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Povos do campo, das águas e das florestas lançam Campanha Contra a Violência

Lançamento será no dia 02 de agosto às 10h no Conselho de Direitos Humanos (CNDH) em Brasília.

Despejo e resistência do Acampamento Quilombo Campo Grande (MG) em agosto de 2020. Foto: Agatha Azevedo

Da Página do MST

Em dez anos de análises da violência no campo apontam crescimento gradativo e
nos últimos dois anos atinge 5.5 milhões de pessoas. Os assassinatos aumentaram
75% e o trabalho escravo cresceu 113%. A violência no campo impacta sobretudo
mulheres, crianças e jovens. Frente a esta realidade, organizações sociais lançam a
Campanha Contra a Violência no Campo dia 02 agosto, em defesa da vida. O
momento do lançamento será realizado às 10h (horário de Brasília) no auditório do
Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), em Brasília (DF). O evento faz
parte da programação do Seminário da 6a Semana Social Brasileira, o lançamento
será em formato híbrido, presencial e com transmissão ao vivo pelas redes sociais
das organizações que compõem a Campanha.

A Campanha é uma iniciativa de diversas organizações do campo, das florestas e das
águas, que buscam fazer frente ao avanço da violência contra esses povos e
comunidades tradicionais.

Durante o lançamento serão apresentados relatos de casos de violência contra os
povos indígenas pela Aty Guasu (Grande Assembleia do povo Guarani e Kaiowá) do
Mato Grosso do Sul, e contra os povos do Território Campestre, comunidade Alegria
do município de Timbiras (MA). Na oportunidade serão apresentados dados
atualizados sobre a violência no campo, sistematizados pela Comissão Pastoral da
Terra (CPT) e pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI). Também será
apresentada uma carta compromisso contra a violência no campo para que os
candidatos nas eleições de 2022 possam aderir.

A violência no campo

Entre 2011 e 2015 foram registrados 6.737 conflitos no campo, envolvendo mais de
3,5 milhões de pessoas. No período seguinte, de 2016 a 2021, esses números
subiram para 10.384 conflitos, atingindo 5,5 milhões de pessoas, em especial
crianças, jovens e mulheres. O que evidencia que o impeachment da ex-presidenta
Dilma Rousseff foi um golpe articulado entre setores do Estado e do capital, da mídia
hegemônica e em particular ligado ao agronegócio.

Os assassinatos no campo saltaram de 20 em 2020, para 35 em 2021, representando
um aumento de 75%. Dentre estes, destacam-se o assassinato de lideranças que
atuam na defesa do território, dos direitos humanos e da natureza. Com relação ao
trabalho escravo, houve aumento de 113% no número de pessoas resgatadas. Vale
lembrar que esses dados, registrados pela CPT, são apenas os que tiveram
visibilidade nos dados oficiais ou mídia. Isso significa que a realidade é ainda muito
mais dura. Essas situações se acirram à medida em que as políticas públicas e de
fiscalização são desmontadas.

As populações que mais sofreram violência no campo foram, povos indígenas,
quilombolas, ribeirinhos, posseiros e trabalhadores e trabalhadoras rurais sem-terra,
segundo dados da CPT.

No esteio desse processo de luta dos povos, enfrentar e superar a violência no campo
se impõem como objetivo a partir da articulação e unidade das várias frentes de
resistência e na defesa da vida.

Don José Ionilton Lisboa de Oliveira, bispo da Prelazia de Itacoatiara (AM) e
Alessandra Farias que integra a Sociedade Maranhense de Direitos Humanos
participam da construção da campanha e compõe a mesa para o dia do lançamento.

*Editado por Agatha Azevedo