Solidariedade

Acampamento Zé Maria do Tomé realiza ação de solidariedade em Limoeiro do Norte/CE

Foram cerca de 5 toneladas de alimentos entre banana, mamão, batata, limão, cheiro verde, pimentão, jerimum, acerola, coco e outros
Foto: Rafael Telles / Acervo do MST no Ceará

Por Aline Oliveira
Da Página do MST

Na manhã desta quinta-feira (30), famílias Sem Terra do acampamento Zé Maria do Tomé, em Limoeiro do Norte, realizam doação de 5 toneladas de alimentos para famílias vinculadas a Pastoral da Criança do município, dentre os produtos doados, banana, mamão, batata, limão, cheiro verde, pimentão, jerimum, acerola, coco entre outros.

A ação aconteceu em frente à Câmara Municipal de Limoeiro do Norte, e tem como objetivo reafirmar o compromisso das famílias do acampamento com solidariedade de classe, o cuidado com a vida, a defesa do acesso a terra para quem nela trabalha e também de denunciar as tentativas de criminalização da luta dos trabalhadores e trabalhadoras que ocupam a área do acampamento Zé Maria do Tomé desde 2014.

Otávio Lima, acampado do acampamento Zé Maria do Tomé relata que “hoje viemos realizar essa ação de solidariedade para contribuir com aqueles que mais precisam em nosso município. Essa ação é também para denunciar a tentativa de alguns vereadores da nossa cidade de criminalizar nossa luta. Na última quinta-feira fomos acusados de vândalos, vagabundos, e isso não é verdade, estamos na terra para trabalhar, viver com dignidade, produzir alimentos saudáveis e matar a fome de quem precisa do alimento”.

“Quero agradecer esse momento de solidariedade, esse alimento que recebemos vai nos ajudar muito com as famílias que mais precisam. Estamos aqui também pra dar nosso apoio às famílias do acampamento Zé Maria, não queremos que haja injustiça com ninguém, especialmente com quem luta por uma vida melhor, que defende os menores, que querem terra pra produzir. Essa doação é um exemplo concreto do objetivo da luta, é multiplicar o pão, ser solidário, nosso sentimento é de gratidão, por doarem o que vocês tem, compartilhando conosco sua produção” afirma Maria Nilzete, da Pastoral da Criança de Limoeiro.

Além da distribuição de alimentos, durante a seção na Câmara Municipal de Limoeiro o MST teve direito a palavra com o objetivo de denunciar as acusações feitas por alguns vereadores na seção passada que ocorreu na manhã da ultima quinta-feira, 23/09. Kelha Lima, da direção Nacional do MST fez o uso da palavra na tribuna.

Fala realizada nesta quinta. Foto: Arquivo MST no CE

Confira parte da fala:

Agradeço pelo espaço cedido para nós trabalhadores e trabalhadoras, quero primeiro dizer que o Movimentos dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra é um movimento social reconhecido mundialmente pela sua legitimidade na luta pelo direito ao acesso a terra a  camponeses e camponesas, o movimento é composto por trabalhadores e trabalhadoras de direitos e de deveres, não somos criminosos.
Desse modo, exigimos respeito, a nossa luta é legitima, é a luta pelo acesso a terra, é a luta pela melhoria das condições de vida, dizer que fomos caluniados/as de forma leviana, de forma mentirosa e queremos aqui deixar explicito, que os acampados/as do acampamento Zé Maria do Tomé não são responsáveis pelo feito na área próxima ao acampamento, não foram os acampados, não foi o MST, exigimos dos órgãos responsáveis que seja feita apuração e que punam os verdadeiros culpados, nós estamos naquele território para ter acesso a terra, para produzir alimentos saudáveis.
Toda semana são centenas de quilos de alimentos que desce a serra, que vão pra Tianguá, Fortaleza, pras feiras que  são feitas, e parte dessa produção vai também pra doações, como estamos fazendo hoje, entregando mais de 5 mil quilos de alimentos que serão doados para famílias que se encontram em vulnerabilidade social no município.
Há 7 anos o MST está presente na Chapada do Apodi, são 7 anos de muitas lutas e desafios, a terra não tem dono, a terra da chapada ela é pública, está na gerencia do DENOCS, e assim como os empresários, os camponeses, os Sem Terra também tem direito aquele espaço, nossa luta é legitima”

Entenda o caso

Na ultima quinta-feira (23/09), alguns vereadores de Limoeiro do Norte usaram a tribuna da câmara para deslegitimar a luta das famílias acampadas no Acampamento Zé Maria do Tomé acusando os de destruir pivores usados para irrigação em uma área vizinha ao acampamento.

Segue a nota divulgada pelo MST em repúdio as acusações as famílias Sem Terra.

O Movimento dos Trabalhadores/as Rurais Sem Terra do Ceará vem a público repudiar as acusações sofridas pelas famílias Sem Terras, acampadas no acampamento Zé Maria do Tomé na Chapada do Apodi, Limoeiro do Norte.

Quinta-feira, 23/09 durante a seção na câmara Municipal de Limoeiro do Norte alguns vereadores  fascistas e indignos de ocupar a cadeira e falar pelo povo, fizeram acusações levianas, infundadas atribuindo a culpa as famílias Sem Terra de cortarem as instalações e terem danificado pneus de um pivô central de irrigação em uma área privada nas proximidades do acampamento Zé Maria do Tomé, inclusive destacando que as mesmas se beneficiam com os equipamentos que foram danificados, o que não é verdade. Estes vereadores são porta-vozes do modelo excludente, de miséria e de morte, do capital na região.

Entendemos que ao usarem de má fé a sigla do Movimento Sem Terra, fica claro ser mais uma tentativa de criminalizar as famílias e deslegitimar os mais de 7 anos de lutas e resistência na produção de alimentos saudáveis e na organização popular no território.

Vimos por meio desta, repudiar essa séria acusação aos trabalhadores e trabalhadoras que apenas vivem e tiram seu sustento da terra, e de modo algum exerceriam uma prática de vandalismo com qualquer patrimônio. Solicitamos das autoridades locais, estaduais e federais a abertura de um processo de investigação para que encontrem os culpados.

Acampamento Zé Maria do Tomé Resiste!

                                                             MST no Ceará, 24 de setembro de 2021.