Ataques

Grileiros ateiam fogo em acampamento do MST no DF; policiais assistem sem prestar socorro às vítimas

Cerco à ocupação segue apesar da justiça negar pedido de despejo; sem solução ao conflito, famílias Sem Terra clamam às autoridades por socorro
Famílias Sem Terra se tornaram reféns do bloqueio de fazendeiros e grileiros, que impedem a passagem de água e comida. Foto: MST/DFE

Da Página do MST

Desde o último sábado (30), mais de 300 famílias Sem Terra ocupam área localizada no núcleo rural Rio Preto, em Planaltina, DF, denominada ocupação Ana Primavesi. Desde então, essas famílias se tornaram reféns do bloqueio de fazendeiros e grileiros que reivindicam a posse da área, deixando acampados(as) sem água e comida.

Sem solução para o conflito agrário, desde esta quarta-feira (4), os grileiros atearam fogo contra as famílias acampadas, fazendo algumas vítimas que sofreram queimaduras e ferimentos devido aos ataques criminosos.

A polícia está no local, porém não atendem socorro ao acampamento que está sendo destruído pelas chamas, junto às famílias.

Em ataque, algumas vítimas sofreram queimaduras e ferimentos. Fotos: MST/DFE

A ocupação está localizada em uma área pública não regularizada, o local é alvo de especulação imobiliária, onde as famílias Sem Terra denunciam os agravos e exigem a retomada da política de Reforma Agrária no Distrito Federal.

Adonilton Rodrigues, da direção estadual do MST no DF, conta que esta área faz parte de um complexo de médias fazendas, todas em áreas públicas vinculadas à Terracap. “Há anos estas fazendas são exploradas e vendidas ilegalmente por setores do agronegócio da região, cumprindo um papel que estimula a grilagem de terras públicas no DF”, afirma Rodrigues.

Justiça nega ação de despejo contra o acampamento

Na manhã desta quarta-feira (4), o juiz Carlos Maroja, da Vara de Meio Ambiente, Desenvolvimento Urbana e Fundiário, do Tribunal de Justiça do DF, negou pedido liminar de reintegração de posse da ocupação Ana Primavesi.

Segundo a decisão proferida pelo magistrado, os fazendeiros alegam que a situação da posse da área, que é pública, está absolutamente legal.

No entanto, há um procedimento de regularização fundiária tramitando junto aos órgãos públicos. O juiz, em sua decisão, afirma que “Ora, não se “regulariza” o que é absolutamente legal. A necessidade de regularização denota, a rigor, situação de ilegalidade, que é exatamente o que deve ser regularizado”.

Com isto, ele negou o pedido de reintegração de posse, o que permite que as famílias possam permanecer no local.

Parlamentares tentam mediar o conflito que se agrava sem solução

Parlamentares, aliados(as) e advogados(as) do MST estiveram no locar para mediar o conflito e negociar a passagem de mantimentos. Foto: MST/DFE

Ainda na terça-feira (3), aliados(as), advogados(as) do MST e parlamentares estiveram no local para viabilizarem a mediação do conflito e negociarem a passagem de um caminhão com mantimentos.

No entanto, os fazendeiros permitiram a entrada somente de água e leite, vetando a passagem de uma série de gêneros alimentícios básicos, o que não são suficientes para o mantimento das famílias que são se encontram na situação de reféns do bloqueio criminoso.

Na negociação estiveram presentes a deputada federal Érika Kokay (PT-DF), o deputado federal João Daniel (PT-SE), Gabriel Magno, representando o gabinete da deputada distrital Arlete Sampaio (PT-DF).

“Mesmo com o MST buscando uma negociação junto ao governo para resolver a questão, os fazendeiros seguem com os ataques”, afirma a direção do MST no Distrito Federal, que pedem urgência aos órgãos competentes para que os criminosos cessem os ataques, antes que uma tragédia ainda maior aconteça.

*Editado por Solange Engelmann