Eleições 2022

Lula defende MST em entrevista à bancada do Jornal Nacional

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou à bancada do Jornal Nacional, da TV Globo, na noite desta quinta-feira (25)
Entrevista de Lula no Jornal Nacional. Foto: Reprodução/TV Globo

Da Página do MST

Entrevistado nesta noite de quinta-feira (25), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez uma fala contundente criticando o “agronegócio reacionário” e defendeu o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Lula foi o terceiro candidato à Presidência entrevistado pelos apresentadores William Bonner e Renata Vasconcellos no Jornal Nacional, da TV Globo, nesta semana.

Na ocasião, a apresentadora Renata Vasconcellos lembrou da política de Lula que contribuiu para o crescimento do setor do agronegócio no Brasil, mas que hoje “grande parte do setor agro não o apoia”. E então, questionou: “O senhor atribui esse afastamento a desconfianças talvez geradas pelo relacionamento do seu partido com o MST?” Lula, então, fez uma análise deste setor.

“Renata, tem o seguinte, veja, eu queria que você trouxesse aqui o mais reacionário representante do agronegócio, e perguntasse para ele o que o Bolsonaro fez para ele que chegou perto daquilo que nós fizemos. Eu queria que você chamasse. Sabe por quê? Porque não tem nenhum governo que tratou do agronegócio como nós tratamos. Eu vou dizer para você, nós fizemos uma medida provisória, 432 se não me falha a memória, de 2008, que fez uma negociação, sabe, com os produtores rurais em 85 bilhões de reais, se não eles tinham quebrado.”

Em seguida, o presidente reafirmou a posição do agronegócio com o desmatamento. “Eu vou dizer ao que que eles atribuem: toda a nossa política em defesa da Amazônia. A nossa política em defesa do Pantanal, a nossa política em defesa da Mata Atlântica, ou seja, a nossa luta contra o desmatamento faz com que eles sejam contra nós”, afirmou Lula.

“Outro dia eu fui em uma reunião e perguntei para um fazendeiro: então, queria que você me dissesse qual foi a terra produtiva que o sem-terra invadiu. Qual foi a terra produtiva que o sem-terra invadiu? Porque o sem-terra invadia terras improdutivas, quem fiscalizava a terra era o INCRA e quem pagava era o governo. Tinha hora que eu achava o seguinte: acho que o sem-terra está fazendo favor para os fazendeiros, porque está invadindo terras para o governo pagar.”

Relação do Agronegócio e Amazônia

A jornalista Renata Vasconcellos insistiu na questão, afirmando que “agronegócio e o meio ambiente caminham juntos” e que a fala de Lula fazia parecer que o “setor do agronegócio faz oposição ao meio ambiente, ao meio ambiente sustentável”, ao que Lula reiterou sua posição ao agronegócio.

“Mas você tem um monte que quer [desmatar]. Você está lembrada que o atual presidente tinha um Ministro do Meio Ambiente que dizia que era para invadir com a boiada para desmatar a Amazônia. Nós não precisamos plantar milho, soja ou cana nem criar gado na Amazônia. O que nós precisamos é explorar corretamente, cientificamente, a biodiversidade da Amazônia para que a gente tire daquela riqueza da biodiversidade produtos para a indústria de fármacos, para a indústria de cosméticos e gerar emprego para aquelas pessoas”.

Por fim, Renata fez a pergunta mais direta, questionando qual será o papel do MST no governo de Lula, momento no qual Lula saiu em defesa do MST e divulgou alguns feitos do Movimento.

O MST está fazendo uma coisa extraordinária: está cuidando de produzir. Não sei se você sabe, o MST hoje tem várias cooperativas. O MST é maior produtor de arroz orgânico do Brasil. Você tem que visitar uma cooperativa do MST, Renata. Você vai ver que aquele MST de trinta anos atrás não existe mais.”

Por fim, o presidente finalizou a questão falando sobre esta relação. “Agora o Bolsonaro está ganhando alguns fazendeiros porque está liberando armas. Tem gente que acha que é bom ter arma em casa, bom matar alguém. Não! O que nós queremos é pacificar esse país, porque pra mim o pequeno produtor rural, o médio produtor rural, tem que viver pacificamente”, concluiu.