Agroecologia

Alunos e pesquisadores da UFSCAR realizam vivência em áreas do MST

Vivência em áreas do MST em Ribeirão Preto (SP) contou com alunos e pesquisadores do Departamento de Ciências Sociais da UFSCAR
Foto: Filipe Augusto Peres e Giulia Maffort

Por Filipe Augusto Peres
Da Página do MST

Nos dias 8 e 9 de abril, o MST em Ribeirão Preto (SP) recebeu a visita dos estudantes e pesquisadores da UFSCAR no assentamento Mário Lago. Integrantes do grupo RURAS (Grupo de Pesquisa Ruralidades, Ambiente e Sociedade) e NUPER (Núcleo de Pesquisa e Extensão Rural), os cientistas conheceram alguns lotes de produção agroflorestal, a equipe de saúde do Memorial Sebastião Leme, além de conhecerem o acampamento de reforma agrária Campo-Cidade Paulo Botelho, localizado no município de Jardinópolis. 

Foto: Filipe Augusto Peres e Giulia Maffort

Professores e estudantes finalizaram a visita participando de uma ação solidária realizada por assentados e acampados do MST e da UMM no município de Jardinópolis/SP. Na ocasião, uma tonelada de alimentos sem agrotóxicos foi entregue à população que vive em situação de vulnerabilidade. 

Em Jardinópolis, a Ação Solidária fez parte da mobilização nacional Bolsonaro Nunca Mais, cuja pauta central foi o aumento abusivo dos preços de alimentos, da moradia e dos combustíveis.

Professor do Departamento de Ciências Sociais da UFSCAR, Joelson Gomes de Carvalho afirmou que conhecer as experiências organizativas e de produção do MST trouxe a oportunidade para os estudantes de graduação, mestrado e doutorado vivenciarem experiências transformadoras agroecológicas, tanto do ponto de vista da saúde, da alimentação e do meio ambiente, como da capacidade de trabalhadoras e trabalhadores se organizarem, recuperarem e desenvolverem áreas degradadas devolvendo-as à sociedade.

Foto: Filipe Augusto Peres e Giulia Maffort

Joelson explicou um pouco a importância da visita da UFSCAR às áreas de disputa e conquista por terras de reforma agrária reverberam na pesquisa acadêmica. “Isso se insere no projeto Franjas do Progresso, iniciativa coordenada pelo professor Rodrigo Constante, também professor da Universidade Federal de São Carlos, o qual analisa os impactos socioambientais da cultura canavieira e do setor sucroalcooleiro”, afirmou.

“Temos por hipótese de que o avanço da cana traz muito mais consequências negativas do que positivas e estar com trabalhadoras e trabalhadores rurais nos mostra que existe uma possibilidade evidente de reverter este quadro”.

Manuela Aquino, da Direção Estadual do MST, contextualizou a ação solidária dentro do calendário de luta nacional Bolsonaro Nunca Mais! em que denúncias e doação de alimentos deram o tom do dia. Aquino ainda chamou atenção para o papel da produção agroecológica de acampados do MST e da UMM do acampamento Campo-Cidade Paulo na doação feita ao município em que residem.

“Essa doação de alimentos está vindo de nossos assentamentos de Ribeirão Preto, mas também está vindo de uma produção sem veneno, agroecológico do acampamento Campo-Cidade, uma luta em parceria com a União dos Movimentos de Moradia (UMM). Hoje nós estamos alimentando a população (de Jardinópolis) trazendo alimentos de qualidade da reforma agrária às trabalhadoras e trabalhadores, marcando nosso posicionamento neste dia de luta”.

Com cerca de 100 famílias cadastradas, trabalhadoras e trabalhadores do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e da União dos Movimentos de Moradia (UMM) ocupam a área da antiga Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA), hoje administrada pela Secretaria do Patrimônio da União (SPU), no Km 336, da rodovia Anhanguera, em Jardinópolis/SP. Antes da ocupação por parte dos trabalhadores rurais e urbanos, a área era utilizada ilegalmente para a produção de cana-de-açúcar e como lixão de rejeitos agroindustriais e industriais.

Veja o vídeo:

Fotos e Vídeo: Filipe Augusto Peres e Giulia Maffort

*Editado por Fernanda Alcântara