Conquista

MST conquista mais um assentamento no Ceará

Famílias acampadas conquistam área após 12 anos de resistência
Ato aconteceu no lugar onde as famílias construirão as moradias. Foto: Aline Oliveira.

Por Aline Oliveira
Da Página do MST

Em 29 de setembro de 2009, dezenas de famílias Sem Terra rompiam mais um latifúndio improdutivo no Ceará, a fazenda Montes Claros, localizada no município de Uruburetama, a 130 quilômetros de Fortaleza.

Na manhã desta terça-feira (21), as famílias do Acampamento Nova Esperança comemoraram a conquista da área de 213 hectares, após 12 anos de luta. O novo Assentamento receberá o nome de Nova Esperança, assim como o acampamento.

O ato político e de imissão de posse teve início às 10 horas da manhã no local onde será a moradia das famílias e contou com a presença de representantes de assentamentos vizinhos, representantes da Prefeitura Municipal de Uruburetama, da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA), do Instituto de Desenvolvimento Agrário do Ceará (IDACE), Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Uruburetama, militantes e dirigentes do MST. Além de falas e intervenções, a atividade contou com música ao vivo e com almoço coletivo oferecido pelas famílias.

Sumara Kelvia Aires, assentada no Assentamento Nova Esperança relembra das primeiras vezes que participou da luta e relata o sentimento da conquista da terra. “Muitos não acreditavam que esse dia chegaria, hoje estamos muito felizes por essa tão importante conquista, eu sou muito grata a cada um e cada uma que contribuiu, especialmente à militância do MST, a luta valeu a pena, e hoje estamos comemorando, mas não vamos parar por aqui, muitas conquistas ainda virão, seguiremos nos organizando e lutando lado a lado”.

Famílias recebem a imissão de posse do Assentamento Nova Esperança. Foto: Aline Oliveira.

Jaime Sousa, dirigente estadual do MST destaca que “a luta não para. Já foram 12 anos, agora será por outras políticas públicas, por crédito, por estruturas hídricas, por estradas, incentivo à produção e tantas outras demandas. Continuaremos juntos nas trincheiras de luta, na resistência, e no enfrentamento para que possamos proporcionar vida digna para toda família assentada, esse ano foi um ano difícil, de muitas perdas, mas as nossas conquistas sempre vêm pra nos mostrar que a luta valeu e sempre valerá a pena”, finaliza.

Jorge Pinto, assessor da Superintendência do Instituto do Desenvolvimento Agrário do Ceará (IDACE) afirma o compromisso da instituição para com as famílias assentadas. “É muito importante celebrar essa data, foram 12 anos de luta, nós queremos estar sempre juntos com vocês e ajudar no que for possível, quero aqui trazer a fala do poeta, profeta, amigo da Reforma Agrária, Dom Pedro Casaldáliga, em que ele diz ‘Só haverá paz quando houver socialização da terra no campo e na cidade, socialização da saúde, da ciência, da educação’, estas são palavras que a gente precisa vivenciar na prática, no nosso dia a dia, como nos ensinou Casaldáliga”.

O assentamento das famílias acontece através da LEI Nº 17.533, de 22 de junho de 2021, regularização fundiária, intitulada Lei Wilson Brandão, que possibilita ao Governo do Estado do Ceará, através do Instituto de Desenvolvimento Agrária (IDACE), adquirir terras para fins de Reforma Agrária.

*Editado por Maria Silva