Educação

No Ceará, Jornada Universitária Lança o dicionário Agroecologia e Educação

Lançamento inaugurou a programação da IX Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (JURA)
No Ceará, Jornada Universitária Lança o dicionário Agroecologia e Educação. Foto: Aline Oliveira/ MST no CE

Por Aline Oliveira
Da Página do MST

Na noite desta quarta-feira, 06, a Jornada Universitária em Defesa em Reforma Agrária do Ceará lançou o dicionário “Agroecologia e Educação”. O evento aconteceu no Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Ceará, teve início as 19:30, e contou com a presença de professores e professoras, estudantes, pesquisadores, militantes de movimentos populares e a turma do encontro “Educação e Agroecologia nas escolas do campo de territórios de Reforma Agrária”, que teve início na manhã da quarta-feira.

Reunindo 106 verbetes elaborados por 169 autores de diversas instituições, o Dicionário de Agroecologia e Educação é uma coletânea construída por pesquisadores de universidades públicas, institutos federais de educação, movimentos sociais, institutos de pesquisa – e com representação de autores do Brasil, Argentina, Guatemala e México.

No Ceará, Jornada Universitária Lança o dicionário Agroecologia e Educação. Foto: Aline Oliveira/ MST no CE

O evento que inaugura a programação da IX Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (JURA) contou com a presença das organizadoras do Dicionário Anakeila Barros e Maria Cristina Vargas, coautoras e organizadoras do dicionário, Fernando Carneiro, professor da FIOCRUZ-Ceará, André Vasconcelos do GT Política Agrária, Urbana e Ambiental da ADUFC, sob coordenação de Gema Esmeraldo do Coletivo da Jura-Ceará.

Cristina Vargas, coautora e organizadora do dicionário destaca e também do setor de Educação do MST  detaca “Nós coletivamente temos a responsabilidade de colocar em prática e usa lo como uma ferramenta de luta, esse dicionário é pautado numa responsabilidade política com a classe trabalhadora, colocar pra história o que estamos fazendo no nosso cotidiano de luta, é uma síntese coletiva das organizações envolvidas, é construído por autores que representam uma coletividade”.

Segundo Cristina, os desafios são grandes, precisamos construir um processo de compreensão sobre a soberania, “sobre a soberania alimentar, soberania hídrica, sobre a soberania energética. Precisamos construir a perspectiva disso, estabelecer e construir a possibilidade de estabelecer relações cotidianas humanas, verdadeiras, a partir do que faz a gente produzir a vida também, essa relação que o capitalismo rompeu, esse rompimento metabólico que o capitalismo impôs sobre nós seres humanos e a natureza a gente precisa recuperar”.

Cristina Vargas, do MST. Foto: Aline Oliveira/ MST no CE

“Outro desafio é a construção do conhecimento e a possibilidade de tornar pensante a nossa forma de lutar, a nossa forma de produzir, isso não é pouca coisa. É importante para nos fazer entender em que lugar que esse dicionário ele pode contribuir com a gente, não quer uma relação mecânica, a gente quer pensar sobre o nosso ato de comer, nosso ato de produzir, queremos que a cidade e o campo não precisem se tornar lugares diferentes nessa perspectiva da relação com a natureza”, completou.

“Esse livro é um instrumento de luta cotidiano, esse verbete nasce da luta dos movimentos e da sua identidade, acredito que o maior desafio pedagógico, tem agora que fazer na sequência, não pode ser um livro usado somente pelos acadêmicos, formados, mas que possa ser estudado, interpretado por diversos sujeitos, seja uma ecologia de saberes, um diálogo de conhecimento científico e popular pra gente lutar melhor pela vida”, afirma Fernando Carneiro professor da FIOCRUZ-Ceará.

Fala de Fernando Carneiro, professor da FIOCRUZ-Ceará.

A produção coletiva sobre a agroecologia é mais uma ferramenta de luta no confronto ao atual modelo de desenvolvimento capitalista no campo e na cidade, que tem produzido contradições ambientais e sociais cada vez maiores e mais profundas. O “Dicionário de Agroecologia e Educação” custa R$ 80 e pode ser adquirido no site da Expressão Popular, editora pela qual o livro foi lançado, na loja Ernesto e Rosa e Centro Frei Humberto, em Fortaleza.

Contexto da JURA

A jornada nasceu visando aproximar a universidade do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) e teve início neste mês em alusão ao Abril Vermelho. A ação coloca em evidência a data do massacre de Eldorado dos Carajás, 17 de abril de 1996, quando 21 camponeses foram assassinados. A proposta é não deixar o tema ser esquecido e pautar debates sobre Reforma agrária e violência do campo.

Esse ano a Jornada universitária em Defesa da Reforma Agrária tem como tema “Reforma Agrária e o Projeto Popular” e segue durante todo mês de abril em todo país. No Ceará, a JURA acontece na Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB), Universidade Regional do Cariri (URCA), Universidade Estadual do Ceará (UECE), Universidade Vale do Acaraú (UVA), Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos (FAFIDAM) e alguns Institutos Federais.

*Editado por Fernanda Alcântara