Internacionalismo
Intercâmbio na França reafirma o Internacionalismo e a solidariedade entre os povos
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Da Página do MST
Desde o dia 5 de novembro, dois militantes Sem Terra desembarcaram na França para participar de um intercâmbio construído pelo Comitê de Amigos do Movimento Sem Terra no país. O comitê existe há mais de 20 anos e tem desenvolvido iniciativas de solidariedade com a luta do MST no Brasil, além de fortalecer articulações com movimentos e organizações sociais.
O Intercâmbio tem três grandes objetivos. O primeiro é garantir a construção de espaços de estudos sobre a questão agrária francesa, assim como os desafios e perspectivas do acesso à terra e a produção de alimentos orgânicos no país. O segundo objetivo diz respeito ao processo de luta social protagonizado pelos franceses nos últimos anos. A ideia é que durante a vivência na França seja possível conhecer de perto algumas iniciativas de organização dos trabalhadores, a partir do processo sindical, feminista e das lutas antirracistas ou contra a LGBTQIAP+fobia.
Por fim, a experiência na França tem dialogado sobre a realidade brasileira, as principais lutas construídas ao longo da história e os principais desafios postos frente as últimas conquistas eleitorais.
Ao todo o intercâmbio acontecerá em três meses e, até o momento, 1 mês e um pouco mais de 15 dias de atividades e encontros já foram realizados em distintas regiões do país. Até o momento, Jeisse Carvalho, do Coletivo de Juventude do MST, e Wesley Lima, da direção nacional do Movimento, visitaram 11 cidades e territórios e participaram de 70 atividades em todo o país. A agenda está fechada até o dia 2 de fevereiro de 2023, quando os militantes retornam para o Brasil.
“O intercâmbio tem nos permitido visitar e conhecer realidades diferentes, porém com similaridades ao que temos no Brasil, no ponto de vista, as contradições do capital, dos desafios impostos ao processo de organização popular, e claro, o papel da político que a produção de alimentos cumpre frente ao crescimento de uma produção com veneno, exploração do trabalho e desigualdades sociais”, explica Carvalho.
Produção de alimentos “bio”
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Com certeza um dos pontos altos do intercâmbio tem sido as visitas nas fazendas de produção de alimentos orgânicos (“ferme bio”). Esse tipo de produção na França cresce até 15% ao ano e o país é líder europeu na troca da agricultura tradicional para o cultivo sem produtos químicos.
Neste primeiro mês de atividades do intercâmbio, os militantes Sem Terra conheceram pequenas experiências de produção de alimentos em áreas de 30 a dois hectares. Cada experiência, com base na organização produtiva orgânica e com foco no núcleo familiar, cooperada, coletiva ou associada, apontava para práticas diferentes.
O rótulo “Agriculture biologique” na França significa o reconhecimento de um tipo de produção sem insumos químicos sintéticos. As áreas produtivas possuem um “rótulo” que valida um método de produção sem agrotóxicos. Mas isso não tem nada a ver com a noção de agroecologia ou agricultura camponesa que conhecemos. As explorações “biológicas” podem ser pequenas ou grandes, agronegócios ou agricultura camponesa, orientadas para a exportação ou para o consumo local.
Em 2020, existem 53.255 áreas de produção orgânica reconhecidas, ou seja, 12% das áreas (de um total de 416.054). A superfície orgânica duplicou desde 2015, atingindo 2,55 milhões de hectares, ou 9,5% da superfície agrícola francesa (26.864.000 hectares de superfície agrícola útil em 2020).
O mercado orgânico em 2020 atingiu 13 mil milhões de euros, o segundo maior da Europa depois da Alemanha (15,9 mil milhões de euros) e antes da Itália (4,6 mil milhões de euros). O setor biológico está em crescimento constante, mas representa apenas 6,5% do consumo alimentar francês. Ou seja, no momento, este setor continua a ser uma parte pequena do abastecimento alimentar.
A área de Mathieu, um jovem francês que trabalha em dois hectares na região de Dieulefit, foi visitada pelo MST. Ele trabalha sozinho na área e tem conseguido desenvolver com baixo custo um processo produtivo diversificado e com relações saudáveis entre o ser humano e a natureza.
Sem o uso intensivo de agrotóxicos e com pouco maquinário, Mathieu tem conseguido garantir o seu sustento e da família a partir da comercialização dos alimentos produzidos na área que ele alugou.
Próximos passos
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O intercâmbio segue com uma série de atividades, entre elas estão previstas encontros com mais movimentos e organizações sociais franceses, reuniões com ONGs, estudo sobre as lutas antirracistas na França, estudo sobre o feminismo e mais contato com a produção de alimentos, a partir de experiências coletivas.
“Estamos animados e motivados para seguir as agendas e aprender com as experiências daqui. A ideia é que possamos acumular coletivamente em torno dessas experiências, apontando um caminho concreto para construção da solidariedade internacional”, finaliza Carvalho.
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*Editado por Fernanda Alcântara