Denúncia

Em carta, jovens do MST reafirmam solidariedade às vítimas da mineração em Maceió

Carta dialoga com ação realizada pelos jovens na manhã desta segunda (06) quando levaram entulhos e restos das casas atingidas pela ação da mineradora Braskem, até a sede da prefeitura de Maceió
Em ação na sede da prefeitura de Maceió, Juventude cobra transparência e celeridade nas ações da gestão municipal com as famílias atingidas pela ação da mineradora Braskem. Foto: MST AL

Por Gustavo Marinho
Da Página do MST

“Só a organização, a resistência e a luta popular poderá derrotar esse projeto e a possibilidade ainda no presente de uma nova história para a cidade, para nosso estado e nosso país”, em tom de solidariedade e de reafirmação da luta contra a mineração em Maceió, jovens do MST lançaram carta aberta à sociedade alagoana.

A carta que dialoga com a ação realizada pelos jovens na manhã desta segunda-feira (06) quando levaram entulhos e restos das casas atingidas pela ação da mineradora Braskem, até a sede da prefeitura de Maceió, exigindo transparência e celeridade nas ações da gestão municipal com as famílias.

A intervenção que levou ainda uma caricatura do “prefeito instagramável” criticou ainda a postura do prefeito João Henrique Caldas (PSB) e sua grande preocupação midiática de exibir uma Maceió nas redes sociais, escondendo os reais problemas que a cidade vive. “JHC saia das redes e vem ver a vida do povão”, cantaram os jovens na porta da prefeitura.

Integrando a agenda de lutas da Jornada da Juventude Sem Terra, a atividade se soma às diversas realizadas iniciativas pelo país que denunciam os crimes ambientais.

Confiram a Carta na íntegra:

Carta da Juventude Sem Terra à sociedade Alagoana

A capital alagoana vive um verdadeiro caos. Um cenário de guerra assombra o coração de Maceió. Famílias, histórias e bairros inteiros afundados pela ganância da mineração.

O maior crime ambiental em área urbana do mundo tem culpado: a Braskem. Empresa que há anos explora o solo de Maceió e, no último período, vem afundando a cidade e deixando muitas pessoas sem casa.

Situação que afeta diretamente diversas famílias que hoje estão sem moradia e sem emprego, impacta o conjunto da cidade que hoje sofre com as dificuldades na mobilidade urbana e as consequências da especulação imobiliária.

Esse cenário é ainda mais agravado pelo silêncio do Poder Público e, sobretudo, da prefeitura de Maceió, que recebeu da mineradora cerca de R$ 400 milhões com o objetivo de investir em ações de indenização e reparação ambiental na capital, até agora nada tem sido feito e a prefeitura segue em silêncio e conivente com o desastre causado pela empresa em Maceió, dando carta aberta para a Braskem mandar e desmandar nos rumos da cidade que continua afundando cada dia mais.

As rachaduras causadas pela Braskem nas casas dos bairros do Mutange, Pinheiro, Bom Parto e Bebedouro, interromperam histórias, sonhos, fechou escolas e postos de saúde, destruiu patrimônio histórico e cultural do povo alagoano. São marcas que escancaram o projeto de morte e saque da mineração.

Hoje a Juventude Sem Terra vem cantar e denunciar em frente à prefeitura de Maceió, as atrocidades provocadas pelo crime ambiental causado pela Braskem, repudiando a exploração da empresa na cidade, a impunidade que marca a história do crime e exigir a sua responsabilização. Além disso, viemos cobrar da prefeitura de Maceió transparência no processo de negociação e destinação dos R$ 400 milhões, para que ele possa ser aplicado a partir do diálogo entre os moradores atingidos e com o conjunto da sociedade maceioense que também são vítimas das ações da Braskem em Alagoas.

Nos solidarizamos com as mais de 10 mil famílias que perderam suas casas pelas mãos da Braskem, com as quase 40 mil afetadas, bem como as famílias isoladas e cercadas pelo crime! Nos colocamos mais uma vez lado a lado em resistência para exigir justiça às vítimas desse crime e responsabilidade pelos impactos ambientais imensuráveis.

Assim como levantamos nossa bandeira de luta contra o avanço do agronegócio, da mineração e da ofensiva do capital contra os bens da natureza em nossos territórios e todo nosso estado. Essa luta é nossa!

Esse projeto de mineração não serve ao povo de Maceió, mas a um conglomerado de alguns ricos. Por isso, só a organização, a resistência e a luta popular poderá derrotar esse projeto e a possibilidade ainda no presente de uma nova história para a cidade, para nosso estado e nosso país.

Juventude em luta pela terra e por soberania!

Maceió (AL), junho de 2022

13ª Jornada da Juventude Sem Terra

*Editado por Solange Engelmann