Premiação de Direitos Humanos

“Reconhecimento ao MST chega em um momento histórico”

Confira o discurso de Marina dos Santos, da direção nacional do Movimento, que representou o MST na categoria internacional do Prêmio “Acampa – Pola Paz e Dereito a Refuxio”
Foto: V. Casteleiro/Acampa

Da Página do MST

No último sábado (11), o MST recebeu na província de Corunha, noroeste da Espanha, o prêmio  “Acampa – Pola Paz e Dereito a Refuxio”. O movimento foi reconhecido pelo júri popular em categoria internacional do prêmio por sua atuação na defesa dos direitos humanos.

Trata-se do reconhecimento pelo trabalho em defesa da classe trabalhadora do campo e cidade. Representando o MST na categoria internacional, Marina dos Santos, da direção nacional do Movimento, falou sobre as reflexões que o Movimento traz ao se colocar como alternativa e esperança, combatendo o modelo de desenvolvimento adotado pelo sistema capitalista.

Confira o discurso completo:

“Esse reconhecimento ao MST chega em um momento histórico muito importante para a humanidade.

No Brasil, e em muitos outros lugares do mundo, os povos estão sofrendo com as consequências da crise econômica, social, política e ecológica. É um momento de aumento do pensamento conservador e retrocesso dos direitos da classe trabalhadora, da política da Reforma Agrária.

O agro, o hidro e o mineral negócios estão se apropriando e e espoliando cada vez mais os bens da natureza, como a terra, a água, os minérios, as florestas, as sementes, e a biodiversidade, para transformarem apenas em lucro.

Por isso esse reconhecimento internacional da defesa dos direitos humanos concedido ao MST nos emociona, nos engrandece e nos enche de alegria e esperança!

Esse reconhecimento vai para todas as famílias que lutaram e lutam, que garantiram a resistência ativa, que atuaram na defesa da vida e de salvar vidas dos trabalhadores do campo e da cidade; Aos dois milhões de pessoas que hoje fazem parte de nossa base em todo o Brasil.

Esse reconhecimento vai para cada mulher, homem, jovem e criança que embaixo das lonas pretas ou da terra conquistada em seu assentamento produzem alimentos saudáveis, livres de agrotóxicos; que adotam a agrofloresta e a soberania alimentar.

Vai para todos os que estão na Campanha de plantio de 100 milhões de árvores nos próximos 10 anos em todas as regiões do país.

Vai para todas as pessoas que constroem nossas relações livres de machismo, do racismo e da homofobia.

Este reconhecimento internacional da defesa dos direitos humanos vai para todos aqueles que se intitulam Sem Terra, amigos e amigas que nos defendem das amarras do poder judiciário, da jagunçagem, das polícias e de todas as violências causadas pelo atual governo genocida.

Vai para todos os povos indígenas que estão em luta e resistência no Brasil – não ao Marco Temporal! -, assim com para todo o campesinato, mais especialmente os que estão organizados pela Via Campesina Internacional.

Vai para todas as pessoas que constroem a unidade, a resistência, a solidariedade e as lutas pelos direitos da classe trabalhadora do campo e da cidade.

O Bispo Dom Pedro Casaldáliga, espanhol que dedicou sua vida à Reforma Agrária em São Félix do Araguaia, região norte do Brasil, dizia: “Malditas sejam todas as cercas que impedem o homem e a mulher de viver e amar”.

Por isso, em nome do MST, me comprometo e convoco vocês a seguir organizando o povo, a lutar por terra e Reforma Agrária Popular, por todos os direitos da classe trabalhadora, até que a natureza e todas as pessoas possam viver e amar.

Viva a classe trabalhadora, do campo e da cidade!
Viva a resistência popular!
Viva a esperança dos povos!
Viva a solidariedade internacional!

Gracias, Acampa!

Fora Bolsonaro!”

*Editado por Fernanda Alcântara