Mulheres em Luta
Marcha, doação de sangue e de alimentos marcaram a Jornada das Mulheres Sem Terra do PR
Por Bárbara Zem
Da Página do MST
Terra, Trabalho, Direito de existir: Mulheres em luta não vão sucumbir, este foi o lema da Jornada Nacional das Mulheres Sem Terra do ano de 2022. As ações aconteceram em todo o Estado dos dias 7 a 14 de março, sendo que no dia 8 foram realizadas diversas mobilizações pelo Dia Internacional das Mulheres.
“MST é vida nova, é tudo o que a gente procurava e que a gente encontrou. É vida, é solidariedade, é compromisso, companheirismo, é tudo que a gente pode imaginar de uma vida nova”, afirma Rosilda, do assentamento Dorcelina Folador, de Arapongas, norte do PR.
Essa semana tem como objetivo aprofundar diversos temas pelos quais as mulheres lutam diariamente, sobre como podem ser construídas as relações de gênero mais igualitárias, o combate a violência e quais os meios para denunciá-la, como nos posicionar contra o racismo, patriarcado e o machismo. Entender o porquê da nossa luta nunca acabar, e entender que vamos deixar um legado para todas as mulheres que vierem depois que nós formos embora.
“Precisamos mudar as relações próximas da gente, mas também as relações maiores. Já tivemos conquistas pelas lutas que as mulheres vêm fazendo no movimento, e nas lutas gerais das mulheres na sociedade brasileira”, diz Izabel Grein, da direção estadual do MST-PR.
Confira um resumo das ações em todo o Paraná
A marcha do dia 8 de março em Curitiba contou com a participação de mulheres indígenas, ciganas, professoras, estudantes, ativistas, integrantes do Movimento Sem Terra, além de diversas pessoas que apoiam as lutas contra a fome, violência, racismo, patriarcado e machismo, e do direito à terra e moradia (despejo zero) e a igualdade de gênero.
Em Cascavel, região oeste do Estado, no campus da Unioeste aconteceu a atividade “Mulher, solta a tua voz” que contou com a presença de uma grande diversidade de mulheres, do campo, da cidade e da universidade. Cada segmento relatou um pouco sobre suas vivências.
Entre as pautas da marcha a luta pela terra, pelo território, a defesa dos povos do campo e das florestas, o combate ao racismo e a violência estrutural que se manifesta de diversas formas: na fome, no desemprego, nos despejos. Uma das palavras de ordem que marcaram a marcha foi a do despejo zero, uma luta contra o despejo de milhares de famílias tanto no campo quanto na cidade que vem acontecendo desde o início da pandemia.
Outro fato que marcou a semana da Jornada de Luta das Mulheres Sem Terra foram os 4 anos da morte de Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), e seu motorista Anderson Gomes. São 4 anos de impunidade, de incerteza e nenhuma conclusão sobre o caso e quem foi o mandante. Marielle e Anderson sempre presentes!
Houve plantio de 40 mil mudas de legumes e verduras no assentamento Contestado, na Lapa. Os alimentos colhidos são destinados às Marmitas da Terra, que toda semana entrega 1.500 refeições às pessoas em situação de rua e comunidades carentes.
“Para quem está no campo, a mudança no jeito de produzir na terra é fundamental. Para quem está no assentamento, a mudança para a agroecologia é libertadora da mulher e da família. A agroecologia trabalha as mudanças com relação à terra, tratando a terra como um ser vivo”, Izabel Grein, da direção estadual do MST – PR.
No assentamento Eli Vive, em Londrina, houve a inauguração do mercado Campo Vivo, que oferece produtos alimentícios, higiene e limpeza que vão atender as demandas das famílias assentadas.
Inauguração Mercado Campo Vivo e celebração de 13 anos de lutas e conquistas. Fotos: Franciana Pontes/ Sandra Ferrer
Ainda no assentamento Eli Vive, foi realizada uma palestra sobre Saúde e Direitos da Mulher pela enfermeira Gisele Aparecida Plath, que falou sobre como o processo de formação é importante, para assim entendermos quais são os nossos direitos.
Gisele contextualizou o papel da mulher na sociedade ao longo da história, o direito ao voto, a lei Maria da Penha, e as injustiças que precisam ser superadas como a violência contra as mulheres. No final ela distribuiu um kit com bombons, perfume e batom para cada participante, e também aproveitaram um café da tarde com alimentos e sucos preparados pelas mulheres.
Mulheres Sem Terra do acampamento Padre Josimo de Cruzeiro do Sul e do assentamento Santa Maria de Paranacity realizaram uma ação solidária que contou com a doação de 150 kg de alimentos e produtos de higiene para a Casa Lar, entidade que assiste parte das crianças do município de Paranacity. Para completar o dia, árvores foram plantadas no pátio com o objetivo de embelezamento e amenização do microclima do espaço.
Mulheres de acampamentos e assentamentos do MST partilharam 160 cestas com mulheres em situação de vulnerabilidade de Laranjeiras do Sul-PR. As cestas eram compostas de pães, bolachas, materiais de higiene pessoal e alguns alimentos in natura.
Os panificados foram produzidos nas agroindústrias 8 de Junho, em Coperjunho e Recanto da Natureza, de Laranjeiras do Sul, e os demais ingredientes foram doados por mulheres dos assentamentos 8 de Junho, Marcos Freitas, e dos acampamentos Recanto da Natureza, Antônio Conrado, Porto Pinheiros e Herdeiros da Terra. Além das professoras da APP Sindicato, e o Coletivo de Mulheres do PT de Laranjeiras do Sul.
Outra ação organizada para a Jornada foi a doação de sangue, que com grande sucesso foi realizada por todo o Estado do Paraná. Essa ação se tornou ainda maior com a divulgação pelas redes sociais, aumentando o estoque de sangue de cada região e fazendo mais pessoas doarem sangue. Quem doa sangue ajuda a salvar vidas.
Mais uma ação de solidariedade e doação de sangue foi realizada por mulheres, desta vez das acampadas do acampamento Sebastião Camargo, localizado em São Miguel do Iguaçu e Chico Mendes, em Matelândia.
Do assentamento Milton Santos, município de Planaltina do Paraná, na região noroeste do Estado, mulheres em ato de solidariedade realizaram doação de sangue na Regional de Paranavaí.
Em Londrina, no Norte do Paraná, 80 mulheres das Brigadas Eli Vive, Maila Sabrina e Dorcelina Folador se organizaram para fazer doação de sangue, esse gesto é uma simbologia que se contrapõe a essas violências, dando oportunidade se outras vidas continuarem.
Além dessas ações que só fortalecem a luta, não podemos esquecer que cada um faz a diferença dentro de cada espaço que ocupa, a luta não deve parar, precisamos correr atrás de tudo que nos foi tirado, e lembrar que juntos conseguimos ir mais longe.
*Editado por Fernanda Alcântara