Reforma Agrária Popular
1ª Feira agroecológica da Reforma Agrária e Agricultura Familiar do Baixo Jaguaribe
Por Aline Oliveira
Da Página do MST
Ontem (27/11) aconteceu a 1ª Feira da Reforma Agrária e agricultura familiar do baixo Jaguaribe. O evento é uma realização do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento 21 de Abril(M21), Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Limoeiro do Norte e conta com o apoio da Cooperativa Central das Áreas de Reforma Agrária do Ceará (CCA) e Comunidade que Sustenta a Agricultura (CSA).
Mamão, banana, batata, coco, cheiro verde, jerimum, feijão, macaxeira, pimentão, pimentinha, ovos caipira, fubá de gergelim, doce de gergelim, doce de leite com coco, cocada, tempero caseiro, molho de pimenta com leite, colorau, mel de abelha africanizada, manteiga da terra e húmus de minhoca são algumas das 36 variedades de produtos disponibilizados na feira, além de artesanatos.
Maria Marilene Silva é uma das feirantes que vem do acampamento Zé Maria do Tomé, e reafirma o compromisso de produzir alimentos saudáveis sem o uso de veneno. “Nós defendemos e praticamos a agroecologia, nosso alimento é fruto de muito trabalho. Acho muito importante essas feiras da Reforma Agrária acontecerem pois nos possibilita a comercialização dos nossos produtos direto para o consumidor, e é um alimento de qualidade, sem o uso de nenhum tipo de veneno”.
Carlinhos Caledônio, professor aposentado da UFC, destaca a organização da feira. “Muita diversidades de produtos, produtos de excelente qualidade. Eu, que pratico agricultura orgânica, valorizo essas iniciativas, acredito que possa ter continuidade e levar também para outras regiões do estado”.
A feira teve como objetivo a venda de produtos agroecológicos vindos direto do acampamento Zé Maria do Tomé e assentamentos da região, e tem também como finalidade anunciar a Reforma Agrária como uma saída para acabar com a fome em nosso país.
A atividade teve início às 7 da manhã, com muita animação, exposição e venda de produtos. Às 10 horas teve início o ato político em defesa do acampamento Zé Maria do Tomé, e às 12 horas, o encerramento. Durante toda a feira aconteceram apresentações culturais com artistas populares. O evento aconteceu na Praça do BNB, no centro de Limoeiro do Norte.
O ato político contou a presença e intervenção de acampados, militantes das organizações do Limoeiro do Norte, religiosos, e do Deputado Estadual Renato Roseno (PSOL -CE), que defendeu que o ato é sobretudo em defesa da vida. “A defesa da vida está no alimento que está sendo colocado aqui no centro de Limoeiro do Norte. Existe fome no Brasil, e a fome é um projeto político de uma elite que não suporta que o pobre plante na sua própria terra”.
E completou: “Venho mais uma vez reafirmar a luta em defesa do acampamento Zé Maria do Tomé. Nós precisamos sobretudo mostrar para o povo brasileiro que esse é um projeto político que tem que ser superado, precisamos devolver o fascismo à lata do lixo da história. Eles não querem liberdade, justiça, democracia, nós temos que dizer que a classe trabalhadora não vai retroceder, vamos fazer uma Reforma Agrária Popular, Camponesa e Agroecológica” afirma Renato Roseno, Deputado Estadual (PSOL-CE).
Maria de Jesus, da Direção Estadual do MST destacou que “é com imensa alegria que estamos aqui partilhando sabores, afetos, partilhando uma luta tão importante para nossa região que é a defesa das famílias do acampamento Zé Maria do Tomé. Aqui em nossa região decretaram que as terras da chapada são apenas para os empresários, mas nós Sem Terra e as várias organizações da nossa região já definimos que vai ter terra sim para as famílias acampadas, nós estamos lutando aqui na feira, mas estamos com diversas articulações e luta para que esse sonho da terra conquistada se concretiza”.
A campanha em defesa da Lei Zé Maria do Tomé também esteve na 1° Feira Agroecológica e da Reforma Agrária coletando assinaturas com o objetivo de defender a lei estadual 16.820/19 de autoria do Deputado Estadual Renato Roseno (PSOL-CE) e sancionada pelo governador do Estado, Camilo Santana (PT). A lei proíbe a pulverização aérea de agrotóxicos no Ceará.
Solidariedade e Resistência
Hoje mais uma vez as famílias Sem Terra do acampamento Zé Maria do Tomé doam alimentos no município de Limoeiro do Norte, desta vez ao lar do idoso. A ação aconteceu simultaneamente à feira agroecológica.
O acampamento Zé Maria do Tomé existe e resiste há mais de 7 anos, fruto de uma grande ocupação realizada no dia 05 de maio de 2014. Centenas de famílias romperam a cercas da Chapada do Apodi, onde antes somente o agronegócio usufruíam das terras e das águas do perímetro irrigado Jaguaribe – Apodi. Durante todo esse tempo, as famílias tem produzido e vem fazendo do acampamento um espaço onde se produz alimentos saudáveis, novas relações sociais baseadas na coletividade e solidariedade. São inúmeras as tentativas de criminalização da luta e da resistências das mais de 100 famílias acampadas.
Somente durante a pandemia a produção da chapada já saciou a fome de muitas famílias, com a doação de mais de 20 toneladas de produtos fruto do trabalho e da resistência na terra.
No atual cenário politico, econômico e social, com o aumento da fome e da miséria em todo o país, o acampamento Zé Maria vem construindo uma rede de apoio e solidariedade com aqueles e aquelas que mais precisam, na região do vale do Jaguaribe e também na periferia da capital cearense. Durante o mês de dezembro, estima-se que mais 05 toneladas sejam enviadas para a Campanha Natal Sem Fome, idealizada pelo Movimento dos Trabalhadores/as Rurais Sem Terra (MST).
*Editado por Fernanda Alcântara