Formação de Gênero

Encontro regional reúne matriarcas e mulheres históricas da luta pela terra no Vale Do Rio Doce

Atividade buscou consolidar o coletivo de gênero do MST na região e contou com a participação de cerca de 60 mulheres Sem Terra
As mulheres Sem Terra se reuniram no Centro de Formação Francisca Veras do MST, em Governador Valadares. Foto: Comunicação MST-MG

Por Setor de Comunicação MST-MG
Da Página do MST

No último final de semana, entre 16 e 17 de outubro, as mulheres Sem Terra se reuniram no Centro de Formação Francisca Veras do MST, em Governador Valadares, no Vale do Rio doce, Minas Gerais. O nome do local é uma homenagem à uma companheira de luta que dedicou parte de sua vida militando naquilo que acreditava na região do triangulo mineiro, Francisca Veras.

O encontro teve caráter orgânico e buscou consolidar o coletivo de gênero do MST na região e contou com a participação de cerca de 60 mulheres que compõem a coordenação regional e algumas convidadas. A atividade respeitou as orientações sanitária e de saúde da pandemia.

“Nas terras do Rio Doce a luta não para, seguimos o exemplo de Rosa e Dandara!”

A programação se iniciou com uma análise de conjuntura voltada para o avanço da extrema direita, como isso impacta nas vidas das mulheres e os desafios do feminismo camponês e popular.

Complementando as reflexões advindas da leitura da realidade na parte da manhã, após o almoço as reflexões continuaram na perspectiva do resgate histórico das mulheres na participação e construção da Reforma Agrária Popular no vale do Rio Doce. Para além da contribuição das companheiras históricas da região, o encontro teve um espaço dedicado a ouvir as matriarcas da luta pela terra no Vale. As companheiras Sem Terra que não puderam comparecer ao encontro, mandaram a sua saudação em vídeo.

As companheiras que não puderam comparecer ao encontro, mandaram a sua saudação em vídeo. Foto: Comunicação MST-MG

Edilene Cenourinha, dirigente estadual do coletivo de gênero do MST, conta que o encontro trouxe o resgate da participação das mulheres na luta pela terra no estado e foi o momento de fortalecimento do coletivo, estudos e debates. “Pautamos o avanço da direita e do conservadorismo e como isso impacta a vida das mulheres, os desafios do feminismo camponês popular, discutimos a geração de renda e a importância da autossustentação das companheiras”.

Á noite, o sarau organizado pelas companheiras foi um momento lúdico de trocar “sabenças”/saberes em forma de poesia e músicas, que reavivam a história e os mártires da região.

Encontro contou com espaço dedicado a ouvir as matriarcas da luta pela terra na região do vale do Rio Doce. Foto: Comunicação MST-VRD .

Um momento emocionante foi a socialização da mensagem de Laurita Krenak às mulheres Sem Terra, pouco antes de encantar e ir morar com os Marets – o velho espírito protetor dos Krenak.

“Não tenham medo! Mergulhem profundamente as águas do WATU. Não se importem com a turbidez! Contra a correnteza, mergulhem no WATU. Mergulhem profundo vencendo os desafios! Subam o WATU! Mergulhem, subam… até encontrar um grande portal. Um portal luminoso! Encontrando-o não tenham medo de nele entrar. Entrem com determinação e lá caberá à vocês mulheres, desvendarem o segredo da renovação do WATU e da NAK’EREHÉ” (terra Boa). Abraço à todas.” (Zéaranã)

Laurita, recebeu a luz do Maret Makniã que a orientou pedir ao Ailton Krenak e a todos os índios guerreiros para transmitir a mensagem.

*Editado por Solange Engelmann