Conquista

Assentamento Zumbi dos Palmares completa 23 anos de luta em Iaras/SP

No Dia da Consciência Negra as famílias do Assentamento Zumbi dos Palmares (SP) celebram mais de duas décadas de luta, resistência e conquistas
Atividades de comemoração realizadas na Escola no Zumbi dos Palmares/SP. Foto: Regional MST Iaras

Por Julia Giménez, Coletivo de Comunicação MST São Paulo
Da Página do MST

No último dia 20 de novembro, as famílias assentadas no Assentamento Zumbi dos Palmares completam 26 anos de luta no Estado de São Paulo. Localizado na regional de Iaras, ponto central do estado, o assentamento continua na luta pela garantia dos direitos conquistados há duas décadas.

O assentamento, criado em 1998 completou 23 anos de lutas e conquista. Ele é o precursor de outros três assentamentos da regional: Assentamento Loiva Lourdes, Rosa Luxemburgo e Maracy, e conta com mais de 430 famílias dedicadas à produção agropecuária. Possui ainda, uma escola onde se desenvolvem projetos pedagógicos voltados à Educação do Campo e no campo.

A história de terras púbicas da União griladas pelos grandes fazendeiros e empresas privadas de produção intensiva não é novidade no Brasil, e faz parte do processo de lutas empreendido nessas áreas desde 1995. Denominada “Núcleo Colônia Monção” ainda nos inícios de 1900, a área localizada nas proximidades dos municípios de Iaras, Águas de Santa Bárbara, Agudos e Borebi havia sido destinada para políticas de colonização por imigrantes. Mas, com o transcorrer dos anos passou a ser objeto de progressivas invasões e apropriações ilegais pelos grandes fazendeiros do setor pecuário, e de grandes empresas madeireiras e a sucocitrico Cutrale.

Segundo Claudete Pereira de Souza, dirigente do MST em São Paulo e assentada no Zumbi, o MST chega nessa região em 1995 protagonizando um processo intenso de lutas “e reivindicando as terras públicas da União para assentamento imediato dessas famílias que já estavam debaixo da lona, já tinham sofrido vários despejos violentos. Desta forma, se inicia um processo de lutas que abarca desde a construção do Acampamento Nova Canudos até a conquista do assentamento, homenageando o grande Zumbi dos Palmares, a sua história de resistência, de busca de liberdade e sede de justiça”, explica. 

Início da luta em terras de Iaras, São Paulo. Foto: Regional MST Iaras

“Nós que chegamos um pouco depois, somos gratos às famílias que chegaram primeiro, que abriram o caminho, que botaram a bandeira e colocaram os princípios de luta, os conceitos, a força, a coragem e a dedicação”, afirma Maria Lucineyde, assentada na Regional de Iaras.

O assentamento foi criado em 1998, mas a luta das famílias do Zumbi não parou por ai e continua pela garantia de infraestrutura e o acesso as políticas públicas, diz Marilucia Pereira de Souza, assentada e vereadora no município de Iaras (SP), conhecida como Tita do Assentamento. Atualmente 434 famílias estão assentadas no Zumbi dos Palmares na luta contra o racismo, contra todo tipo de preconceito e na construção de Reforma Agrária Popular. 

“Ao chegar ao município de Iaras enfrentamos muitos preconceitos, as nossas crianças que frequentavam a escola da cidade sofriam com transporte precário, estradas sem manutenção, passavam horas até chegar a escola. E foi a partir da luta que conseguimos conquistar o assentamento, conquistar nossa escola, posto de saúde, conseguimos avançar na produção de alimentos. E ainda temos muito por conquistar, fortalecendo as relações do campo e da cidade”, agregou Claudete. 

Em 3 de agosto de 2015, se iniciaram as atividades pedagógicas na escola que recebeu o nome de EMEIEF Assentamento Zumbi dos Palmares, as aulas tiveram início sem que houvesse uma inauguração do prédio. Atualmente funcionam na escola 3 salas de educação infantil, 9 salas de educação fundamental I de 1º ao 5º ano, 5 salas de educação fundamental II de 6º ao 9º ano e 3 salas de educação fundamental III (ensino médio).

“O nosso grande desafio é construir um projeto político pedagógico no campo e do campo que dialogue com a realidade das e dos educandos”, reforçou Claudete Pereira de Souza.

*Editado por Solange Engelmann