Festival da Reforma Agrária

Oficina do MST traz debate sobre Cooperação e Comercialização Digitais

Primeira oficina do Festival começa com experiências sobre a importância do e-commerce na luta pela Reforma Agrária Popular
Foto: Filipe Augusto Peres

Por Fernanda Alcântara
Da Página do MST

Vivemos um período em que as tecnologias são cada vez mais centrais no modo como o mundo se organiza social e economicamente. Neste sentido, o debate sobre as TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação) tem sido incorporado na organicidade do Movimento dos Sem Terra, como uma importante ferramenta para o desenvolvimento da Reforma Agrária Popular.

Entendendo a necessidade de se manter atualizado sobre a questão, o MST realizou a primeira oficina da Festival da Reforma Agrária com o tema “Cooperação e Comercialização Digitais”, tendo em vista que cada vez mais militantes têm assumido tarefas ligadas a essas tecnologias.

A venda dos produtos de assentamentos e acampamentos do MST ganhou uma nova proporção nos últimos anos, em especial após a pandemia. Mais de 30 pessoas puderam aproveitar esse momento de encontro no Festival da Reforma Agrária em São Paulo para reunir algumas das diversas experiências desenvolvidas no último período, além de oferecer outras oficinas que abrangem a vida cotidiana dos trabalhadores e trabalhadoras rurais do país.

O público era composto de feirantes, militância e público em geral da feira, que pode entender um pouco mais sobre o processo de construção e desenvolvimento das ferramentas de venda online.

E-Commerce e MST

E com este objetivo de compartilhar e construir um acúmulo coletivo do que tem sido feito nesta área, a oficina começou com a fala de Felipe Esteves, do aplicativo “Faz a Feira”, que fez uma breve exposição sobre a criação do aplicativo como uma forma de aproximar os produtores do consumidor final, fazendo frente às vantagens dos produtos de supermercados.

“Percebemos que muitas pessoas querem usar o dinheiro que gastam com alimentação de uma forma construtiva, como ferramenta política mesmo. Então nosso foco foi trazer mais produtores, mesmo aqueles que não tem tanta familiaridade com o digital, para este universo, esta aproximação”, afirmou Felipe.

Fotos: Filipe Augusto Peres

Lucca e Raul, da cooperativa Terra e Liberdade, seguiram o debate relatando como acontece este processo na cooperativa, que conta com a produção de dois assentamentos e um acampamento, localizados na região metropolitana de São Paulo. Eles descaram a importância de um consumo “mais do que responsável, mas um consumo militante”, e com tem sido esta experiência no ciclo produtivo.

Do Rio Grande do Sul veio o relato de Sarita, do Terra Livre, uma ferramenta de comercialização de diferentes cooperativas do estado em áreas da Reforma Agrária. Sarita ressaltou a importância destas ferramentas para dar respostas às demandas como a comercialização da produção do Arroz, a maior da América Latina, além da inclusão da ferramenta na campanha de solidariedade do MST e o vínculo com o Armazém do Campo.

Encerrando este primeiro momento de debate, Allan, da Cooperativa EITA, contou sobre a experiência da cooperativa no suporte para diferentes movimentos sociais, citando um aplicativo de autodemarcação de uma comunidade indígena. Fundada em 2011, e formalizada em 2014, a EITA – Cooperativa de Trabalho Educação, Informação e Tecnologia para Autogestão atua junto aos movimentos sociais do campo popular, em suas lutas pela economia solidária, reforma agrária, agroecologia, saúde e justiça social.

Sobre o Festival da Reforma Agrária

Ao longo deste final de semana, de 2 a 4 de dezembro, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realiza o Festival da Reforma Agrária, uma mostra da produção das associações e cooperativas do Movimento, que ocupam o Galpão do Armazém do Campo, em São Paulo.

Após este primeiro debate, o espaço seguirá neste sábado (3) com a oficina “Materiais recicláveis”, conduzida pela Unicatadores; “Economia de gás”, “Produção de Fitoterápicos e Fitocosméticos” e “Manejo e Uso de Frutas Nativas da Mata Atlântica”, em uma maratona formativa de oficinas, das 10h até às 17h todos os dias dos festival.

*Editado por Solange Engelmann