Haiti

Congresso de “Bwa Kayiman”

Após 231 anos, a cerimônia de "Bwa Kayiman" se mantém em todo Haiti, e relembra o início da Revolução Haitiana, que libertou o povo da dominação europeia
Congresso de “Bwa Kayiman” foi uma preparação para as batalhas que libertaram o povo haitiano da violência e do domínio colonial europeu, em 1804. Imagem: Reprodução

Por Brigada Jean Jaques Dessalines
Da Página do MST

No dia 14 de agosto de 1791, no Cabo Haitiano, Haiti, ainda sob o domínio francês, iniciou-se o congresso de “Bwa Kayiman” – ‘bosque dos jacarés”. O congresso reuniu centenas de pessoas e povos que buscavam suas liberdades. O congresso consistiu em uma grande cerimônia vodu, foram dias conectados às ancestralidade africana e indígena, dias de preparação para as batalhas, que libertariam o Haiti da violência colonial europeia, no ano de 1804.

O congresso de “Bwa Kayiman”, representa o início da Revolução Haitiana, uma revolução negra, sem nenhuma influência “branca” em sua formação histórica. A construção de um estado livre para seres humanos livres, com profunda conexão com os povos Taínos, que foram massacrados pelos espanhóis e franceses. Na resistência e luta para manter a religião vodu e o idioma crioulo de matrizes africanas, o congresso de Bwa Kayiman, representa a base para a resistência do povo haitiano ao longo de toda a história. 

Passados 231 anos, a cerimônia de “Bwa Kayiman”, segue ocorrendo em todo o Haiti. Em templos vodu (Peristil), nas grandes cidades urbanas e em vilas camponesas, com tambores e cantos que festejam a liberdade conquistada, saúdam a ancestralidade e a permanência dessa conexão nos dias atuais.

A cerimônia de “Bwa Kayiman”, é uma das maiores representações da formação da sociedade haitiana, que passa seguidamente, por intervenções políticas e econômicas de outros países. Mas o povo que vive nesta ilha chamada Haiti, (do idioma Taíno, Ayiti “terra dos deuses”) segue sua vida sem virar as costas para sua própria história, e, buscando sempre a conquista da liberdade.

Celebração “Bwa Kayiman” no Haiti. Vídeo: Ricardo Cabano

14 de agosto: turnê política-cultural haitiana

Em uma articulação voltada para o estudo e o compartilhamento do conhecimento, a Brigada Dessalines convidou para uma turnê política-cultural algumas organizações haitianas, como o Movimento Revolucionário para a libertação das Massas (MORELIM) e a Rádio Resistência/Agência de Imprensa Popular Haitiana.

Atividade realizada entre os dias 13 e 15 de agosto de 2022 contou com visita ao forte Citadela Henry, reconhecido pela a UNESCO como patrimônio mundial, grande construção ao norte do país, forte construído para defender a Revolução Haitiana.

Visita ao “mòn wouj”-“monte vermelho” no Haiti. Vídeo: Ricardo Cabano

Durante o percurso da atividade, também ocorreu visita ao “mòn wouj”-“monte vermelho”, local onde várias comunidades vodus se encontram para celebrar o 14 de agosto.

A atividade acompanhou as representações religiosas e políticas voltadas para a celebração “Bwa Kayiman”. E integrou o estudo dos brigadistas do MST no Haiti, fortalecendo as articulações com às organizações haitianas, bem como, contribuindo para o conhecimento da história e da cultura do país.

*Editado por Solange Engelmann