Jornada da Juventude

Juventude do MST da região Sudeste participa de Escola de Formação para debater tarefas e desafios

Jovens Sem Terra do Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo se reúnem entre os dias 06 e 10 de junho na Escola Nacional Florestan Fernandes para a Escola de Formação
Foto: Diógenes Rabello

Por Diógenes Rabello
Da Página do MST

Como parte das ações da 13ª Jornada Nacional da Juventude Sem Terra, o Coletivo de Juventude da Região Sudeste realiza, nesta semana, a Escola da Juventude Sem Terra da região, que reúne cerca de 100 jovens assentados, assentadas, acampados e acampada do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Tera (MST) para debater as tarefas da juventude frente aos desafios da conjuntura.

A mística que embala este espaço de formação é inspirada pela Semana do Meio Ambiente, que nos chama ao desafio de denunciar as ações criminosas do desgoverno de Jair Bolsonaro sobre a terra e os recursos naturais, bem como os crimes ambientais e seus agentes promotores como o agronegócio, a mineração, a especulação imobiliária, por exemplo.

O objetivo da Escola de Formação está fundado no tripé da formação, luta e organização. Desta forma, se propõe a construir um espaço de formação dos jovens e das jovens para dar suporte qualitativo e prático na execução das tarefas do trabalho de base. Então, a Escola se apropria de metodologias de estudos, trabalho, de luta e de ação prática para avançar na mobilização e capacitação da juventude.

Segundo Jailma Lopes, do Coletivo Nacional de Juventude, “a nossa Escola de Formação da Região Sudeste faz parte do conjunto de ações e tarefas que a juventude Sem Terra tem se desafiado a construir no próximo período com o objetivo de aprofundar o debate e nossa formulação própria sobre a questão ambiental, posicionar a nossa juventude no trabalho de base e na batalha das ideias, bem como fortalecer o nosso debate sobre a Reforma Agrária Popular, agroecologia e o Plano Nacional Plantar Árvores e Produzir Alimentos Saudáveis. É uma escola pensada e construída pela nossa juventude e, sobretudo, vem na perspectiva de ser um laboratório para esse desafio que o Movimento Sem Terra tem se desafiado a construir que são os Comitês Populares”.

Também se coloca como objetivo a retomada das ações coletivas da região Sudeste, ampliando e fortalecendo a articulação da juventude nessa escala regional; acumular para o debate sobre o lugar da juventude no projeto de Reforma Agrária Popular; elaborar planejamento para as tarefas e ações da juventude da região Sudeste, vinculadas às prioridades da atual conjuntura, como o Plano Nacional Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis e os Comitês Populares; avançar no trabalho de base; e, estudar e capacita a juventude para as ações de agitação de propaganda.

Foto: Diógenes Rabello

Pedro Reis, do Setor de Educação do MST no Rio de Janeiro destaca que, “a gente está vivendo um momento adverso com o bolsonarismo, justamente por isso entendemos a importância de trazer a juventude para um espaço como esse através da mobilização nas nossas regionais, justamente para ter esse encontro e entender que a dimensão da luta vai para além das nossas localidades. O Movimento está pautando a luta política em todas as suas dimensões, desde o território, para as localidades e as regiões. E, a partir de espaços como esse, devolver a ação prática dessa formação para os territórios, acrescentando na nossa organicidade e acrescentando nos desafios e nas tarefas que esse ano tendem a ser muito difíceis”.

Quando soube da realização da Escola de Formação da Juventude, Karina Carolino, do Coletivo de Juventude do MST no Espírito Santo, logo se apresentou para a tarefa. “Somos beneficiários da Reforma Agrária e atuamos em nossos assentamentos. E foi através desse envolvimento que eu fiquei sabendo da Escola e me dispus a participar. Sei que esse momento só tem a agregar no meu desenvolvimento militante de diversas formas e é uma forma de levar essa experiência para os jovens da minha regional e reforçar a importância do nosso papel enquanto juventude militante”.

A programação da Escola está embelezada por espaços de estudos e atualização da conjuntura, oficinas de diversas expressões e linguagens artísticas e mutirão de plantio de árvores. A expectativa é que essa juventude se ‘arme’ de ferramentas analíticas e técnicas para contribuir com as tarefas concretas em seus territórios de atuação.

“A escola vai contribuir muito para que a gente retorne para nossas bases com mais esperança e animação, pois o MST tem cumprido esse papel de formar jovens com consciência crítica, para entender a sociedade que estamos vivendo”, relatou Erica Silva, do Setor de Cultura do MST em Minas Gerais e que participa do seu primeiro espaço formativo da juventude Sem Terra.

Já Giulia Mafort, do Coletivo de Juventude do MST em São Paulo, afirma que “a Escola da Juventude tem papel central na urgência do resgate de uma perspectiva de futuro entre nós, jovens. Um futuro forjado em novas relações humanas, relações que não sejam sustentadas pelas diversas violências do capital encarnadas na LGBTfobia, misoginia, racismo, capacitismo e patriarcado. Um futuro liberto das garras do agronegócio, da água contaminada e da comida envenenada. Um futuro liberto do capital, que destrói nosso planeta, massacra nossos corpos e interdita nossa capacidade de sonhar e lutar pelo futuro da humanidade”.

Este momento marca uma decisão importante da Juventude Sem Terra da região Sudeste, especialmente para que o espaço formativo da Escola se resulte na articulação da juventude entre os quatro estados da região, e na organização desde os assentamentos, acampamentos e áreas urbanas de trabalho do MST. Portanto, os desafios seguem quando retornarem aos seus locais de origem, para internalizar o trabalho de base nessas áreas.

Esta se coloca como tarefa central, na medida em que falar de meio ambiente hoje, para a juventude, deve ser reconectar as formas de viver, sentir e trabalhar em consonância com a própria natureza, em outro modo de vida. Portanto, significa romper com o modelo vigente e apresentar outro modo de vida, outro projeto de sociedade. Hoje, isso se apresenta na urgência de derrotar Bolsonaro e o bolsonarismo, combater o capital no campo e enfrentar a fome e as violências.

*Editado por Solange Engelmann