Lutas Populares

Assembleia reúne militantes para fundação do Movimento Brasil Popular

Foi o momento de elaboração política da estratégia e táticas do novo Movimento,
Foto: Divulgação

Da Página do MST

Entre os dias 17 e 20 de março, cerca de 500 militantes de 22 estados se reuniram na Assembleia Nacional Luis Gama, em Sarzedo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (MG) para debater as lutas prioritárias da classe trabalhadora nesta conjuntura e fundar uma nova organização.

O Movimento Brasil Popular é formado por militantes saídos da Consulta Popular em dezembro de 2021. A Assembleia, além da fundação da organização, também foi o momento de elaboração política da estratégia e táticas do novo Movimento, como explica Thays Carvalho, dirigente nacional do Movimento Brasil Popular.

“Nesse momento dramático de crise política, econômica, social, ambiental e de ascensão do fascismo, o desafio é de revisitar a nossa elaboração estratégica e atualizá-la para que ela possa traduzir melhor esse desafio da construção da Revolução Brasileira”, contextualiza.

Através de uma carta política, o Movimento faz uma retomada histórica do processo que culmina na fundação e apresenta os desafios que estão colocados para a organização do Movimento e do conjunto da esquerda.

O evento contou com a participação de dirigentes de partidos de esquerda, como Walter Sorrentino (PCdoB), Gilberto Carvalho (PT), Paula Coradi (PSOL) e de movimentos populares, como Kelli Mafort (MST), Rud Rafael (MTST) e Deyvid Bacelar (FUP).

Estiveram presentes também representações da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Levante Popular da Juventude, Movimento dos Trabalhadores por Direitos (MTD), Marcha Mundial das Mulheres (MMM), Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA).

Thays Carvalho ressalta que diferencia a nova organização é a inserção da luta antirracista como estratégica para a construção de força social. “Além do compromisso com o feminismo, estamos também nos comprometendo com a luta pela igualdade étnico racial. Afirmamos a luta pelo abolicionismo radical na constituição do Projeto Popular”.

Além disso, o Movimento Brasil Popular também assume o compromisso com as lutas em torno da Soberania, Desenvolvimento, Sustentabilidade, Democracia, Solidariedade e Feminismo.

A Assembleia Luis Gama também definiu as tarefas práticas do movimento em 2022,tendo como um dos principais objetivos neste ano a eleição de Lula para a presidência, junto da criação de centenas de Comitês Populares que devem massificar a campanha presidencial. Um dos pontos centrais da tática do Movimento é a combinação das formas de luta institucional, ideológica, social e de massas, além de fortalecer a unidade entre as organizações do campo popular.

Para quem quer saber mais sobre o Movimento Brasil Popular está nas redes sociais Instagram (@movimentobrasilpopular ) e Twitter (@lutadoresdopovo).

Carta da Assembleia Nacional de Lutadores e Lutadoras do Povo – Luiz Gama

Entre os dias 17 e 20 de março, mais de 500 lutadores e lutadoras do povo brasileiro, militantes dos mais diversos movimentos populares, de juventude, do movimento negro, feminista, LGBTQIA+, camponês, sindical e por direitos sociais, estiveram reunidos em Belo Horizonte (MG), com o objetivo de debater a profunda crise pela qual passa o Brasil, mas sobretudo discutir qual organização necessária para derrotar o fascismo junto à e numa relação de complementação com as forças politicas comprometidas com a democracia, ao passo que enfrentamos os problemas concretos do povo e cultivamos a perspectiva de emancipação do povo brasileiro.

Vivenciamos um cenário internacional complexo, marcado pela ofensiva do imperialismo sobre o sul global, provocando novas guerras e ameaçando o direito dos povos à autodeterminação; por uma crise econômica internacional que tema profundado a superexploração dos trabalhadores e das trabalhadoras, a exploração desenfreada e irresponsável de bens naturais, saqueando as riquezas de países dependentes, acelerando a emergência climática e crimes ambientais por todo o mundo; e marcado também por fortes questionamentos a ordem política internacional, comandada pelos Estados Unidos da América.

Na América Latina temos presenciado a retomada de grandes mobilizações de massa, com destaque para a luta das mulheres pela descriminalização do aborto, dos povos indígenas, e pela radicalização da democracia, que foram combinadas com importantes vitórias eleitorais no Peru, Chile e Honduras, processo este que, caso as forças democráticas e populares sejam vitoriosas também na Colômbia e no Brasil, abre a possibilidade de um novo ciclo de governos progressistas no continente.

No Brasil, temos visto o aprofundamento das crises política, econômica, ecológica, sanitária e social. O governo Bolsonaro é o principal responsável pelos mais de 650 mil brasileiros e brasileiras mortos devido à pandemia da Covid-19,pelos mais de 19 milhões que passam fome e pelos mais de 14 milhões de desempregados no país.

Por isso, nossa tarefa fundamental para o próximo período é derrotar Bolsonaro e eleger Lula presidente da República.

Por essas questões, estamos afirmando que a reconstrução da Nação perpassa pela construção de um forte movimento político de massas, que eleja Lula presidente e que combine as diversas formas de luta: social, institucional e ideológica, com centralidade no fortalecimento da organização popular. Esse movimento político compreende que as transformações estruturais no Brasil serão obra de milhões de brasileiros e brasileiras que lutam. Compreende, também, a importância de alterar a correlação de forças institucional, com a eleição de parlamentares progressistas, para reverter o conjunto de medidas antidemocráticas e antipopulares implementadas a partir do Golpe parlamentar de 2016 que retirou Dilma Rousseff da Presidência da República.

Para isso, precisamos transformar a forte referência política que Lula possui no povo brasileiro em organização popular, e para essa tarefa apontamos a construção de Comitês Populares Lula Presidente, que disputem a hegemonia na sociedade através de um Projeto Nacional de Desenvolvimento que possa contribuir para a reconstrução do Brasil.

Desse modo, nossas tarefas políticas e organizativas para o próximo período são:

1. Se construir enquanto um movimento político, social e cultural, de caráter nacional e de massas;

2. Construir, em todos os territórios onde estamos inseridos, os Comitês Populares da candidatura Lula.

3. Fortalecer a unidade do campo democrático e popular, em especial nossa relação com a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o Partido dos Trabalhadores (PT).

Ao mesmo tempo, reivindicamos parte significativa da nossa trajetória política anterior, em especial nosso compromisso com a construção de um Projeto Popular para o Brasil, que contemple a diversidade do nosso povo; o compromisso com o trabalho de base e uma organização vocacionada para a luta de massas; o compromisso com a unidade das forças populares e o fortalecimento dos diversos movimentos populares do país.

Inspirados pela história de Luiz Gama e do movimento abolicionista radical brasileiro, adicionamos o compromisso com a igualdade étnico racial como um dos pilares fundamentais da construção do Projeto Popular, pois compreendemos que a luta antirracista é parte estrutural da luta da classe trabalhadora no Brasil.

Cada militante sai dessa assembleia reafirmando seu compromisso e animação com a luta popular e os grandes enfrentamentos políticos que virão este ano, tendo a certeza de que o povo brasileiro é o sujeito das grandes transformações sociais em nosso país.

A partir de hoje, nossa ferramenta organizativa será o Movimento Brasil Popular, que carrega em seu nome a expressão das lutas nacionais por libertação do povo brasileiro, ao mesmo tem poque, no ano do bicentenário da independência, apontamos que queremos um Brasil a serviço de seu povo, que realize a segunda independência e a verdadeira abolição, concretizando um projeto nacional, soberano, popular e socialista.

Pátria Livre Venceremos!

Belo Horizonte, 20 de março de 2022