Resistência

Resistência Palestina: 35 anos da Primeira Intifada

O processo histórico de levante do povo palestino contra ocupação israelense dura até os dias de hoje
Nablus Palestina Intifada. Foto:AFP

Da Página do MST

O mês de dezembro marca um dos principais episódios da resistência do povo palestino. Era 8 de dezembro de 1987 quando um israelense bateu com um caminhão contra dois carros cheios de palestinos na Faixa de Gaza, com o choque dois palestinos morreram e muitos ficaram feridos. No funeral, o exercito israelense agiu contra um grupo de pessoas que se manifestavam contra as ocupações, o grupo revidou e os oito acampamentos da região entraram no confronto, ali irrompeu a primeira Intifada.

O levante se espalhou por todas as regiões da Palestina ocupadas, com toda a revolta dos palestinos diante da situação a que são submetidos e tomou às ruas.

Na tentativa de conter as manifestações, o então primeiro ministro de Israel Yitzhak Rabin ordenou que o exército “quebrasse os ossos” dos manifestantes palestinos. O exército israelense levou a cabo as ordens e, ao sentir que as manifestações cresciam em todo o território, começou a usar munição letal contra os palestinos. Cinco anos depois de iniciados os conflitos foi assinado o Acordo de Oslo, na ocasião, Palestina e Israel se comprometeram, com intermédio dos Estados Unidos, em negociar uma solução para os confrontos que deixaram 1200 palestinos mortos.

A Intifada também foi um protesto de organização sem precedentes na história palestina. A organização de comitês de trabalho voluntário, de mulheres e sindicatos profissionais, foram cruciais na difusão de ideias de solidariedade em todo o mundo. A criação de uma Direção Nacional Unificada da Intifada, cuja tarefa consistia em formular as reivindicações imediatas de ordem nacional e estabelecer técnicas de resistência, demonstrando uma grande capacidade de mobilização dos palestinos. 

Desde então, a data ficou marcada como um dos símbolos da luta e da resistência do povo palestino.

A segunda Intifada começou em setembro de 2000, depois de uma visita de Ariel Sharon à Esplanada das Mesquitas, lugar sagrado para os muçulmanos. Os confrontos duraram quatro anos e deixaram mais de 3.300 palestinos mortos.

O processo histórico de levante do povo palestino contra ocupação israelense dura até os dias de hoje. A resistência diante do roubo sistemático de território é marca de todo um povo que também necessita da solidariedade internacional para manter viva a luta contra o sionismo.

2022 viu uma crescente de assassinatos

Milhares de pessoas tomam as ruas e choram por palestinos mortos por Israel em Nablus. Outubro, 2022. Foto: Majdi Mohammed

O ano de 2022 se encerra como o mais violento para o povo palestino desde que ONU começou a mapear as mortes e criar estatísticas sobre a violência política de Israel, de acordo com o enviado da Organização das Nações Unidas para o Oriente Médio. Até 30 de novembro, 136 palestinos haviam sido assassinados e os meses de novembro e dezembro foram palco de uma escalada no número de mortes na Cisjordânia e em Gaza. 

Somente este ano, 26 novos batalhões das Forças Armadas de Israel foram direcionados para a Cisjordânia, criando um clima de violações recorrentes dos Direitos Humanos, com invasões cada vez mais constantes de vilas e prisões administrativas de um grande contingente de jovens palestinos. Dois irmãos de 20 anos, Jawad e Zafer Rimawi, viraram símbolo da escalada violenta da ocupação militar, racista e colonialista de Israel, ao serem assassinados próximo à Ramallah em 29 de novembro. Os crimes de Israel chocam o mundo e o povo palestino têm subido o tom dos protestos em reação.

Internacionalismo

Desde 2011, o MST organiza a Brigada de Solidariedade Ghassan Kanafani, que reúne militantes da Via Campesina e outros movimentos para o trabalho voluntário na colheita de azeitonas em vilas da Cisjordânia, o movimento também atua ativamente em campanhas pela libertação dos prisioneiros políticos.

Além disso, no Brasil cresce a solidariedade ao povo palestino, apesar do um aumento no número de acordos entre governos Brasil-Israel no último período, várias iniciativas vêm se desenvolvendo no país.

São muitas as organizações que realizam debates, cursos, atos, seminários, encontros, atividades culturais, manifestações contra a política de genocídio, limpeza étnica e apartheid de Israel.

ENFF é declarada Território Livre de Apartheid. Foto: Júnior Lima

No último sábado (10), durante o Encontro dos Amigos e Amigas do MST, a Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF) foi declarada pelo Movimento BDS (Boicote, Desinvestimentos e Sanções) como Território Livre de Apartheid, em reconhecimento à luta permanente pela causa Palestina.

“Cada espaço, escola, Armazém ou organização deve se declarar Espaço Livre de Arpatheid, se incluindo no mapa mundial que resiste junto contra o fascismo, racismo, colonialismo e gritam por um basta dessa política que segue matando povos. Queremos construir espaços livres de Arpatheid capazes de construir um processo justo para o Brasil, mas também para todo o mundo, sendo sementes e terreno férteis”, declarou Maren Mantovani, da Secretaria Internacional do BDS Movement. 

*Editado por Solange Engelmann