Pessoas com Deficiência

“O MST tem um olhar mais protetor para quem tem deficiência”, afirma assentada na Bahia

Para relembrar a importância do Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, comemorado na última sexta-feira (03), Dagomilce Lemos, 63, do Extremo Sul da Bahia comenta sobre o acolhimento e cuidado do MST com esse público nas áreas de Reforma Agrária
Á esquerda a assentada Dagomilce Lemos, que vive no assentamento Zumbi dos Palmares, em Mucuri/BA e à direita militante do setor de saúde da Bahia, Luzimar Feliciano dos Santos..

Por Solange Engelmann*
Da Página do MST

Dagomilce Barbosa Lemos, 63 anos, vive no assentamento Zumbi dos Palmares, no município de Mucuri, Extremo Sul da Bahia. Com o desejo de conquistar um “pedacinho de chão pra plantar”, como conta ela, iniciou sua participação no MST na Bahia em 2005, a convite de uma amiga. “Me aposentei e falei: é agora. Tá na hora certa. Ai eu fui pra lona”, relata.

Após sua inserção e participação no MST, em 2012 a assentada foi vítima de um acidente enquanto caminhava com uma amiga, o que provocou várias limitações para sua vida. No Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, comemorado na última sexta-feira (03), Dagomilce Lemos, 63, do Extremo Sul da Bahia comenta sobre o acolhimento e o cuidado vivenciado no dia-a-dia do MST com esse público.

Confira:

Como tem sido a convivência e o acolhimento nos espaços do MST em relação à sua deficiência?

Dagomilce: Bom, prazeroso. Só me deu alegria.

Você sente algum tipo de limitação ou não? De que forma?

Dagomilce: Sim, depois do acidente que eu tive em 2012 fiquei limitada para fazer o que eu fazia antes. Eu fazia muita coisa, hoje sou bem limitada.

Você iniciou sua participação no MST em 2005 e o seu acidente foi após isso. Pode relatar como foi o seu acidente?

Dagomilce: Em 2012, quando a polícia estava em greve na Bahia – teve uma greve geral-, eu estava fazendo uma caminha com uma amiga de BH [Belo Horizonte] e surgiu um carro que jogou um objeto que me atingiu e atingiu minha perna. Quebrou meu fêmur, fui pro hospital, fui bem atendida pelo SUS [Sistema Único de Saúde], mas esfarelou muito os ossos, em um ano eu tive que voltar pra fazer enxertia óssea, e a perna ficou com uma diferença de quatro centímetros, uma da outra, mais curta. E isso me dificulta muito caminhar, e também está me desgastando a coluna. Eu já não faço as mesmas atividades que eu fazia devido a isso. Mas, nós continuamos ai, com o MST sempre.

Como é a convivência com os companheiros e companheiras do MST na região?

Dagomilce: Todo mundo me trata normal. Eles me respeitam e eu respeito eles.

Para você, como o MST poderia ampliar os debates e ações em relação às pessoas com deficiência no campo?

Dagomilce: Dar tarefa pra gente, mas porém, uma coisa mais leve. Viagem mesmo, eu excluo viagens longas. E pra que eu me sinta útil, é me dar tarefa por aqui, entre a sociedade e comunidade, pra que eu possa fazer alguma coisa pela comunidade.

Quais avanços você percebe no MST na sua região em relação às pessoas com deficiência?

Dagomilce: O MST tem muito respeito por todo mundo, indiferente de ser deficiente ou não, mas, o mais interessante é que tem um olhar mais protetor para quem tem deficiência.

*Com colaboração de Luzimar Feliciano dos Santos do setor de saúde do MST na Bahia.