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Em Quedas do Iguaçu (PR), Vigília da resistência luta por estrada, saúde e educação

Após prefeito abandonar audiência pública, famílias assentadas e acampadas ocupam prefeitura de Quedas do Iguaçu/PR
Foto: MST no Paraná

Por Setor de Comunicação do MST região Centro do Paraná
Da Página do MST

Na manhã desta segunda-feira (06/06), cerca de 300 moradores das áreas de assentamento e pré-assentamento de Quedas do Iguaçu, região centro do Paraná, realizaram um manifesto em frente a prefeitura, exigindo melhorias em 400 Km de estradas que perpassam diversas comunidades rurais, além de exigir melhorias na educação e saúde. O manifesto resultou em uma audiência pública com o prefeito Élcio Jaime e os vereadores do município, realizada na tarde da segunda.

No entanto, durante a audiência, o prefeito se negou a resolver as demandas da população, alegando não ter recursos para as obras. Em sua fala o prefeito ainda ironizou: “eu não posso ser um milagroso e fazer as coisas do dia para noite”. (Confira a fala, gravada em live aos 57:06 minutos). 

As famílias exigem uma gestão decente e não milagres. Uma resposta concreta do poder legislativo e executivo. “Nós viemos aqui hoje para discutir e resolver esses problemas. Nós sabemos que as coisas não se resolvem de uma hora para outra, só que nós precisamos sair daqui com uma resposta concreta!” afirma Jonas Furis, camponês dirigente do pré-assentamento Dom Tomás Balduino. 

Foto: MST no Paraná

Após fala do dirigente e cobranças pertinentes do público manifestante, o prefeito encerrou sua fala e se retirou da audiência, impossibilitando que o momento democrático e legítimo fosse prosseguido e deixando as famílias sem resposta. A partir disso, as famílias resolveram permanecer e ocupar a prefeitura até que o prefeito volte novamente a se manifestar e dialogar com a população.

Jonas explica que a atividade que se iniciou na manhã de segunda-feira segue por tempo indeterminado. “Continuamos a atividade que iniciou ontem, uma intervenção pela melhoria das estradas dos assentamentos e pré-assentamentos, e infelizmente até agora não foi atendida pelo poder municipal. Enquanto não formos atendidos pelo prefeito, as famílias não vão embora. Vamos continuar aqui na resistência!”, afirmou o camponês.

Vereadores buscam novas alternativas para resolver problema de falta de recurso e estão propondo realocar 1,5 milhões, que a princípio está destinado para reforma da Câmara de Vereadores, sejam destinados para a manutenção das estradas. No entanto, a proposta segue sendo analisada mais cirurgicamente pelo poder legislativo.

Foto: MST no Paraná

“A gente segue na vigília por tempo indeterminado, na resistência. E só saímos daqui após ter uma solução concreta às nossas bases, aos nossos agricultores familiares. Seguimos juntos e organizados, firmes nessa luta por dignidade e igualdade social!”, afirma Modesto Augusto Ferreira, camponês morador do assentamento Celso Furtado.

Cerca de 400 camponeses e camponesas seguem ocupando a prefeitura e a mobilização tende a aumentar nos próximos dias, caso o prefeito não volte a dialogar apresentando uma solução concreta para a demanda. 

Foto: MST no Paraná

A mobilização também exige melhorias no transporte escolar, que também é muito afetado pela precariedade das estradas,  e nas estruturas das escolas do campo. Também está na pauta a demanda por um melhor atendimento de saúde para as famílias agricultoras e também urbanas.

Participaram da mobilização moradores de áreas rurais, integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), das Ligas Camponesas e Urbanas do Brasil (LCU-BR), todos prejudicados pelo descaso do governo municipal com as estradas rurais.

Fotos: MST no Paraná

*Editado por Fernanda Alcântara