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Feira Estadual da Reforma Agrária: MST promete duas edições do evento em 2023

Reconhecida como patrimônio cultural e social do Rio, a feira é o principal evento de comercialização do MST no estado.
A lei 5.999/2015 reconhece como de interesse cultural e social para o Rio de Janeiro a Feira Estadual da Reforma Agrária Cícero Guedes – Leon

Por Brasil de Fato Rio de Janeiro

A 14ª edição da Feira Estadual da Reforma Agrária Cícero Guedes movimentou o Largo da Carioca, no centro do Rio de Janeiro, com atividades culturais, oficinas, debates e as tradicionais bancas de produtos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) durante os dias 5, 6 e 7 de dezembro.

Reconhecida como patrimônio cultural e social do Rio pela lei 5.999/2015, a feira é o principal evento de comercialização do MST no estado e oferece uma variedade de alimentos saudáveis produzidos nos assentamentos do interior do estado, além do sudeste e de movimentos parceiros.

Raoni Amaral, da direção estadual do MST, afirma que a feira que tradicionalmente acontece no mês de dezembro terá uma edição a mais a partir de 2023, que deve acontecer no mês de julho. Ele também comentou sobre a escolha do lema para este ano: “semeando um novo Brasil por justiça social e soberania alimentar”.

“A Feira é um ponto de resistência dos movimentos populares, abrindo um período de redemocratização que a gente consiga semear um novo projeto para o Brasil. Construindo a soberania alimentar para a justiça social e os direitos humanos. Para 2023 vamos construir duas feiras estaduais da reforma agrária, em julho e dezembro”, disse Raoni, do assentamento Irmã Dorothy, no sul fluminense.

Para Ana Alves, moradora do assentamento Dandara dos Palmares, em Campo dos Goytacazes, no Norte Fluminense, a feira é a melhor forma de comercialização para os agricultores.

“A feira tem uma importância de escoar nossas mercadorias sem atravessadores. A gente perdia muito com isso, e através da feira escoamos a produção com mais facilidade e temos mais renda”, relata Ana, que participa do Coletivo de Saúde Harmonia da Terra e levou para a feira fitoterápicos, sucos, farinha, abacaxi e manga.

Além de frutas, legumes, raízes e folhas, a população carioca também teve oportunidade de conhecer produtos beneficiados e da agroindústria de cooperativas, associações e coletivos de trabalho de diferentes regiões organizados pelo MST em mais de 40 bancas.

A jovem Rafaela Viana levou a produção de abacaxis da família no assentamento Dandara dos Palmares para o centro do Rio. “A população vê de onde vem os produtos. O que a gente traz para vender é o que a gente dá para nossa família”, contou Rafaela.

O espaço de encerramento da feira, na última quarta-feira (7), foi realizada uma troca de experiências agroecológicas e de mudas e sementes com mediação do projeto de agroecologia Cooperar Maricá, MST e Rede Carioca de Agricultura Urbana (CAU).

Histórico

No Rio, a Feira Estadual da Reforma Agrária foi batizada em homenagem ao militante do MST, Cícero Guedes, assassinado em 2013. Cícero foi morto por pistoleiros nos arredores da Usina Cambahyba, onde coordenava o Acampamento Luiz Maranhão em Campos dos Goytacazes, região do norte fluminense.

De acordo com as investigações, Cícero foi vítima de uma emboscada. O julgamento do caso foi marcado pela impunidade que perpetua a violência no campo. Isso porque o principal suspeito de ser o mandante do crime foi inocentado.

Além de uma grande liderança na luta pela reforma agrária, Cícero Guedes era considerado uma referência em conhecimento agroecológico, por conta das técnicas agrícolas sustentáveis que utilizava em seu lote no Assentamento Zumbi dos Palmares.