacional Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis, o Programa Comida de Verdade com MST desta semana mostra a diversidade que o bioma proporciona como berço das águas na geração da vida. Com o tema “Cerrado das marchas: plantando água e comida” mostrará experiências na produção alimentos e conservação do Cerrado, além de curiosidades e receitas e muito mais diante do espaço de vida e diversidade do Bioma do Cerrado.

Serviço

Programa Comida de Verdade: Cerrado das marchas: plantando água e comida!

Quando? É nesta quarta-feira (15/09), às 19h

Onde? Nas redes sociais do MST e outros parceiros

Confira os programas anteriores AQUI

Conheça o Plano Nacional Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis:

*Com colaboração de Luiz Zarref e Bárbara Loureiro

**Editado por Solange Engelmann