Reforma Agrária Popular

Assentamento do MST recebe Lula neste sábado (19), em Londrina-PR

Encontro pretende reunir 10 mil pessoas, com homenagem a militantes da Vigília Lula Livre, arrecadação de alimentos para doação
A comunidade Eli Vive fica no distrito de Lerroville, em Londrina, norte do Paraná – Foto: Wellington Lenon / MST-PR  

Por Comunicação do MST no Paraná
Da Página do MST

No próximo sábado (19), o MST do Paraná viverá um momento histórico. O presidente Lula visitará o assentamento Eli Vive, em Londrina (PR), maior área de Reforma Agrária em região metropolitana do Brasil. Batizada de “Jornada de Solidariedade: Rumo aos Comitês Populares”, a atividade vai reunir cerca de 10 mil pessoas, a maioria vindas de comunidades do MST de todas as regiões do estado. 

O encontro vai expressar a solidariedade como ferramenta de resistência e os Comitês como caminho para fortalecer a organização popular no campo e na cidade, para superar o fascismo e eleger Lula presidente. 

Está confirmada a participação da presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores e deputada federal pelo Paraná, Gleisi Hoffmann, de Roberto Requião, ex-senador que irá se filiar ao PT nesta sexta-feira, e dos dirigentes nacionais do MST, João Pedro Stédile e João Paulo Rodrigues.  

Será o primeiro encontro presencial massivo do MST no PR, após quase dois anos desde o início da pandemia da Covid-19. O ato também irá marcar o reencontro do maior líder popular do Brasil com militantes que fizeram parte da Vigília Lula Livre durante os 580 dias de prisão injusta em Curitiba. Pelo menos 3 mil militantes do Movimento, de todas as regiões do estado, participaram da Vigília. 

“Acolheremos Lula com todo o vigor humano que a Reforma Agrária construiu nestes últimos 40 anos, e com o mesmo vigor da resistência da Vigília Lula Livre, nos 580 dias de batalha em Curitiba”, enfatiza Roberto Baggio, da direção nacional do MST e integrante da coordenação da Vigília.

O ato fará o lançamento nacional dos comitês de base dos movimentos, que tem como objetivo avançar na organização dos trabalhadores e fazer o debate sobre um projeto popular para Brasil com a população nos bairros, nos locais e de estudo, igrejas e espaços culturais.   

Preparativo para doação de alimentos. Foto: Wellington Lenon / MST no PR  

Sandra Ferrer, assentada no Eli Vive e integrante da direção estadual do MST, conta que a comunidade e todo o MST do Paraná estão mobilizados para garantir a realização de uma bela atividade. 

“Nós estamos muito felizes, radiantes. Queremos mostrar pro presidente Lula toda a nossa luta de anos, e que a reforma agrária é possível. Com a conquista da terra, que tem como trabalhar com a agroecologia, produção de comida para o povo, saúde, educação, cuidar da natureza”. E resume: “Não vemos a hora que chegue sábado para receber o nosso camarada Luiz Inácio Lula da Silva”. 

A ação é restrita a pessoas convidadas, realizada em local aberto, com orientação para uso de máscara e de álcool em gel. A previsão é de início às 10h e término às 15h. 

Solidariedade e organização popular 

Cada participante da atividade está convidado a se somar à arrecadação de alimentos que serão partilhados em bairros periféricos de Londrina. A expectativa é reunir cerca de 60 toneladas de legumes, grãos, panificados, frutas e lácteos produzidos pelas famílias Sem Terra. A partilha das cestas será entre os dias 20 e 21 de março. 

A doação integra a campanha permanente do MST desde o início da pandemia, que tem levado alimentos a quem enfrenta fome neste período de crise economia e social. No Paraná, cerca de 900 toneladas de alimentos e mais de 100 mil Marmitas da Terra já foram partilhadas. O assentamento Eli Vive participa ativamente das mobilizações de solidariedade

A atividade deste sábado também marcará o lançamento dos Comitês Populares, ferramentas de organização da campanha pela eleição de Lula e também para o fortalecimento da participação popular na democracia. A estimativa é criar 5 mil Comitês em todo estado. 

Para Roberto Baggio, a eleição de Lula será a chance de o Brasil retomar um projeto de soberania nacional e superação das desigualdades: “Esse encontro será uma oportunidade única, para empoderá-lo, carregá-lo de energias da vida, para ele cumprir as tarefas desse tempo histórico, de derrotar o projeto nazifascita das elites, recuperar a democracia participativa e reconstruir o Brasil através dos Comitês Populares”. 

Produção de alimentos, educação e futebol 

O assentamento Eli Vive completou 13 anos no dia 19 de fevereiro, criado pelo então presidente Lula em 2009. Localizado no distrito de Lerroville, a comunidade tem 7.500 hectares, 501 famílias assentadas, em torno de 3 mil moradores. 

Mais de 400 crianças e adolescentes estudam em duas escolas municipais e uma estadual do assentamento. Há cerca de 40 linhas escolares dentro da comunidade, que percorrem 109 quilômetros de estradas de terra do assentamento. 

Os camponeses e camponesas têm grande produção de alimentos, entre leite, café, hortaliças, panificados e grãos em geral. Parte dos lotes já conquistaram certificação de produção orgânica e agroecológica, projeto em crescimento dentro da comunidade. 

A comunidade participa ativamente das ações de solidariedade, que já partilharam mais de 900 toneladas de alimentos em todo o estado, desde o início da pandemia. Fotos: Wellington Lenon / MST no PR  

A Cooperativa Agroindustrial de Produção e Comercialização Conquista (Copacon), criada pelas famílias assentadas, entrega 10 toneladas por semana de alimentos por semana ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), chegando a mais de 100 escolas de Londrina e região. Uma padaria comunitária, coordenada por mulheres assentadas, também produz panificados para entregar por meio do PNAE. 

Na última safra, a cooperativa comercializou 15 mil sacas de milho, 10 mil soja e 10 mil sacas de feijão preto e carioquinha. Outras 15 toneladas de alimentos são entregues na Central de Abastecimento (Ceasa) toda semana, além da comercialização de 80 mil litros de leite por mês. Uma agroindústria está sendo construída para beneficiamento do milho crioulo, e produção de fubá, quirerinha e ração, além do empacotamento do feijão.  

O assentamento tem um mercado e uma agropecuária na sede da comunidade, além de uma Associação de Mulheres e times de futebol feminino e masculino. O coletivo de saúde garante a implantação de hortas medicinais em cada lote.

As famílias têm grande preocupação em avançar na preservação e reflorestamento da área, e são guardiãs de mais de 100 minas d’água. Já foram plantadas mais de 10 mil árvores frutíferas, e em abril, cerca de 40 mil mudas serão plantadas como parte do Plano Nacional Plantar Árvores e Produzir Alimentos Saudáveis. 

Em abril terá início um curso de música para a criação de uma orquestra do assentamento, com 100 adolescentes e jovens matriculados. 

Registro da festa de comemoração dos 15 anos do assentamento, em 2020. Foto: Wellington Lenon / MST-PR  

*Editado por Fernanda Alcântara