Cultura

A música de protesto, um toque de despertar

Movimentos como a Nueva Canción no Chile, a Nueva Trova Cubana e o Nuevo Cancionero na Argentina fizeram com que, na América Latina se iniciasse, de forma organizada o movimento da música de protesto
Silvio Rodriguez foi um dos cantores pioneiros do movimento Nueva Trova Cubana. Imagem:  Wikipedia/reprodução

Por Danilo Nunes*
Para Página do MST

Quando falamos de América Latina nos deparamos com um sentimento integracionista de irmandade, onde toda e qualquer fronteira, muro ou limite torna-se inexistente. O que se destaca é o espírito de liberdade e união que se faz presente em discursos, livros, obras de arte e a música.

A música é uma expressão artística, onde cria-se a partir de uma combinação de sons organizados em regras, notas, tempo e timbres, com o intuito de comunicar uma mensagem, um discurso, despertando no (a) ouvinte sentimentos e sensações. Seja popular, erudita, instrumental ou cantada, a música é capaz de atravessar muros e fronteiras, criando uma grande teia sonora, ligando lugares e culturas das mais diversas.

Amor, raiva, paz, cotidiano, todas as experiências humanas ganham significados através de símbolos sonoros e poéticos sendo capaz de transformar ambientes e servir como intervenção social, de resistência e protesto, além de tantas outras funções.

Toda música faz sua intervenção, pois intervém em nossas vidas e momentos, mas também é engajada, tendo em vista que, de certa forma está engajada com aquilo e/ou com o tema que se propõe. E a música é resistência natural, pois resiste e (re) existe em nossas vidas desde sempre. Com todas as suas funções naturais, ela também pode protestar contra ou a favor de algo e, assim podemos nesse momento chamá-la de música de protesto.

Com o passar do tempo, a música de protesto ganhou força na humanidade, passando de algumas composições espalhadas pelo mundo que protestaram contra guerras, intolerâncias e desigualdades sociais e, ganhou a força popular dos movimentos. Assim foi e ainda é em nossa América Latina.

Movimentos como a Nueva Canción no Chile, a Nueva Trova Cubana e o Nuevo Cancionero na Argentina fizeram com que, na América Latina se iniciasse, de forma organizada o movimento da música de protesto, inspirado na Revolução Cubana de 1959, contra o imperialismo norte-americano que buscava explorar, cada vez mais as riquezas da América Latina, patrocinando golpes militares seguidos de ditaduras cruéis.

Grupo Nueva Canción Chilena. Imagem: Revista de Frente/reprodução

Trarei para este espaço, semanalmente, um panorama sobre questões importantes que alimentaram (e continuam a alimentar) essa criação e movimentos insurgentes que tem a música como munição e, o canto ou os instrumentos musicais como armas de luta contra a desigualdade e o fascismo que ainda vive e de tempos em tempos coloca a cara na janela para destilar seus ódios e venenos. A música é resistência, é toque de despertar.

*Músico, ator, historiador e pesquisador de Cultura Popular Brasileira e Latinoamericana. Instagram: @danilonunes013/Facebook: @danilonunesbr

**Editado por Solange Engelmann