Esperança

MST no RS realiza encontro de lideranças comunitárias em Viamão 

A reunião contou com debates sobre a organização da esperança e a luta pela vida
Objetivo do encontro foi organizar a necessidade da esperança, em celebrar a vida e projetar lutas unitárias, afirma o dirigente do MST RS, Gerônimo da Silva.

Por Maiara Rauber 
Da Página do MST

No último dia 04 de dezembro, o MST no Rio Grande do Sul realizou um Encontro com Lideranças Comunitárias da capital gaúcha. O evento ocorreu no Instituto Josué de Castro (IEJC), localizado no assentamento Filhos de Sepé, no município de Viamão e contou com a presença de representantes do Comitê da Lomba do Pinheiro, da Comunidade Humaitá/Navegantes, Cruzeiro, Morro da Cruz, Restinga, Sindicato da Central Única dos Trabalhadores (CUT), MST, Ação da Cidadania, Fórum Soberania Alimentar Povo Tradicional de Matriz Africana e Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável (Consea).

Gerônimo da Silva, dirigente Estadual do MST no RS, explica que o objetivo do encontro foi organizar a necessidade da esperança, em celebrar a vida e também para projetar lutas unitárias. “Nós precisamos disso enquanto organizações urbanas, fazer esse momento, de estar junto, de celebrar e projetar futuros. Porque entendemos que é o povo pelo povo, se ajudando durante essa pandemia”, afirmou Silva.  

De acordo com ele, se reuniram pessoas dos mais diversos lugares que estão realizando ações de solidariedade desde o início da pandemia na capital e região Metropolitana de Porto Alegre. “É importante reunir esse povo para se olharem. Cada um tem uma história diferente, mas todos tem o mesmo objetivo que é fazer solidariedade nos bairros, nas cozinhas comunitárias, e assim por diante”, argumentou o Sem Terra.  

Unidade da classe trabalhadora

O intuito do encontro também foi de celebrar a unidade da classe trabalhadora do campo e da cidade. São homens e mulheres que fortalecem as ações de solidariedade no seu entorno, nesse momento em que a fome arrebata milhares de famílias.

Durante o evento os participantes se apresentaram e socializaram aquilo que lhes marcou no ano de 2021. Segundo a organização, os depoimentos foram fortes e comoventes, trouxeram falas de angústia, sofrimento, mas também de esperança e de capacidade organizativa. 

Ronaldo Schaeffer, da União de Vilas, da Grande Cruzeiro, em sua fala ressaltou as diferentes origens e experiências das organizações e entidades presentes. No entanto, para ele o mais importante é que todos e todas fazem parte da classe trabalhadora. 

Isabel Klaen, liderança na Comunidade Santo Antônio, da Lomba do Pinheiro, destacou a importância de se reunir com essas pessoas, pois foram elas as mais prejudicadas nessa pandemia. Foto: Carolina Lima

Isabel Adriana klaen, liderança na Comunidade Santo Antônio, da Lomba do Pinheiro, destacou a importância de se reunir com essas pessoas, pois foram elas as mais prejudicadas nessa pandemia. “Vimos que nesse encontro essas frentes que ali estavam, vem para fazer a diferença e fazem um contraponto ao governo. Mostrando que sim, se pode fazer quando se tem vontade, quando se tem uma organização, quando se tem pessoas que querem fazer a diferença dentro dessas comunidades que são tão esquecidas pela gestão pública”, ressalta. 

Ela ainda comentou o que percebeu em vários relatos dos companheiros e companheiras de outras comunidades. “Notamos que era ali era um lugar onde podíamos contar uns com os outros através das nossas experiências. Isso enriqueceu o nosso conhecimento, o nosso trabalho dentro da comunidade”, assinalou a líder. No entanto, o que mais marcou para Isabel, foi a presença e a força das mulheres que ali se fizeram presentes. “Nós, mulheres e mães, temos uma visão, uma resistência que é coisa de Deus. Em alguns relatos eu sentia a dor da outra companheira, que era uma dor pessoal, mas que ela não podia desistir porque outras pessoas dependem dela”, pontua. 

A continuidade das atividades foi denominada Esperançar, onde as lideranças debateram em grupos sobre quais ações estão sendo organizadas para o Natal de 2021 e quais são as perspectivas para 2022. “A ideia é que aqui na região Metropolitana de Porto Alegre vamos fazer uma doação de aproximadamente 40 toneladas de alimentos que serão destinados à cozinhas comunitárias, associações, creches e escolas”, assinala Gerônimo da Silva.

Lideranças comunitárias da periferia de Porto Alegre participam de encontro organizado pelo MST RS. Foto: Carolina Lima

O MST juntamente com esses parceiros vem fazendo um esforço para que nesse Natal Sem Fome haja comida na mesa de muitas famílias da periferia, mesmo sabendo que independente da quantia a ser doada de alimentos, não será resolvido o problema da fome na região Metropolitana, nem no estado gaúcho. Por isso, no encontro, além da organização das doações de alimentos para o Natal Sem Fome, também foram projetadas ações para 2022.

Foi observado a importância de dar seguimento às ações de solidariedade entre os trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade. “Continuaremos com essas doações grandiosas e comunitárias. Queremos fortalecer a organização coletiva, pois nos dá perspectiva e esperança quando vemos o povo lutando pelo povo e se ajudando” afirmou Silva.

Para além disso, ficou definido, a realização de formação para as lideranças comunitárias entre outras atividades como de oficinas práticas, desde o processamento de alimentos, até a construção de hortas comunitárias. No encerramento da atividade, foi realizado o plantio de uma árvore, que representou a consolidação dos compromissos determinados na reunião em relação às ações de 2022.

*Editado por Solange Engelmann