Ameaça de Despejo

Justiça ordena despejo de famílias em ocupação do MST no DF

O desembargador Alfeu Machado, do TJDFT determinou o despejo imediato das mais de 300 famílias Sem Terra da ocupação Ana Primavesi, em Planaltina
Os Sem Terra da ocupação Ana Primavesi, ainda não têm outro local para onde ir. Foto: MST/DFE

Por Janelson Ferreira
Da Página do MST

Na tarde desta sexta-feira (6), o desembargador Alfeu Machado, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT) determinou o despejo das mais de 300 famílias Sem Terra da ocupação Ana Primavesi, no núcleo rural Rio Preto, em Planaltina, Distrito Federal. A decisão deverá ser cumprida imediatamente. As famílias ainda não têm um local para onde ir.

A área, que foi ocupada no último sábado (30), é pública e vem sendo alvo de especulação imobiliária por parte de grileiros, prática esta que se alastra por todo DF. O objetivo da ocupação foi denunciar o caso e exigir a retomada da criação de novos assentamentos da Reforma Agrária. Ainda, há a suspeita de que mananciais presentes no local estavam sendo contaminados pelo uso de agrotóxicos.

Desde que as famílias entraram na área, fazendeiros da região se organizaram para bloquear o acesso de água e comida. Apesar de decisão judicial publicada na última quarta-feira (4), ordenando o fim do bloqueio, eles seguiram com a ação. A Polícia Militar, que acompanha a situação no local, não cumpriu a ordem judicial de desobstrução.

Desde que ocuparam a área famílias Sem Terra se tornaram refém de fazendeiros da região para bloquearam a entrada de água e comida no local. Foto: MST/DFE

Segundo Adonilton Rodrigues, da direção estadual do MST, as famílias irão sair do local. “Ao contrário dos fazendeiros, que não cumpriram a ordem judicial de desobstruir a via de acesso à ocupação, sairemos para, inclusive, demonstrar quem, de fato, seguimos a lei”, afirmou Rodrigues.

Para o dirigente, tanto o Poder Judiciário quanto a Polícia Militar estão se mostrando mais ágeis para garantir o direito à propriedade privada dos fazendeiros do que assegurar o acesso à água e comida das famílias. “Desde o último sábado temos dificuldade de acesso a estes itens básicos. No entanto, a PM, que estava o tempo todo no local, nada fez contra os fazendeiros para garantir que as famílias pudessem se alimentar”, concluiu.

Fazendeiros praticaram uma série de ataques contra as famílias deixando pessoas feridas. Foto: MST/DFE

O MST, parlamentares aliados e amigos do Movimento realizaram diversas reuniões com órgãos públicos na tentativa de solucionar o caso e buscar outra área para as famílias irem. No entanto, o Governo do Distrito Federal (GDF) não foi célere o suficiente para resolver a questão e evitar o despejo.

Ao longo da ocupação, os fazendeiros praticaram uma série de ataques contra a área, como incêndios, rojões e outras formas de ameaças, direcionadas às famílias Sem Terra. Na quarta-feira (4), uma mulher apresentou quadro de hipertensão devido aos ataques. E nesta quinta-feira (5), uma mulher ficou ferida e outra teve queimaduras no corpo devido aos rojões disparados pelos fazendeiros e o incêndio provocado em local próximo onde as famílias estavam.

*Editado por Solange Engelmann