Juventude Sem Terra

Plenária encerra Jornada Nacional dos Estudantes em Defesa da Educação

Com o lema: "Estudantes ousando lutar: Contra a reforma do ensino médio e construindo o Projeto de Educação Popular!", Juventude Sem Terra realiza Jornada pela educação em todo país
Estudantes do país inteiro se mobilizaram entre os dias 9 e 12 de Agosto. Foto: Acervo MST

Por Fernanda Alcântara
Da Página do MST

Entre os dias 9 de 12 de agosto, a Juventude Sem Terra se integrou ao clima de mobilizações para realizar uma Jornada de luta contra o desmonte da educação e o governo Bolsonaro, que tornou seu governo inimigo das/os estudantes. Foram dias intensos de agitações, denúncias e atividades nas escolas do campo, mostrando a importância da forma de educar e esperançar, e como a pedagogia do MST tem sido um instrumento muito valioso na construção coletiva destes espaços.

Ainda energizados e energizadas pelas ações da 13ª Jornada Nacional da Juventude Sem Terra, desenvolvida durante a Semana do Meio Ambiente este ano, estudantes de todo o Brasil realizaram denúncias, e cobraram o combate à violenta ofensiva da Reforma Empresarial da Educação, que vem promovendo um desmonte da Educação Pública e caminha a passos largos para sua mercantilização, privatização e ensino voltado para domesticação da juventude.

Os estudantes da Escola do Campo 25 de Maio, em Santa Catarina, fizeram uma chamada especial para as mobilizações da Jornada Nacional dos Estudantes em Defesa da Educação.

E não faltou mística, criatividade e ousadia neste período. A Juventude Sem Terra realizou seminários, rodas de conversa, ciclos de debate e plantio de árvores, reafirmando o compromisso de formar, organizar e educar do MST, além de promover a intersetorialidade e a unidade com as organizações da cidade e dos movimentos estudantis como a UNE, a UBES e o Levante Popular da Juventude.

Além de se posicionar contra a reforma do ensino médio, a Juventude do MST também trouxe a bandeira da luta pela construção do Projeto de Educação Popular. Estudantes da Escola Vinte e Cinco de Maio em Fraiburgo, Santa Catarina, por exemplo, realizaram ações de denúncia ao uso dos agrotóxicos, com a ideia de que “Quando se fala em combater pragas, devemos saber que a praga é o próprio veneno!”. Já nesta quinta-feira (11), a Juventude se integrou aos atos marcados em 49 cidades, incluindo quase todas as capitais do país, no lançamento da “Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito”.

Manifestação reuniu dez mil pessoas na Paulista contra ataques de Bolsonaro à democracia. Foto: Guilherme Gandolfi @guifrodu

Assim, com o lema “Estudantes ousando lutar: Contra a reforma do ensino médio e construindo o Projeto de Educação Popular!“, as ações culminaram em uma ação nas redes sociais e uma Plenária, realizada na manhã desta sexta-feira (12).

Estudantes ousando lutar

Apresentado por Sara Cabreira, do Setor de Juventude do MST, e Agnaldo Cordeiro, do Setor de Educação, a Plenária Nacional em defesa da educação e Pela Revogação da Reforma do Ensino Médio trouxe alguns apontamentos e projeções para o prosseguimento da luta das/os estudantes do MST no próximo período. Com transmissão ao vivo pelas redes do Movimento a atividade contou com a participação coletiva de forma hibrida das/os estudantes Sem Terra de vários locais do país. 

Fernando Cássio, professor de políticas educacionais na Universidade Federal do ABC (UFABC), integrante da Rede Escola Pública e Universidade (REPU) e da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, fez uma exposição sobre a importância da qualificação do debate público, com dados sobre como a reforma que tem sido aplicada, tem esfacelado o currículo escolar. “A gente acredita que uma das formas de combater os desmontes educacionais e as várias ameaças que a educação sofre, especialmente nas reformas neoliberais, é humanizar o debate público”.

Ele relembrou que, a reforma do Ensino Médio foi apresentada em 2016, por Michel Temer, que se utilizou de uma medida provisória para tornar vigente a reforma, ignorando o amplo debate com diversos setores da sociedade civil necessária para estas alterações.

Participação coletiva das/os estudantes Sem Terra na Plenária ocorreu de forma online, de vários locais do país. Fotos: MST/DF 

Revogar a reforma do Ensino Médio é uma forma de reestabelecer a ordem de um debate que já existiam, antes desses grupos políticos acabarem com eles a partir de uma medida provisória (…). A única forma de a gente reestabelecer alguma coisa em relação à ordem do debate educacional sobre a última etapa da educação básica é revogar a reforma do Ensino Médio e sustar todos os seus efeitos”, afirmou Fernando.

Neste sentido, o debate se estendeu sobre a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio e como elas entram no processo de unificação e uniformização dos currículo que, desde o governo Temer, vem se acelerando em relação à a desqualificação do ensino para a maioria da população brasileira, especificamente para a população pobre.

Foto: Acervo MST no Ceará

Júlia Aguiar, vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) e integrante do Levante Popular da Juventude, participou em um segundo momento da Plenária, trazendo reflexões sobre a conjuntura política da educação no Brasil e os desafios diante de uma reforma “anti-povo e as situações catastróficas que elas deixam para a juventude brasileira”. Denunciou. Ela relembrou ainda que,

“A educação não pode ser compreendida e deslocada de uma totalidade social. Na prática, ela faz parte de uma problemática geral do país, principalmente em um Brasil de desigualdade social tão grande, e está dentro de um projeto social. Não é possível falar de projeto de país sem falar dos diferentes projetos de educação”, lembra Júlia Aguiar.

A vice-presidente da UNE também chamou atenção de outros desafios colocados diante do desmonte da educação pública, como é o caso da proposta de homeschooling (educação domiciliar), e de como a educação está inserida intrinsecamente à lutas de classes e de formação de consciência política.

A juventude camponesa vem fazendo denúncias da ofensiva à Educação do Campo, conquistada por meio da luta das organizações populares, a fim de que o projeto popular do próximo período consiga pensar em um plano de curto e médio prazo para a educação Brasileira. Para a Juventude Sem Terra, é importante lutar contra o aprofundamento da privatização e mercantilização da educação no país, principalmente por meio da implantação autoritária da Reforma do Ensino Médio por Bolsonaro.

“Um dos desafios colocados para nós que lutamos por uma educação pública de qualidade, gratuita, democrática e ampla, a partir da nossa tarefa número zero, é derrotar Bolsonaro. Para isso, nós precisamos mobilizar a juventude, estamos construindo juntos as iniciativa dos Comitês Populares de Luta, e precisamos ampliar isso nas nossas escolas, nas universidades, nas comunidades, assentamentos e acampamentos”, concluiu Júlia.

Confira abaixo a plenária completa e entenda as pautas apresentadas durante a Jornada:

*Editado por Solange Engelmann