Perfil de Luta

Reconhecida liderança Sem Terra, Marina dos Santos é filha e ao mesmo tempo parteira do MST

Marina tinha 14 anos quando chegou no MST, trajetória já dura mais de 3 décadas
Foto: Yasmin Loureiro

Da Página do MST

Nascida em 1973 no Paraná, de uma família de mineiros, Lúcia Marina dos Santos, se tornou ao longo da vida a “Marina do MST”. Expulsos pela concentração fundiária, sua família migra para a região Sul em busca de estabelecer-se na terra. Ali, eles encontram como meio de vida o trabalho de bóia-fria nas lavouras da região e a jovem Marina se forja trabalhadora rural.

Mas ela cultivava também o sonho de estudar, se formar e, por isso, escolhe entrar num convento de freiras, mulheres que ela enxergava como símbolo de conhecimento e erudição. É destes passos de fé e estudo que nasce seu contato com o MST: acompanhou o padre que ia celebrar uma missa numa ocupação dos Sem Terra. E de lá nunca mais saiu. Aquele rumo de fé e militância encarnado num Jesus dos pobres estava ali na sua frente, vivo na mística popular. Avisou, então, ao sacerdote que não voltaria mais para o convento. 

Marina tinha 14 anos quando chegou no MST, Movimento que tinha ainda poucos anos de criação. Um de seus primeiros encantamentos foi com a organização da juventude Sem Terra que, logo naquele primeiro contato, estava em plenária para elencar suas demandas para a prefeitura, entre as quais o transporte para irem estudar na cidade. Assim começava a trajetória que já dura mais de 3 décadas. 

Ao longo destes 35 anos de MST, Marina também foi alçada a percorrer o mundo, ajudando a coordenar a Via Campesina Internacional, pela representação regional da América do Sul. No Brasil, também foi coordenadora do Escritório Nacional de Brasília do Movimento, responsável pelas articulações políticas com os diferentes governos e parlamentos. 

Mas é no Rio de Janeiro que Marina se consolida como quadro político e de organização das lutas. Foi transferida do Paraná, em 1996, para morar em Campos dos Goytacazes, no intuito de lutar pela distribuição de terra e contra os fazendeiros e poderosos do Norte Fluminense. Desde então, assumiu o RJ como local de vida e de militância. No Rio, teve sua filha, Gabriela, hoje com 20 anos. 

Nas trincheiras da luta Sem Terra, Marina se formou assistente social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Anos depois, concluiu o Mestrado em Geografia, numa parceria da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) com a Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), estudando a Declaração dos Direitos das Camponesas e dos Camponeses na ONU. 

Em 2022, ano decisivo para as lutas da classe trabalhadora brasileira, Marina assume coletivamente o desafio de se apresentar como pré-candidata a Deputada Estadual na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ). Filiou-se ao PT em março deste ano e lançou sua pré-candidatura em julho com o objetivo de abraçar a agricultura camponesa como principal pauta de lutas e como elemento chave para um outro tipo de desenvolvimento no Brasil. Além da maior participação das mulheres na política, da luta pelos direitos e da defesa da democracia, vem apontando a Reforma Agrária e a produção de alimentos saudáveis como saída real para os problemas que hoje afligem nossa população.

A Marina do MST é pré-candidata a Deputada Estadual num projeto coletivo dos movimentos populares e de pessoas que querem mudar o Brasil e o Rio de Janeiro, derrotando o atual governo e seu projeto de fome, ódio e preconceitos.

*Editado por Yuri Silva