Eleições 2022

Lula firma defesa do meio ambiente e fortalecimento de aparelhos públicos de fiscalização

O debate foi o último espaço em rede nacional de televisão antes do 2 de outubro
Foto: Ricardo Stuckert

Por Wesley Lima
Da Página do MST

O último debate do primeiro turno das eleições, transmitido e organizado pela Globo, foi marcado por provocações, polêmicas e propostas para o futuro do país. Participaram na noite desta quinta-feira (29) os candidatos Lula (PT), Ciro Gomes (PDT), Jair Bolsonaro (PL), Luiz Felipe D’Ávila (NOVO), Simone Tebet (MDB), Soraya Thronicke (União Brasil) e Padre Kelmon (PTB).

Seguindo a lei eleitoral, foram convidados os candidatos de partidos com representação no Congresso Nacional de, no mínimo, cinco parlamentares e sem impedimento na Justiça, seja eleitoral ou comum.

O debate, mediado por William Bonner, rendeu discussões sobre temas pertinentes ao país, como economia, políticas públicas, moradia, agricultura e meio ambiente, por exemplo. Para Lula, alvo de vários ataques e perguntas durante a noite, a luta contra as desigualdades sociais, com o objetivo de “garantir dignidade ao povo brasileiro” marcou a sua participação no debate.

Rememorando conquistas importantes para os trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade durante o seu governo e no de Dilma Rousseff, Lula destacou que com o PT os mais pobres tiveram 80% do aumento real na renda, que foram criados 22 milhões de empregos, que houve uma maior inclusão social da história. “A verdade nua e crua é que tive o prazer de governar esse país e fazer a maior política de inclusão social”, e continua: “o povo comia picanha porque talvez você coma algo melhor”.

Por outro lado, Bolsonaro aproveitou, mais uma vez, do espaço em rede nacional para disseminar mentiras, e acusar Lula por crimes de corrupção. Nesse sentido, Lula disparou: “o atual presidente devia ter o mínimo de honestidade. Eu criei quadrilha? E a quadrilha da rachadinha? Do ministério da educação? Ele devia olhar o espelho e para o governo dele! E as vacinas? Não sou eu quem estou dizendo, é a CPI da COVID.”

“No dia 2 de outubro o povo vai te mandar para casa.  E tem mais, eu vou fazer um decreto para acabar com o seu sigilo de 100 anos, eu quero saber o que você anda escondendo”, disparou Lula.

A problemática da fome, que aparece como um problema histórico no Brasil, se agravou durante o governo de Bolsonaro. Mas, mesmo assim, o atual presidente afirma que “não há brasileiros passando fome”. Segundo dados do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN), a fome avança e cada vez mais rápido pelo Brasil.

Um levantamento divulgado no dia 8 de junho deste ano mostra que o país soma atualmente cerca de 33,1 milhões de pessoas sem ter o que comer diariamente, quase o dobro do contingente em situação de fome estimado em 2020. Em números absolutos, são 14 milhões de pessoas a mais passando fome no país.

“Nós vamos proibir permanentemente qualquer garimpo ilegal”

Foto: Ricardo Stuckert

O tema da relação com o meio ambiente com certeza foi um dos pontos altos da noite de debate, porque o mesmo se conecta com outras temáticas importantes, como agricultura, agronegócio, economia, geração de emprego e renda. Lula tem se posicionado como um defensor dos biomas brasileiros. O Relatório anual do Desmatamento, do Mapbiomas, de julho deste ano, comprovou que o agronegócio foi responsável por 97% do desmatamento no Brasil em 2021.

Nós temos 30 milhões [de hectares] de terras degradas, de pasto degradado, que você pode utilizar para plantar o que quiser, sem derrubar uma árvore”, denuncia Lula. “Sabemos que em um determinado momento, e governo, o Brasil desrespeitou todo comportamento em respeito ao clima. O que podemos fazer em relação a isso?! Desde a COP 15, em Copenhagen, o nosso governo transformou o Brasil no país que mais controlou o desmatamento e ainda assumiu uma responsabilidade que é reduzir o Dióxido de carbono. Nós vamos proibir permanentemente qualquer garimpo ilegal, não vamos deixar nenhum agronegócio entrar nas nossas florestas, no pantanal.”

Com base no discurso e da necessidade de construir um Brasil “sustentável”, algumas proposta foram realizadas, entre elas, se destacam a recuperação dos órgãos de preservação e fiscalização e a necessidade de adotar estratégias para um desenvolvimento justo, solidário e sustentável da “economia verde” em nosso país.

Ao final da sua participação no debate, Lula reafirmou algumas ações desenvolvidas em seu governo com o objetivo de apontar para o futuro e de fazer o país “esperançar novamente”.

“Eu tenho muito orgulho de ter construído o FIES [Programa de Financiamento Estudantil], tenho orgulho do Prouni, tenho orgulho do REUNE, tenho orgulho das 42 escolas técnicas que nós fizemos. Tenho orgulho do Brasil Sem Fronteira, que mandou 100 mil jovens para estudar lá fora para se formar e se preparar para oBrasil ser mais competitivo. Tenho orgulho de ter virado protagonista internacional quando o Brasil era respeitado no mundo inteiro. Tenho orgulho que o meu governo, que foi o único convidado para participar de toda a reunião do G8 e do G20. Tenho orgulho de ter sido escolhido como o melhor presidente da história do Brasil. E vocês sabem o que nós somos capaz de fazer.”

1º turno

O debate foi o último espaço em rede nacional de televisão antes do 2 de outubro, data da votação do 1º turno das Eleições 2022. Segundo pesquisa do Datafolha sobre a disputa presidencial divulgada nesta última quinta-feira (29), Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está com 50% dos votos válidos, contra 36% de Jair Bolsonaro (PL).

*Editado por Fernanda Alcântara