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Arroz orgânico citado por Lula no Jornal Nacional também é produzido no RN

No Vale do Apodi, a produção em 2022 do arroz foi garantida por uma parceria entre o Governo do Rio Grande do Norte
MST promove 14ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz Agroecológico no RS
Foto: Acervo MST

Por Mirella Lopes
Da Saiba Mais – Agência de Reportagem

Em 2022, pequenos produtores da agricultura familiar no Rio Grande do Norte vão produzir cerca de 25 toneladas de arroz orgânico do tipo vermelho (da terra), na região do Vale do Apodi, com orientação do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) do Rio Grande do Sul. A produção em escala nacional foi lembrada pelo ex-presidente Lula, durante entrevista ao Jornal Nacional nessa última quinta (25), na série com os candidatos ao cargo nas eleições deste ano.

O MST é o maior produtor de arroz orgânico da América Latina, segundo o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), mas no RN esse tipo de cultivo ainda não está entre os mais tradicionais e se concentra, majoritariamente, nos acampamentos e assentamentos da região sul do país.

No Vale do Apodi, a produção em 2022 do arroz foi garantida por uma parceria entre o Governo do Rio Grande do Norte, agricultores, o MST do RS, o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Apodi (STTR) e a Rede Xique-Xique, que é credenciada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e fará a certificação orgânica. A produção será comercializado pela Terra Livre Agroecológica, que beneficia e vende alimentos orgânicos certificados produzidos por assentamentos rurais em sua maioria organizados pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST).

Arroz vermelho I Foto: Tatiana Santos
Arroz vermelho. Foto: Tatiana Santos

Os cerca de 12 assentamentos e oito acampamentos do MST no Rio Grande do Norte produzem, anualmente, toneladas de mandioca, batata doce, macaxeira, banana, abacaxi, grãos como feijão vede e milho, além de frutas como caju e, em menor quantidade, acerola e goiaba.

Por aqui, a produção se concentra no cultivo da mandioca (100 a 150 toneladas por ano), batata doce (de 100 a 120 toneladas), macaxeira (em torno de 80 a 100 toneladas anuais), banana (de 150 a 200 toneladas); abacaxi (de 70 a 90 toneladas); caju (20 toneladas) e grãos, como feijão (de 50 a 60 toneladas), feião verde (50 toneladas) e milho (de 90 a 100 toneladas).

Também há colheita de outras frutas, como acerola e goiaba, porém, em menor quantidade, por serem cultivos recentes, segundo Márcio Melo, que coordena o setor de produção do MST no RN.

O cultivo se concentra, principalmente, ao longo do litoral potiguar. Mas, também temos produções naquela região do Oeste e Alto-Oeste, que é mais seca. Por lá, fazemos aquele plantio de inverno com milho e feião. Além disso, também temos acampamentos com irrigação”, relata Márcio.

Atualmente, parte da produção já é plantada de acordo com as regras para cultivo de alimentos orgânicos, sem uso de agrotóxicos ou produtos químicos. A outra parte está em fase de transição do cultivo tradicional para o orgânico.

Parte da produção é vendida para atravessadores, outra parte vai para feiras locais e para programas do governo, que compra esses alimentos para fazer a merenda escolar de crianças e adolescentes da rede estadual de ensino.

MST doa alimentod durante a pandemia no RN I Foto: cedida
MST doa alimento durante a pandemia no RN. Foto: MST no RN

PRODUÇÃO DO MST NO RN

MANDIOCA: cerca de 100 A 150 toneladas por ano

MACAXEIRA: em torno de 80 a 100 toneladas por ano

FEIJÃO: de 50 a 60 toneladas, aproximadamente, por ano

FEIJÃO VERDE: cerca de 50 toneladas por ano

MILHO: entre 90 e 100 toneladas por ano

BATATA DOCE:  de 100 a 120 toneladas por ano

BANANA: em torno de 150 a 200 toneladas por ano

ABACAXI: 70 a 90 toneladas por ano

CAJU: cerca de 20 toneladas por ano

ACEROLA E GOIABA: cerca de cinco toneladas por ano, iniciando processo de produção

O QUE É O MST?

Fundado em 1985, o MST é um dos principais movimentos sociais da América Latina e, ao longo dos anos, vem sendo vítima de ataques sistemáticos de setores conservadores da sociedade e da mídia tradicional, que tentam criminalizar o movimento. Há deputados e deputadas no Congresso Nacional que defendem enquadrar o MST entre organizações terroristas.

Em 2012, o MST se tornou o maior produtor de arroz orgânico da América Latina. Foram 27 mil toneladas produzidas em 22 assentamentos diferentes e envolvendo 616 famílias gaúchas.

Brasil de volta ao mapa da fome

Mais 9 milhões de brasileiros entraram para um quadro de fome no ano de 2020, em comparação com 2018. Os dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan) mostram que enquanto em 2018 cerca de 10,3 milhões de brasileiros enfrentavam situação de fome, esse número subiu para 19 milhões de brasileiros em 2020.

Em 2014, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil deixou o Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas (ONU). Mas, a pesquisa de Orçamento Familiar feita pelo IBGE em 2017/2018, já mostrava que a segurança alimentar estava garantida apenas para 63,3% das casas pesquisadas.

A insegurança alimentar é considerada leve quando há preocupação com a quantidade e qualidade dos alimentos disponíveis. Passa a ser moderada quando há restrição na quantidade de alimentos e é considerada grave, quando o indivíduo passa fome.

Além das questões relacionadas à pandemia, estudiosos do tema atribuem o agravamento da fome no país à falta de políticas públicas. Um exemplo, é a extinção do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, que tem a tarefa de propor ao Governo Federal diretrizes e prioridades nas políticas para o setor. O Conselho foi fechado logo depois que Jair Bolsonaro assumiu a presidência da República.