Solidariedade

Venda de livro sobre a fome doará frutas da Reforma Agrária para população de rua

Primeira entrega aconteceu nesta quinta-feira (01) durante o café da manhã servido pelo Centro Comunitário da Paróquia São Miguel Arcanjo
Padre Júlio recebe doação de mangas do MST para compor o café da manhã ofertado para as pessoas em situação de rua de São Paulo / Foto: Marla Galdino / MST

Da Página do MST

Para dar vida os livros Fome: Como Enfrentar a Maior das Violências e A Terra é Plena: Como alimentar o mundo e Cuidar do Planeta, Camilo Vannuchi e Simone de Camargo visitaram, pesquisaram e vivenciaram diversas experiências sobre solidariedade e agroecologia. Durante essa jornada, os autores foram tocados pela solidariedade Sem Terra e, assim, resolveram colocar na prática as propostas do livro.

A partir de um acordo entre os autores, o MST e o Centro Comunitário da Paróquia São Miguel Arcanjo, a venda dos livros poderá proporcionar um café da manhã mais rico, com alimentos do MST, especialmente frutas, para as 600 pessoas assistidas pela comunidade do Padre Júlio Lancellotti.

“Parte dos recursos da venda dos livros será destinado para a compra de frutas da agricultura familiar, da reforma agrária, dos assentamentos. Então serão doadas as frutas para o Centro Comunitário da Paróquia São Miguel Arcanjo, que fica na Moóca, conhecida pela ação de solidariedade liderada pelo Padre Júlio Lancellotti”, afirmou Carla Bueno, do setor de produção do MST.

No livro, os autores fazem uma análise sobre a fome no Brasil nos dias atuais, as saídas para isso no sentido da agroecologia e a produção de alimentos saudáveis para o desenvolvimento de sistemas agroflorestais.

Sobre o livro

Nesta obra dupla, editada como se fossem dois livros em um único volume (uma capa de cada lado e dois sentidos de leitura), os autores Camilo Vannuchi e Simone de Camargo apresentam o desolador retrato da fome no Brasil e indicam caminhos para superá-la.

São 33 milhões de brasileiros com fome. Não a fome eventual de quem ficou preso no trânsito e precisou pular o almoço em razão de um compromisso inadiável. Tampouco a fome esporádica de quem faz jejum por motivação religiosa ou para um exame médico. No ano em que o Brasil comemora 200 anos de independência, 15% da população não tem o que comer e mais da metade das pessoas não tem certeza se poderá se alimentar ou dar de comer aos filhos nos próximos dias.

Este livro é resultado de um esforço coletivo para registrar os efeitos da pior agressão a que um ser humano pode ser submetido: a violação do direito fundamental à vida, à alimentação em quantidade e com qualidade suficientes, num momento em que assistimos a uma escalada inédita da desnutrição e da extrema pobreza.

Três décadas após o lançamento da Ação da Cidadania Contra a Fome, a Miséria e pela Vida e 20 anos depois do Programa Fome Zero, Camilo Vannuchi e Simone de Camargo visitam os escombros de um Brasil em frangalhos e, agora, se propõem a contribuir para a construção de uma nova política agrícola e de segurança alimentar, que volte a colocar os mais pobres no orçamento e que seja, desde a origem, justa, solidária, restaurativa, diversa e sustentável.

Neste sentido, os autores narram episódios dramáticos da violência praticada contra quem tem fome (a disputa por ossos; a prisão de uma mãe por furtar comida; a rotina de quem luta pela sobrevivência em lixões ou nas ruas) e entrevistam especialistas e ativistas como José Graziano da Silva, Padre Júlio Lancellotti, Frei Betto, João Pedro Stedile, Kelli Mafort, Diogo Cabral, Walter Steenbock e Namastê Messerschmidt.

Os autores também buscam inspiração na agricultura praticada pelos povos originários, visitam assentamentos do MST, denunciam os malefícios dos agrotóxicos e apresentam experiências bem-sucedidas em agricultura regenerativa e em sistemas agroflorestais agroecológicos, práticas altamente recomendáveis para superar o maior desafio da década: como vencer a fome sem destruir o planeta?