Encontro Estadual

A construção da Reforma Agrária Popular na Bahia é tema no 35º Encontro Estadual do MST

Debate trouxe à tona os temas da democratização da Terra, defesa da alimentação saudável, reestruturação social, combate à fome, cuidados com os elementos e recursos da natureza, criação de empregos e enfrentamento ao uso de agrotóxicos.

Por Caroline Oliveira e Felipe Viana
Da Página do MST

No segundo dia (14) do 35º Encontro Estadual do MST na Bahia, foi tema do debate a construção da Reforma Agrária Popular, organização e desafios da produção, que buscou dar ênfase à necessidade de mudança estrutural na relação que se estabelece a partir do acesso à terra, aos bens da natureza, aos modos de produção e organização camponesa. Para compor a discussão, estavam Debora Nunes e Ana Chã, da Direção Nacional do MST, Dr.ª Fabya Reis, da Secretaria de Desenvolvimento Social/BA, e Lucinha Barbosa, da Secretaria de Movimentos Sociais do PT.

Após a sua fundação, em 1984, o MST concentra a luta pela terra na defesa de um modelo clássico de Reforma Agrária no país. Neste projeto, o Movimento exigia mudanças estruturais em relação à concentração fundiária e mudanças sociais para o estabelecimento de uma sociedade mais justa e igualitária, centrada na inclusão do camponês assentado no mercado e no sistema capitalista de produção.

O MST, como movimento vivo e em constante construção, entendeu que era necessário produzir uma reformulação do ideário, reinventando as estratégias de luta pela terra e enfatizando o caráter popular da reforma agrária como instrumento de derrocada do agronegócio e do capitalismo – sistema que tem a exploração e opressão dos trabalhadores como condições de existência. As palestrantes pontuaram alguns caminhos para contribuir na reconstrução do país, principalmente num momento em que os movimentos sociais precisam se fortalecer contra o avanço do fascismo no Brasil. Nesse sentido, a Reforma Agrária Popular não perpassa apenas pela democratização da Terra, mas também na defesa da alimentação saudável, na reestruturação social, no combate à fome, nos cuidados com os elementos e recursos da natureza, na criação de empregos, e no enfrentamento ao uso de agrotóxicos.   

De acordo com Débora Nunes, da Direção Nacional do MST: “A tarefa é continuar construindo a Reforma Agrária Popular nos nossos territórios e por isso, temos grandes desafios para o próximo período, já que os quatro anos do governo Lula serão fundamentais para acumular forças”.  

A conquista do lote é o primeiro passo para democratização da terra, garantindo a terra para quem nela trabalha e produz alimentos saudáveis para a mesa da população, quebrando o ciclo do êxodo rural e contribuindo no fortalecimento do mercado interno nacional.

“A convergência da pauta da Reforma Agrária Popular e a discussão racial são indissociáveis. Os negros são a população Sem Terra, sem teto e em sua maioria fazem parte da classe trabalhadora”. Diz Fabya Reis, Secretária de Desenvolvimento Social da Bahia.

Para as famílias camponesas, a luta por políticas públicas que fortaleçam a agricultura familiar é diária e constante. Por esse motivo, a cada década o movimento Sem Terra reúne sua base para avaliação das ações e planejamento para os próximos períodos.

O nosso movimento vem acertando neste projeto de Reforma Agrária Popular. Resistimos na defesa do nosso projeto por terra, teto e pão para todos a partir da democratização fundiária no país. Essa luta não se separa do horizonte de construção do socialismo, do combate à exploração e opressão da classe trabalhadora.