Reforma Agrária Popular

Famílias Sem Terra produzem alimentos Agroecológicos em Ruy Barbosa/BA

Após sofrerem agressões, ameaças e tentativa de criminalização, famílias Sem Terra resistem e produzem alimentos agroecológicos em Ruy Barbosa, na Bahia
Acampamento Antônio Queiroz, em Ruy Costa na BA. Foto: Coletivo de comunicação do MST na Bahia

Por Romilson Joaquim, do coletivo de comunicação do MST na Bahia
Da Página do MST

Milho, feijão de corda, quiabo, abóbora e melancia são alguns dos diversos alimentos cultivados no acampamento Antônio Queiroz, na regional Chapada do MST na Bahia, terra anteriormente improdutiva e que agora é espaço de produção para famílias que antes não tinham onde cultivar o alimento.

Ocupada há cerca de seis meses, em 23 de outubro de 2021, as famílias passaram por momentos de tensão, mesmo sendo em uma terra pertencente à Igreja Católica. Em menos de 6 dias de acampados, homens armados invadiram o acampamento e agrediram as pessoas presentes, e ao tentarem registrar um boletim de ocorrência, as famílias não foram bem recebidas na delegacia só pelo fato de serem pessoas acampadas que estavam lutando para conseguirem a terra e assim poder cultivar o pão.

Fotos: Coletivo de comunicação do MST na Bahia

Poucos dias após a agressão sofrida, o prefeito do município, pressionado por fazendeiros que temem o MST, foi até uma rádio local e afirmou que ele e o município não iriam apoiar um ‘movimento de invasão’. Mesmo com a tentativa de criminalização, as famílias permaneceram na terra e agora estão cultivando alimentos para venderem nas feiras livres de Ruy Barbosa e de Itaberaba.

O acampamento surgiu em um momento de crise política e de pandemia, momento em que o gás de cozinha e os preços dos alimentos subiram e o governo Bolsonaro se negou a liberar auxílio emergencial para a agricultura familiar. As famílias ficaram sem condições de sobreviver e devido a isso o MST tomou a iniciativa de realizar ocupações de terras para os agricultores garantirem seu alimento e também produzir comida saudável na mesa da população da cidade.

“A ocupação se deu devido crise política na sociedade, diante desse governo bolsonarista que está implantado no Brasil, que tirou da pauta a reforma agrária, que não está investindo nos assentamentos de reforma agrária, mas também não quer assentar as famílias que estão sofrendo debaixo da lona, acampados há muito tempo” afirma Abraão Brito, da coordenação estadual do MST na Chapada Diamantina/BA. E completa: “Devido essa crise, a falta de emprego na região e as dificuldades que as famílias vinham tendo para colocar a comida na mesa, o MST organizou essas famílias ocupando essa terra improdutiva, terra que vinha sendo alugada para botar boi de fazendeiro na região, e onde hoje o MST produz alimentos saudáveis”.

*Editado por Fernanda Alcântara