Fora Bolsonaro

MST recepciona Bolsonaro com protestos e ocupação no Extremo Sul da Bahia

A principal pauta foi em protesto contra a visita do presidente Jair Bolsonaro à região e por Reforma Agrária Já
Cerca de 400 famílias Sem Terra realizaram bloqueio em dois trechos da BR-101, no Extremo Sul da Bahia. Foto: Coletivo de Comunicação do MST/BA

Por Coletivo de Comunicação do MST/BA
Da Página do MST

Na manhã da última terça-feira (28/9), mais de 400 famílias Sem Terra realizaram bloqueio em dois trechos da BR-101, entre os municípios de Itabela (km 763) e Teixeira de Freitas (km 860) no Extremo Sul da Bahia. A principal pauta foi em protesto contra a visita do presidente Jair Bolsonaro à região e por Reforma Agrária Já.

O MST também realizou a ocupação da Fazenda do Grupo Chaves, no município de Itamaraju e o trancamento da BR-101. As atividades seguiram todos os protocolos da vigilância sanitária e da Organização Mundial de Saúde (OMS), com os cuidados com a vida em tempo de pandemia.

As famílias Sem Terra cobram de Bolsonaro mais ações e menos fake news, inclusive na área da Reforma Agrária, como a regularização de 460 famílias assentadas que estão fora do Registro de Beneficiados pela Reforma Agrária (RB). Atualmente, 2.018 famílias estão acampadas no estado e aguardam a desapropriação de terras para a Reforma Agrária.

Segundo os Sem Terra, desde que assumiu a presidência, o principal “esporte” de Bolsonaro tem sido fazer falsas promessas, promover perseguições às famílias Sem Terra, com as fake news e disseminação do ódio.

Em 2020, a região Extremo Sul foi palco de mandato arbitrário, através da Portaria nº 493, que autorizou a atuação da Força Nacional. Os agentes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) que prometeram regularização fundiária, títulos e fomentos até o presente momento não resolveram a questão.

Após um ano do uso das forças armadas e da visita dos agentes do INCRA na região, Jair Bolsonaro vem ao Extremo Sul da Bahia sem apresentar solução para resolver os conflitos agrários na região. Diante disso, as famílias das áreas de acampamentos e assentamentos da Reforma Agrária decidiram passar uma mensagem “em alto e bom som” para o presidente, reafirmado que estão mobilizadas, em luta, para a derrota do governo fascista e genocida, que faz o país retornar ao mapa da fome.

Eliane Oliveira, da direção estadual do MST no Extremo Sul da Bahia, reafirma a importância dessas ações como forma de enfrentamento ao governo de Jair Bolsonaro. E destaca que se trata de uma tentativa de viabilizar um diálogo para a construção da Reforma Agrária e a regularização das famílias Sem Terra na região.

“A ação questiona o governo, a propriedade privada da terra, o aumento da fome nas cidades e o descaso com a população brasileira. A recepção questiona quais as soluções que o governo federal têm para o povo do campo e para a população brasileira como um todo”, aponta Oliveira.

O governo promete títulos de terra, mas veta por completo a PL823/2021, também conhecida com Projeto de Lei Assis Carvalho II, com objetivo de destinar recursos à produção de alimentos saudáveis, e de medidas emergenciais de amparo aos agricultores familiares do Brasil. Essa ação se revela contraditória, pois é sabido que a agricultura familiar e camponesa que alimenta a nação.

O jogo do governo federal fica mais bizarro quando olhamos para a região do Extremo Sul da Bahia e percebemos que há mais de 2.018 famílias que vivem em acampamentos e precisam ser assentadas. E nos assentamentos, são mais de 400 famílias que estão fora do Registro de Beneficiários (RB), aguardando atualização do Incra, ou seja, de mais de 4 mil famílias, apenas 1.611 estão com a situação regularizada, conclui Oliveira.

*Editado por Solange Engelmann