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6 Curiosidades sobre a Agroecologia presentes no Dicionário de Agroecologia e Educação

Confira alguns elementos importantes do verbete sobre a agroecologia, escrito pelas autoras Dominique Guhur e Nívia Regina da Silva, formadas em agronomia e integrantes do Setor de Produção do MST
Arte: Reprodução

Da Página do MST

A partir de uma parceria entre o MST, a editora Expressão Popular e a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio EPSJV/Fiocruz do Rio de Janeiro, foi lançado no último dia 12 de abril, o Dicionário de Agroecologia e Educação, no Rio de Janeiro.

A publicação reúne 106 verbetes, de 169 autores e tem o intuito de ampliar o conhecimento sobre a agroecologia nas escolas e institutos de ensino de todo o Brasil.

Os verbetes foram escritos por autores de 68 instituições diferentes, entre universidades públicas, institutos federais de educação, movimentos sociais e institutos de pesquisa.

Confira abaixo 6 curiosidades importantes sobre o verbete de Agroecologia, escrito pelas autoras Dominique Guhur e Nívia Regina da Silva, ambas formadas em agronomia e que integram o Setor de Produção do MST:

1 Agroecologia é considerada uma ciência, disciplina ou prática social?

Foto: Jaine Amorin/MST PR

As autoras explicam que a agroecologia tem sido pensada como tudo isso: uma ciência, uma prática social, movimentos ou luta política, pois se desenvolve historicamente de forma dinâmica a partir de comunidades tradicionais de camponeses, indígenas, entre outros povos da terra, que compõem um conjunto de sujeitos sociais, organizações coletivas. Ao mesmo tempo, esses conhecimentos e saberes também integram pesquisas e observações científicas, desenvolvida por um conjunto de instituições de pesquisa e ensino pelo mundo.

Assim, a agroecologia pode estar presente em um campo de produção agrícola, ou em um agroecossistema mais complexo, uma unidade de produção (lote), em um assentamento de Reforma Agrária, por exemplo; ou englobar todos os cultivos de um assentamento, a exemplo de assentamentos do MST pelo país, que desenvolvem toda a produção de forma agroecológica.

2 Por que a dimensão política da agroecologia tem ganhado importância hoje?

Doação de alimentos do MST em SP para trabalhadores urbanos. Foto: Camila Bonassa

Segundo, as autoras isso ocorre devido à luta dos camponeses, dos povos tradicionais e originários por melhores condições de vida e de trabalho, em que a agroecologia vem sendo gestada como um modelo de agricultura sustentável e em equilíbrio com a biodiversidade e a vida humana.

3 O que a agroecologia tem a ver com a saúde e o combate à fome no Brasil?

Campanha de Solidariedade do MST doa alimentos saudáveis à população no Paraná. Foto: Jaine Amorin/MST PR

O verbete explica que, em contraposição ao modelo de violência e morte do agronegócio, a agroecologia também tem se tornado um sistema agrícola fundamental para assegurar a saúde e a soberania alimentar, pois garante a saúde do solo, da água, das florestas, ou seja, mantém a preservação e recupera a natureza no entorno onde é praticada. Além de assegurar a saúde dos camponeses(as), pois não usa venenos nem defensivos químicos, produzindo alimentos saudáveis e de baixo custo para alimentar toda a população brasileira.

4 O que a agroecologia tem a ver com os trabalhadores(as) que vivem na cidade?

Foto: Leandro Molina/RS

Ao se desenvolver como um sistema de agricultura sustentável, a agroecologia adquire importância central em um projeto de popular de desenvolvimento da agricultura brasileira, pois por meio da realização da Reforma Agrária Popular, que tem a agroecologia como uma das bandeiras centrais do seu projeto, a agroecologia é fundamental para acabar com a fome, que aumentou no Brasil de forma estarrecedora com o governo Bolsonaro, além de garantir a produção de alimentos saudáveis para a mesa do povo brasileiro.

Mas a massificação da agroecologia na sociedade, necessita do apoio dos trabalhadores(as) urbanos na mobilização em torno de um outro projeto popular de sociedade, com bases socialistas e que garanta a alimentação, a diversidade de alimentos e de relações sociais, melhores condições de vida e de futuro para a classe trabalhadora brasileira.

Projeto de reflorestamento do MST em Alagoas. Foto: MST

5 Desde quando a agroecologia se tornou popular?

As autoras explicam, que a popularização quanto ao uso desse termo ocorre a partir da década de 1980, e com influência de trabalhos acadêmicos de Miguel Altieri e Stephen Gliessman, pesquisadores de universidades estadunidenses.

A partir disso, a agroecologia passou a ser reconhecida com base em “um conjunto de práticas agrícolas tradicionais e formas de organização desenvolvidas por camponeses e povos originários, especialmente na América Latina”, resumem as autoras.

6 Como a agroecologia ganha força política no Brasil?

O verbete cita, que isso aconteceu a partir dos anos 2000 com diversas mobilizações sociais, debates, articulações, práticas de cultivos e experimentos, bem como ações programadas de movimentos populares do campo, como o MST e outros movimentos populares e em defesa da agroecologia, com atividades permanentes, coletivas e massivas.

Esse conjunto de ações e atividades deu origem a várias articulações estaduais, regionais e nacionais. Como por exemplo o Encontro Nacional de Agroecologia, a Jornada de Agroecologia do MST no Paraná e na Bahia, entre outros, que representam essa teia de articulações e conexões entre saberes e conhecimentos tradicionais dos povos do campo, movimentos populares, pesquisadores, educadores, entre outros.

Confira o Dicionário de Agroecologia e Educação na página da Editora Expressão Popular, adquira e amplie seus conhecimentos sobre a história e a luta política em torna da agroecologia.

Ficha Técnica:

Autoras do verbete: Dominique Guhur e Nívia Regina da Silva
Intervalo de páginas: 59 a 73
Publicação: Dicionário de Agroecologia e Educação
Ano: 2021
Parceria editorial: Expressão Popular e Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio
Organizadores: Alexandre Pessoa Dias, Anakeila de Barros Stauffer, Luiz Henrique Gomes de Moura e Maria Cristina Vargas.

*Editado por Fernanda Alcântara

** Este é o primeiro texto de uma série sobre os verbetes dos Dicionário de Agroecologia e Educação. Acompanhe a página do MST e confira os próximos temas!