7 de Setembro

Comunidade do Tatuquara recebe 28º edição do Grito dos Excluídos/as de Curitiba

Mobilização também está prevista para ocorrer em Londrina, Guarapuava, Cianorte, Maringá e Cascavel
Diálogo com a comunidade para a organização do Grito – Foto: Thainá Barbosa / MST-PR 

Por Setor de Comunicação e Cultura MST no PR
Da Página do MST

A comunidade Vila União, localizada no bairro Tatuquara, região sul de Curitiba, recebe a 28ª edição do Grito dos Excluídos e Excluídas, neste feriado da Independência da República, 7 de setembro. A mobilização também será realizada nas cidades de Londrina, Guarapuava, Cianorte, Maringá e Cascavel.

Em Curitiba, a mobilização começa com um café da manhã preparado pela própria comunidade da Vila União, seguido pela caminhada e termina com um almoço preparado pelo coletivo Marmitas da Terra.

Com o tema Brasil: 200 anos de (in)dependência. Para quem?, o Grito tem 7 eixos que tratam de assuntos atuais e que sempre estão em discussão. São eles: violência estrutural; dívida pública, dívidas sociais e direitos humanos; educação popular e trabalho de base; soberania alimentar: agricultura familiar no combate à fome e ao agronegócio; teto, terra e trabalho; democracia participativa e democracia representativa e defesa dos territórios.

A ação também busca servir como um momento de reflexão sobre os 200 anos de exploração e resistência no Brasil, para contribuir para o conhecimento e popularização da nossa história, em contraponto à história oficial, e denunciar este modelo que produz riqueza, gera desigualdades e exclusão. 

Para Silvia Kreuz, articuladora do Grito pela Arquidiocese de Curitiba, a edição deste ano é especial. “Temos as eleições e a necessidade de defender a democracia no nosso país, de olhar para o Brasil que nós desejamos construir daqui para frente. Estamos saindo de uma pandemia, de uma crise muito severa, pessoas em uma pobreza absoluta, gente passando muita fome sem saber se vai ter o que comer amanhã. Estamos com muitas pessoas desempregadas no Brasil, ou atuando em subempregos, sem direitos, e isso tudo acontecendo porque em muitos momentos se faz mais importante a economia de um mercado que a vida da população brasileira”.

As soluções para essa realidade virão da ação conjunta da população, garante a representante da Arquidiocese. “Nós estamos com um desafio muito grande de mudarmos as estruturas de trabalharmos em um projeto de um país popular, de um país que valoriza o seu povo, então queremos lutar contra as desigualdades, e queremos proteger nosso sistema político democrático e além disso, gritar por políticas públicas capazes de contemplar as minorias e de olhar para as pessoas vulneráveis e de promover justiça social, é isso que nós desejamos”. 

Por despejo zero e vida dignidade 

A Vila União existe desde o dia 13 de maio de 2021, quando centenas de famílias em situação de vulnerabilidade ocuparam um terreno abandonado. Atualmente vivem na ocupação cerca de 200 famílias, ao todo são mais de mil pessoas, das quais 220 são crianças, mais de 40 idosos, mulheres gestantes, pessoas portadoras de deficiência, além de imigrantes haitianos, venezuelanos e argentinos.

Foto: Ednubia Ghisi / MST-PR 
Foto: Juliana Barbosa / MST-PR 

A principal característica do trabalho das pessoas que residem na ocupação é a informalidade, cuja fonte de renda da maioria das famílias é o trabalho com material reciclável. Além dos pequenos vendedores de alimentos básicos, serviços gerais, salão de beleza, jardineiro, área da construção, entre outros. Porém, o número de pessoas desempregadas é grande, o que mostra que muitas famílias ainda vivem com a insegurança alimentar. 

No ano passado, uma mobilização organizada por diversos sindicatos, coletivos e movimentos garantiu a construção de uma cozinha comunitária e a partilha de alimentos para as famílias. 

A luta central da comunidade é por moradia e contra os despejos, assim como milhares de famílias curitibanas que vivem em áreas de ocupação. A comunidade reflete um problema da capital e de todo o estado. A Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar) divulgou, em 2020, dados que revelam um déficit de 511.746 domicílios no estado. Somente em Curitiba, cerca de 50 mil famílias vivem em ocupações irregulares, segundo dados da Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab), em março de 2022. 

O que é o Grito 

O Grito dos(as) Excluídos(as) é uma mobilização nacional realizada desde 1995, como um contraponto ao Grito do Ipiranga, que não trouxe a verdadeira independência ao povo brasileiro. O lema permanente é “A vida em primeiro lugar”, bastante atual neste contexto de pandemia da Covid-19, aumento da fome e do desemprego no país. 

A ação é organizada por um conjunto de entidades ligadas à igreja católica, movimentos populares, sindicatos e organizações sociais. A maior parte das entidades compõem a articulação União Solidária, que realiza ações de ajuda humanitária em comunidades carentes de Curitiba e região, desde o início da pandemia da covid-19, em junho de 2020.   

Confira os locais e horários do Grito no PR: 

Quando: 7 de Setembro

  • Curitiba: 9h, Barracão da Comunidade Vila União, na Rua Prof. Clara Kaehler, Tatuquara – Próximo da casa 51.
  • Cianorte: 8h, rua Matriz Santa Rita de Cássia, Av. Coruja, 672, Jardim Vitória. 
  • Maringá: 14h30, Praça Raposo Tavares.
  • Guarapuava: 13h, Paróquia São Pedro e São Paulo, Bairro Industrial.
  • Londrina:  8h, Paróquia Santa Cruz, Rua Wilson Gonçalves Brandão, 536.

*Editado por Fernanda Alcântara