Perfil Lutadora

“É um momento muito esperado, como coletivo e como indivíduos também”

Conheça Bruna Isidoro Sampaio, cicloativista, arte educadora, percussionista e artista visual que fez depoimento em Encontro de Lula com Cooperativas
Bruna Isidoro Sampaio, do Señoritas Courier durante o encontro Cooperativismo e Economia Solidária com Lula. Foto: Emilly Firmino

Por Fernanda Alcântara
Da Página do MST

Arte, cultura e resistência são mais do que palavras para Bruna Isidoro Sampaio: são vida. Cicloativista, arte educadora, percussionista, artista visual, ela é integrante do coletivo Señoritas Courier e foi uma das pessoas que puderam dar seu depoimento de luta e esperança para o candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva, em encontro das cooperativas e do Movimento de Economia Solidária, realizado na última quarta-feira (14).

Bruna foi uma entre as mais de mil e quinhentas pessoas que estiveram no Galpão do Armazém do Campo, em São Paulo com o objetivo de apresentar os caminhos para o combate à fome e geração de emprego e renda aos brasileiros. Em 2020, ela conheceu o coletivo que lhe acolheu no momento tão difícil da pandemia em que perdeu seus trabalhos como arte educadora. “Na época da pandemia, eu perdi os meus trabalhos, fiquei sem renda, e a partir daí eu comecei a a integrar o coletivo Señoritas Courier“.

Señoritas Courier, afiliada da Unisol Brasil, é um coletivo de mulheres e pessoas LGBTQIAP+ que, desde 2017, atua na área de ciclologística na cidade de São Paulo, com o serviço de entrega de produtos, encomendas e documentos, utilizando exclusivamente a bicicleta.

“Somos um corpo coletivo e nos acolhemos para juntes irmos além”, disse Bruna. “Nós não fazemos parte dessa rede de aplicativos ou plataformas, que se dizem justos, mas que exploram trabalhadoras e trabalhadores até que esses caiam entregando comida sem comer, ou atropelados nas ruas, sem assistência alimentar ou amparo”.

O coletivo, atualmente, conta com dez integrantes, já tendo em seu cadastro mais de 50 pessoas que realizaram entregas, sempre observando condições de trabalho decente para as mesmas, muitas das quais antes eram invisibilizadas e trabalhavam em condições precárias impostas pelas plataformas de entregas.

“Reconhecemos nossa importância antes de sermos descobertas na pandemia. Entregamos produtos, alimentos, documentos e muito mais que movimentam a economia de milhões e milhões pela cidade. Nós buscamos clientes por conta própria, como a cooperativa Terra e Liberdade, que recentemente nos permitiu entregar produtos orgânicos e isso é uma baita parceria.”

Confira o depoimento completo de Bruna Sampaio, para o MST:

“Eu sou Bruna, sou artista e eu faço parte do coletivo das Señoritas Courier, um coletivo que faz entregas de bicicletas por São Paulo, de mulheres e pessoas LGBTQIA+. Esse coletivo existe desde 2018, mas foi em 2020, com a pandemia, que ele ganhou força.

Começamos a nos organizar sobre trabalhar de forma cooperada, tentar virar uma Cooperativa, porém as leis pra criar uma cooperativa, as burocracias, elas impedem que pequenos coletivos se formalizem. E estamos na luta até hoje, participando de seminários, de vários congressos e encontros. A Aline Os, que é a fundadora do coletivo, esteve lá no Rio Grande do Sul, fez parte da produção desta Plataforma de Ações Estratégicas do Cooperativismo Solidário também.

Estamos trabalhando nessa militância da mobilidade, dos orgânicos, mas principalmente de inclusão e diversidade, de diferentes corpos”.

Nós estamos aqui para falar com pessoas como eu e meus companheiros, mas também músicos e vários outros coletivos e cooperativas sobre a nossa plataforma, porque já entendemos que é preciso nos apropriar da tecnologia para avançar. Apoiem a nossa luta, pela formalização para garantir trabalho e futuro dignos.

É um momento muito esperado, como coletivo e como indivíduos também, porque vimos de perto como que a vida ficou difícil nesses últimos quatro anos. Sofremos na pele e estamos sofrendo ainda com a falta de recursos, com a falta de incentivo. Mas agora temos a esperança de se formalizar, de crescer, de conseguir ter direitos, dignidade, de trabalhar, de receber valores dignos, de ter uma vida digna.

Temos muita esperança de que os próximos quatro anos possam ser como antes, porque a gente tem muita saudade de ter oportunidades. Estamos vivendo esse momento tão crítico, mas com tanta esperança do Lula voltar e assumir de novo a presidência.

*Editado por Solange Engelmann