Abril de Lutas

MST retoma ocupações de terra durante Jornada Nacional de Lutas de abril

"Por Terra, Teto e Pão", Sem Terra de todo país se mobilizaram na Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária Popular com marchas, protestos, audiências, ocupações e solidariedade
Marcha do MST na Bahia entre Feira de Santana e Salvador. Foto: Rariele Rodrigues

Por Lays Furtado
Da Página do MST

Passada a quarentena produtiva, intensificada ao longo da pandemia, a Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária Popular do MST de 2022 foi marcada pela retomada de ocupações de terra, que fincaram a bandeira vermelha novamente nos latifúndios pelo país, e seguindo em fileiras na luta “Por Terra, Teto e Pão”.

As ocupações de latifúndios improdutivos foram feitas nos estados do Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba, Santa Catarina, Brasília e Bahia, onde milhares de Sem Terra buscam o acesso à terra para nela viver e trabalhar, por meio da organização coletiva e produção de alimentos saudáveis da agricultura familiar camponesa.

De norte a sul do país, mais de 60 ações integraram a programação da Jornada de Lutas por Reforma Agrária Popular, feitas pelo povo acampado e assentado do MST, que segue forjando os marcos de resistência das lutas camponesas ao longo do mês de abril.

Após 26 anos do Massacre de Eldorado do Carajás, ocorrido no dia 17 de abril de 1996, tremulam mais viva do que nunca nossas bandeiras, ecoando a memória dos companheiros que tombaram na luta, e que inspiram a resistência ativa em nossos territórios.

“Quando trazemos isso de volta numa jornada de lutas depois de dois anos, nós estamos dizendo: esta pauta não está superada”, expõe a coordenadora do MST da região amazônica, Polly Soares.

A coordenadora ainda afirma que a Reforma Agrária Popular ainda hoje é extremamente necessária para que haja a desconcentração de terras no país; fomentando a produção de alimentos e a qualidade de vida para trabalhadores(as) do campo e da cidade frente ao desgoverno atual.

Ao longo desse processo, a retomada das ocupação de terras representa a característica fundamental do movimento: “organizar trabalhadores e fazer ocupações como forma de denúncia dessa estrutura agrária extremamente arcaica que o nosso país mantém”, demarca Márcio Santos, coordenador do MST na região sudeste.

Com o fim do mês de abril, maio também segue com as mobilizações dos(as) Sem Terra, forjando as lutas de massas em um levante de rebeldia contra as opressões no Brasil, onde o esperançar de dias melhores frente às crises da política nacional, mobilizam a classe trabalhadora. “Nós estamos vivos, mais do que nunca”, sintetiza Santos.

Ações da Jornada de Lutas

Após a chegada da marcha na capital Baiana, MST ocupou o Incra em Salvador. Foto: Jonas Souza Santos

Além das ocupações de latifúndios, também houveram ocupações e protestos nas superintendências do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), exigindo a execução de Reforma Agrária e políticas públicas para o desenvolvimento do campo na Bahia, Sergipe, e Rio de Janeiro.

As marchas massivas ocuparam as ruas na Bahia em que cerca de 3.500 Sem Terra caminharam por 110km, no percurso entre Feira de Santana até Salvador, Rio de Janeiro e Paraná, onde além das reivindicações por terra, também se somaram movimentos pelo direito à moradia e por Despejo Zero.

Protesto do MST no Incra, na capital carioca. Foto: Pablo Vergara MST-RJ
No Paraná, marcha em parceria com movimentos pelo direito à moradia e por Despejo Zero ocuparam as príncipais ruas da capital. Foto: Wellington Lenon/MST-PR

Em diálogo com órgãos responsáveis pela execução de políticas públicas, foram realizadas audiências com autoridades locais, pautando as demandas da classe trabalhadora camponesa, que ocorreram no Maranhão, Bahia, Paraná e Espírito Santo.

As ações solidárias, que têm sido permanentes e massivas, principalmente desde o início da pandemia, também foram feitas no combate à fome e à insegurança alimentar para famílias vulneráveis no Paraná, Goiás e Pernambuco.

Nos três estados do sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, a militância Sem Terra também se reuniu para debater o Plano Nacional “Plantar Árvores Produzir Alimentos Saudáveis”, em pró do desenvolvimento sustentável do campo, em sua amplitude regional.

Em São Paulo, a militância realizou atos simbólicos e de denúncia, reunindo o conjunto da militância no Acampamento Marielle Vive, no interior do estado, em um ato político de resistência contra os últimos ataques sofridos a tiros contra as famílias acampadas.

Em Brasília, protestos foram feitos no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). A manifestação denunciou a tentativa de aprovação do Pacote do Veneno, que está para apreciação no Senado Federal e em denúncia ao modelo econômico empregado em favor do lucro e da destruição ambiental, engendrado pelo agronegócio.

Os atos em memórias aos mártires de Eldorado do Carajás, acontecerem em todas as grandes regiões do país, com plantio de árvores, protestos e atos simbólicos, que tomaram a centralidade das lutas na região amazônica, com a realização dos Acampamentos Pedagógicos da Juventude Sem Terra, que teve sua 16ª edição no Pará, e sua 1ª edição em Roraima.

As brigadas internacionalistas do MST na Zâmbia e Cuba, também prestaram homenagens com atos simbólicos e o plantio de árvores em memória aos mártires da terra no marco da luta camponesa internacional.

*Editado por Solange Engelmann