3 elementos chave sobre Educação em Agroecologia do Dicionário Agroecologia e Educação

Da Página do MST

Lançado no mês de abril, o Dicionário de Agroecologia e Educação é uma publicação realizada em parceria entre o MST, a editora Expressão Popular e a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio EPSJV/Fiocruz do Rio de Janeiro.

A publicação reúne 106 verbetes, de 169 autores e tem o intuito de ampliar o conhecimento sobre a agroecologia nas escolas e institutos de ensino de todo o Brasil. Os verbetes foram escritos por autores de 68 instituições diferentes, entre universidades públicas, institutos federais de educação, movimentos sociais e institutos de pesquisa.

Confira abaixo 3 elementos importantes sobre o verbete Educação em Agroecologia, escrito pelos autores Romier da Paixão Sousa, professor do IFPA, doutor em Estudos sobre o Meio Ambiente; Carlos Renilton Freitas Cruz, professor da UFPA (campus Castanhal), doutor em Educação; Páulea Zaquini, tecnologista em Saúde Pública da Fiocruz e mestre em Saúde Pública; e Danielle Cerri, professora-pesquisadora da Fiocruz e mestre em Ciências, Museologia e Patrimônio.

1. Transborda o espaço escolar

A massificação da produção agroecológica, para avançar no campo, não depende somente da implantação de experiência de cultivos agroecológicos nos territórios camponeses, da agricultura familiar, de comunidades tradicionais e da Reforma Agrária, entre outros; mas necessita da criação de um conjunto de políticas públicas e tecnologias, entre elas está a educação.

Nesse sentido, os autores do verbete apontam que a concepção da educação em agroecologia e seu enraizamento ocorre a partir de diversos espaços e avança para além do ambiente formal da escola.

Para exemplificar, é possível verificar como esse conhecimento está presente no projeto pedagógico das escolas de assentamentos e acampamentos do MST, dentro da Educação do Campo, bem como em cursos técnicos, tecnólogos, de graduação e pós-graduação na área. A concepção de agroecologia se espalha e integra os saberes tradicionais dos camponeses(as) que, ao longo dos anos, vem melhorando os cultivos e produzindo em parceria com a natureza.

Portanto, a construção desse conhecimento esta presente nas experiências de cultivos agroecológicos desenvolvida por estudantes, pesquisadores e camponeses(as), além de debates e lutas políticas em torno do tema, gerando processos amplos e continuados de educação na agroecologia.

2. Possui bases transdisciplinar

A educação com uma concepção de agroecologia, segundo os autores, busca ampliar os aspectos da sua relação com processos educativos de bases epistemológicas ancoradas no pensamento complexo e transdisciplinar que se âncora em uma diversidade de conceitos e princípios, entre eles os ecológicos, sociais e econômicos associados às práticas históricas e culturais dos(as) agricultores(as) familiares camponeses, em uma perspectiva da memória biocultural.

3. Formação crítica-emancipatória-ecológica

Trata de uma forma de saberes e conhecimentos que estabelece articulações importantes entre a natureza, o trabalho e a cultura, ao mesmo tempo em que busca gestar uma formação humana crítica-emancipatória-ecológica, que se contrapõe à pedagogia do capital.

Assim, são desenvolvidos processos educativos de diálogo entre o saber popular e o conhecimento científico, que partem da realidade dos povos e das populações como princípio pedagógico, visando seu conhecimento para sua transformação socioambiental.

Busca-se, portanto, fomentar outro projeto de sociedade baseado na diversidade popular de saberes e experiências de cultivos em equilíbrio com a biodiversidade, com relações humanas de respeito a todas as formas de vida e gênero, bem como reflexões e posturas críticas voltadas à busca pela emancipação dos seres humanos, com condições de promover mudanças diante das realidades em que vivem.

A partir desse debate, o MST ao longo de sua história tem implementado a agroecologia ao seu projeto de Reforma Agrária Popular, inserido a Educação em Agroecologia na matriz curricular das Escolas do Campo, em assentamentos e acampamentos; criado escolas de Agroecologia com cursos técnicos de nível médio, tecnólogo, superior e de pós-graduação pelo país. Além de cursos, seminários e eventos de formação política nessa área, com diversas experiências de cultivos agroecológicos e atuado na luta política para a ampliação da agroecologia no Brasil.

O Verbete está localizado entre as página 361 e 367 do Dicionário. Boa leitura!

*O texto faz parte de uma série sobre os verbetes dos Dicionário de Agroecologia e Educação. Acompanhe a página do MST e confira os próximos temas!