Mulheres em Luta

Solidariedade e protesto irão marcar Jornada de Lutas das mulheres Sem Terra do PR

Primeira ação será nesta quinta-feira (3), em Palmas, sudoeste do estado. As iniciativas fazem parte das mobilizações nacionais em torno do Dia Internacional da Mulher, o 8 de Março.

Partilha de alimentos em Rio Bonito do Iguaçu, em 2020. Foto: Wellington Lenon

Por Ednubia Ghisi 
Da Página do MST

As mobilizações em torno do Dia Internacional da Mulher, o 8 de Março, vão marcar as primeiras lutas nacionais de 2022 contra a crise econômica e humanitária pela qual o Brasil atravessa. Protestos estão sendo organizados em todas as regiões do país. 

Com ações mobilizadas por acampamentos, assentamentos e escolas do MST, a Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Sem Terra deste ano trará o tema “Terra, trabalho, direito de existir: mulheres em luta não vão sucumbir”. Centenas de ações estão sendo preparadas para ocorrer entre os dias 7 e 14/03. 

No Paraná, a partilha de alimentos, materiais de higiene, marmitas e a doação de sangue e mutirões de plantio em lavouras comunitárias estão entre as principais atividades previstas.

Preparativos para a doação de alimentos em Palmas, sudoeste do estado. Foto: Arquivo MST-PR 

A primeira doação da Jornada será nesta quinta-feira (3), em Palmas, sudoeste do Paraná. Serão partilhadas 80 cestas de alimentos para as famílias da comunidade urbana Marielle Franco. Além de alimentos da Reforma Agrária, as cestas terão sabão feito pelo Coletivo de Mulheres Ana Primavesi, formado por mulheres do MST da região. 

Na Lapa, as lavouras coletivas do assentamento Contestado irão receber mutirões para o plantio de 40 mil mudas de legumes e verduras, nos dias 5 e 12. A produção comunitária será destinada à continuidade da ação Marmitas da Terra, que entrega 1.100 refeições a pessoas em situação de rua e famílias carentes, toda quarta-feira, em Curitiba. Parte dos alimentos também serão doados durante a Jornada de Agroecologia, prevista para ocorrer em junho deste ano.

Mulheres de assentamentos e acampamentos do Norte do Paraná também preparam a doação de 200 kits de alimentos, panificados, artesanatos e absorventes em Londrina. Batizado de “Kit Wal”, as doações vão homenagear a líder comunitária Wal Dias, que faleceu há dois meses. Os itens vão chegar a mulheres do bairro São Jorge, onde a liderança comunitária morava.

Doação de sangue no Hemepar, em Curitiba, ao longo de 2021. Foto: Arquivo MST-PR  
Plantio de árvores ao longo de 2021. Foto: Arquivo MST-PR 

No dia 14, plantios de árvores vão homenagear Marielle Franco, assassinada nesta data, há 4 anos. As iniciativas também denunciam a impunidade dos autores e mandantes do crime. Além das atividades feitas em diálogo com a cidade, as comunidades da Reforma Agrária também farão formações e ações internas, com homens e mulheres. 

Priscila Facina Monnerat, coordenadora do Coletivo de Mulheres do MST Paraná, enfatiza a importância da realização de mobilizações pelos direitos das mulheres e contra todas as formas de violência. “Lutamos por terra, defendemos nosso território de vida, os bens comuns. Queremos pão, trabalho, igualdade, justiça social e condições dignas de vida para todas e todos, em um mundo sem os diversos tipos de violências estruturais que se expressam de diversas formas, como através do racismo e do machismo”.

Mobilizações vão ocorrer em diversas cidades do estado, em todas as regiões. Fotos: Juliana Barbosa/MST-PR
“Marcha dos ossos” realizada por mulheres no Centro de Curitiba, em 2021, em protesto contra a fome. Foto: Juliana Barbosa / MST-PR 

Despejo zero 

A luta contra os despejos está entre as principais bandeiras da Jornada deste ano. Apesar do contexto de crise humanitária, a lei que proíbe despejos e reintegrações de posse contra famílias vulneráveis deixará de valer a partir do dia 31 de março. A legislação foi criada no início da pandemia para proteger famílias em situação de vulnerabilidade. 

Em todo o Paraná, mais de 70 comunidades do MST ainda lutam pela efetivação da reforma agrária. Em âmbito nacional, são cerca de 200 acampamentos com ameaça direta de despejo, cerca de 20 mil crianças de até 12 anos vivem nestas comunidades. 

O número de ocupações urbanas cresceu em todo o país desde o início da pandemia da Covid-19, reflexo da crise econômica e humanitária pela qual o país atravessa. Neste período, mais de 23 mil famílias foram expulsas de suas casas e outras 123 mil estão sob risco de despejo nos próximos meses, de acordo com balanço divulgado pela Campanha Nacional Despejo Zero, que avaliou dados de março de 2020 a outubro de 2021. Os números significam elevação de 554% no número de famílias ameaçadas de ir parar nas ruas. 

Foto: Julio Cesar
Foto : Indianara Maia. 

Registros da Vigília Resistência Camponesa, realizada em Cascavel de dezembro de 2019 a março de 2020 para denunciar as ameaças de despejo a três comunidades da cidade.

Veja as ações previstas em cada região do Paraná: 

SUDOESTE

– 03/03, Palmas: ação de solidariedade com doação de 80 cestas de alimentos na comunidade Marielle Franco. Além de alimentos da Reforma Agrária, as cestas terão sabão feito pelo Coletivo de Mulheres Ana Primavesi, formado por mulheres do MST da região.

– De 10 e 14 de março, em Pato Branco: doação de sangue no Hemocentro. 

SUL 

– 05/03, Lapa: Grande mutirão de plantio de 40 mil mudas de legumes e verduras no Assentamento Contestado, para doação na Jornada de Agroecologia e Marmitas da Terra. 

– De 7 a 11/03, Curitiba: Doação de sangue Hemepar (meta de 25 doações).  

– 08/03, às 18h, Curitiba: Marcha “Pela vida das mulheres, Bolsonaro nunca mais!”. 

– 08/03, Ponta Grossa: Doação de absorvente, em conjunto com organizações urbanas. 

– 09/03, das 8h às 13h: Produção e distribuição das Marmitas da Terra para pessoas em situação de rua e moradoras de ocupações.

– 12/03, Lapa: Mutirão de plantio e manejo em lavouras comunitárias do assentamento Contestado, com plantio de árvore em memória de Marielle Franco.

NORTE

– 08/03, Londrina: Doação de sangue no Hemocentro (meta de 40 doações) e partilha de 200 kits de alimentos no Bairro São Jorge, com bolo, artesanato e pacote de absorvente. 

– 10/03, Londrina: Doação de sangue no Hemocentro de Londrina (meta de 32 doações). 

– 14/03: Plantio de jardins, ruas, praças, em memória aos 4 anos da morte de Marielle Franco, 2 meses sem Wal Dias, e 1 mês sem a Sandra Nishimira. 

OESTE 

– 08/03, Cascavel: roda de conversa com o tema “O que é ser mulher nos dias de hoje”, com participação de mulheres do MST, grupos urbanos e outros movimentos sociais. 

– 08/03, Foz do Iguaçu: Doação de sangue no Hemocentro e participação na Marcha “Pela Vida das Mulheres: Bolsonaro Nunca Mais”, com concentração às 17h no Bosque Chico Mendes (TTU). 

– 15/03, Cascavel: painel “Políticas Públicas desenvolvidas para as mulheres”, com a vereadora professora Lilian Porto.

CENTRO 

– 08/03, Laranjeiras do Sul: Doação de alimentos, panificados e materiais de higiene para famílias em situação de vulnerabilidade. Os panificados serão produzidos pelas mulheres assentadas e acampadas na região. A atividade será em conjunto com as professoras da Universidade Fronteira Sul, do Partido dos Trabalhadores (PT) e da APP-Sindicato (Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná).  

CENTRO-OESTE 

– 08/03, Guarapuava: Doação de sangue no Hemocentro, com partilha de mudas de plantas medicinais e árvores com as mulheres presentes.

– 08/03, Guarapuava: Entrega de um abaixo-assinado das mulheres urbanas e rurais reivindicando melhorias na saúde, na agricultura e outras demandas das mulheres.

– 14/03: Plantio de árvore em memória a Marielle nos assentamentos e acampamentos da região.

*Editado por Fernanda Alcântara