Diversidade

Dicionário de Agroecologia e Educação é pré-lançado para Coletivo LGBT do MST

“O dicionário não é só fruto da academia, mas sim do povo”, explica uma das organizadoras
Obra foi construída com a participação de Movimentos e Organizações populares do campo e da cidade. Foto: Nicolas Gandhi

Por Wesley Lima
Da Página do MST

Construído por várias mãos e com a participação de Movimentos e Organizações populares do campo e da cidade, o Dicionário de Agroecologia e Educação foi pré-lançado na Reunião do Coletivo Nacional LGBT Sem Terra, no Centro de Formação Frei Humberto, em Fortaleza (CE), na tarde desta sexta-feira (18/3).

O dicionário é uma publicação da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV-Fiocruz), em parceria com o MST e a Editora Expressão Popular. A obra reúne 106 verbetes, elaborados por 169 autores de diversas instituições – universidades públicas, institutos federais de educação, movimentos populares, institutos de pesquisa. E conta com representação de autores da Argentina, Guatemala e México, ao lado de pesquisadores e educadores brasileiros.

A produção coletiva é organizada por Alexandre Pessoa Dias e Anakeila Stauffer, da Fiocruz, e Luiz Henrique Gomes de Moura e Maria Cristina Vargas, ambos do MST.

O pré-lançamento do dicionário foi marcado pela memória de Marielle Franco, denunciando a sua morte e semeando o seu legado na construção das lutas contra o capitalismo, patriarcado e o racismo. Além disso, poesias, músicas e o compartilhamento de sementes marcou a abertura do momento.

Anakeila, durante a atividade, fala da alegria que é a construção da publicação e o seu lançamento para o Coletivo LGBT do MST. “É com muita felicidade que a gente trás esse trabalho. Ele é uma arma do conhecimento, envolvendo um conjunto de saberes para além da academia”. Ela explica que para construção do dicionário foi realizada uma consulta sobre os verbetes e uma oficina em 2018 para estabelecer os eixos que estruturam a publicação. Os eixos são as orientações metodológicas.

Anakeila Stauffer, da Fiocruz. Foto: Nicolas Gandhi

Sobre a agroecologia, que está na centralidade do material, a organizadora afirma “que é um dos pilares que sustentam a revolução” e completa: “é importante saber que isso [o dicionário] não é só fruto da academia, mas sim do povo. Buscando a emancipação da classe trabalhadora”.

Diversidade sexual e de gênero no dicionário

Na página 315 do material, o tema da agroecologia se conecta ao debate da diversidade sexual e de gênero. Alessandro Mariano, da direção nacional do MST, aponta que a inserção do debate do Coletivo LGBT como um verbete no dicionário é uma conquista importante.

“Pela primeira vez aparece o verbete ‘diversidade sexual e de gênero’ em uma publicação com este formato e conteúdo que se propõe o dicionário. Isso quer dizer que a nossa organização no coletivo LGBT tem gerado frutos, no ponto de vista da concepção de campo e sobre o processo produtivo, como um espaço de produção e reprodução da vida”, explica o dirigente.


Para ele, a inserção do verbete tem um papel simbólico e concreto, pois possibilita a ampliação dessa discussão com o conjunto de movimentos, organizações, educadores, educadoras e leitores que terão acesso ao material.

Lançamento

A proposta inicial é que o lançamento oficial do dicionário aconteça no dia 12 de abril e que a Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (JURA) 2022, seja um espaço de propaganda e difusão do dicionário e do seu conteúdo.

*Editado por Solange Engelmann