Igualdade Racial

7 Lutadoras(es) que fizeram história na luta contra o racismo

Neste Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial, conheça 7 histórias de pessoas que lutaram contra o racismo no mundo
Acampamento Marielle Vive! realiza ato ecumênico em homenagem a Luis Ferreira
Foto: Filipe Peres

Da Página do MST

Sobre pedras nascem flores forjadas na luta, e em um sistema estruturalmente racista, é possível ver na história de lutadores e lutadoras em busca da construção de uma sociedade que supere as bases da produção capitalista. Seus feitos renderam frutos e hoje são referência em diversas áreas, inspirando a resistência e o esperançar.

Em 21 de março de 1960, na cidade de Johanesburgo, África do Sul, cerca de 20 mil negras e negros lutavam contra a Lei do Passe, que obrigava a população negra a usar cartões de identificação sobre locais onde poderiam transitar na cidade. A repressão pelas tropas militares do regime apartheid resultou na morte de 69 pessoas e mais de uma centena de feridos. O episódio tornou-se um marco mundial de resistência e luta pelo fim da discriminação racial e pela dignidade do povo negro, sendo posteriormente reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) como Dia de Luta pela Eliminação do Racismo.

Por isso, neste 21 de março, relembramos estas histórias como forma de reflexão diante da resistência do povo negro e lutador, em uma sociedade constituída por um sistema econômico político e social colonialista, com a escravização de um povo inteiro.

Confira:

1. Patrice Lumumba

Arte/Imagem: Deutsche Welle (DW)

Lumumba foi um líder do movimento de independência do Congo e importante marco contra o colonialismo no continente africano. Conhecido como herói no continente africano, Lumumba fez do combate ao colonialismo um objetivo de vida. Fundador do Movimento Nacional Congolês (MNC), ele foi a principal liderança na luta contra a dominação colonial belga no Congo, tendo participação decisiva na libertação de seu país. Com sua base marxista, defendia que a vasta riqueza mineral do Congo beneficiasse o povo e não os interesses empresariais estrangeiros.

Aos 35 anos, se tornou o primeiro primeiro ministro do recém-independente Congo. Sete meses após ser deposto por um golpe de Estado, foi assassinado, em 17 de janeiro de 1961.

Conheça mais sobre a história de luta e resistência de Lumumba nesta homenagem.

2. Lélia Gonzales

Lélia Gonzalez no Rio de Janeiro (1980). Foto: Januário Garcia

Independente, revolucionária e feminista negra, Lélia d’Almeida Gonzalez foi antropóloga, filósofa e intelectual segue sendo referência até hoje pela crítica que evidenciou de que as mulheres negras tinham uma posição estratégica, tanto no movimento negro, quanto no feminista na sociedade brasileira. Por meio da psicanálise, do Candomblé e do contato com a cultura brasileira, Lélia assumiu sua condição de mulher negra. Em sua militância, trouxe reflexões sobre a realidade das mulheres, principalmente negras e indígenas.

Leia mais nesse texto: Intelectual e feminista: Lélia Gonzalez, a mulher que revolucionou o movimento negro

3. Luiz Gama

Poeta, jornalista, advogado e maçom, Gama ocupou um lugar incomum. Foto: Reprodução

Assim como a história de personagens e episódios do processo escravocrata brasileiro são silenciados, muitos não conhecem a história e o legado de Luiz Gama (1830 – 1882). Poeta, jornalista, advogado e maçom, Gama ocupou um lugar incomum numa época onde a desumanização dos corpos negros estava posta como uma condição. Porém, ele desempenhou um papel pioneiro em vários campos.

Entenda a importância do autor neste artigo.

4. Malcon X

Foto: Michael Ochs Archives/Getty Images

Embora tenha tido uma trajetória curta, Malcolm X tem sua história marcada pela intensa luta e organização, ocupando um lugar de destaque no panteão dos grandes heróis americanos e da luta internacional. A vida de Malcom X foi breve, mas deixou um legado sem igual para a classe trabalhadora, especialmente negra, no contexto mundial. Malcolm foi, provavelmente, a primeira grande liderança dos EUA a se posicionar publicamente contra a Guerra do Vietnã, denunciada por ele como uma guerra racista e imperialista.

Conheça outros materiais já produzidos pelo Coletivo Terra, Raça e Classe, do MST no artigo Malcom X: a visão revolucionária do antirracismo radical.

5. Carolina Maria de Jesus

Carolina de Jesus. Foto: Reprodução

Carolina Maria de Jesus foi escritora, compositora e poetisa brasileira. Embora só tenha publicado seu primeiro trabalho em 1958, o livro Quarto de Despejo: Diário de uma favelada é um dos relatos mais viscerais e fiéis sobre temas como racismo, desigualdade social e fome no Brasil. A obra virou best-seller, foi vendida em 40 países e traduzida para 16 idiomas. Carolina foi uma das primeiras escritoras negras brasileiras e é considerada uma das maiores escritoras da história do país.

Conheça mais sobre Carolina Maria de Jesus e suas obras na Expressão Popular.

6. Rosa Parks

Rosa Parks. Foto: Reprodução

Em 1 de dezembro de 1955, a ativista Rosa Parks entrava na história ao se recusar em ceder o lugar em um ônibus. Naquela época, os passageiros negros eram obrigados por lei a se levantarem caso um branco entrasse no ônibus. O ato de Rosa Parks foi o estopim para a luta antirracista nos Estados Unidos. Presa e condenada, ela virou um símbolo do movimento de luta dos direitos civis para a população afro-americana. Assim, sua coragem tornou-se um dos símbolos da luta antirracista da época e persiste até os dias de hoje.

7. Marielle Franco

Acompanhe as repercussões do assassinato de Marielle Franco
Marielle Franco. Foto: Reprodução

Marielle Franco é símbolo de luta, fé e esperançar. Defendeu em sua vida o feminismo, a luta política e contra o racismo e, de forma ampla, os direitos humanos. Em 14 de março de 2018, a socióloga e vereadora foi brutalmente assassinada a tiros junto com seu motorista, Anderson Gomes, no Estácio, região central do Rio de Janeiro. Marielle será lembrada como a militante destacada na defesa dos direitos humanos e da igualdade social, e deixa um legado de lutas em favor da classe trabalhadora. Ela também denunciava as violações por parte da segurança pública do Rio, que se agravaram ainda mais com a Intervenção Militar na cidade. 

Conheça as Jornadas de Luta e os frutos de luta de Marielle no site do MST.

*Editado por Solange Engelmann