Reforma Agrária Popular

MST realiza Encontro Regional no Pontal do Paranapanema

Com representações de vários municípios da região, a atividade reuniu a militância Sem Terra para debater a Reforma Agrária Popular no Pontal do Paranapanema.
Encontro Regional em São Paulo. Foto: João Gabriel Menezes

Por Coletivo de Comunicação do MST no Pontal do Paranapanema
Da Página do MST

Durante o dia de sábado (4), cerca de 100 militantes Sem Terra da região do Pontal do Paranapanema, extremo Oeste do estado de São Paulo, se reuniram em Teodoro Sampaio para realizar o Encontro Regional do MST. Esse Encontro marca o retorno desse espaço de formação e reflexões coletivos depois de três anos de atividades virtuais durante a pandemia.

Dentre os temas debatidos houve a análise de conjuntura, o calendário de lutas do MST, a Jornada Nacional das Mulheres Sem Terra e o balanço das lutas do MST na região no último período. Ainda tomou posse a nova Direção Regional do MST no Pontal do Paranapanema que atuará nas diversas tarefas, setores e coletivos no próximo período.

O Encontro se iniciou com uma mística de homenagem a dois militantes Sem Terra que tiveram uma contribuição histórica com a formação do MST e a luta pela terra na região. Mariam Farias e Laércio Barbosa estiveram no fronte da luta pela terra nos municípios da região desde meados dos anos 1990, se tornando referências políticas na Reforma Agrária no estado de São Paulo.

Encontro Regional em São Paulo. Foto: João Gabriel Menezes

O MST tem se colocado a disposição da sociedade no combate à fome, na preservação dos bens comuns, na formação política e construção da educação popular, no enfrentamento ao fascismo e defesa da democracia. No Pontal do Paranapanema, esses desafios orientam um conjunto de tarefa e atividades que envolvem a base social do Movimento Sem Terra através dos seus territórios de vivência e de trabalho: assentamentos, acampamentos, escolas do campo, associações e cooperativas etc.

O último período foi de grande disputa ideológica contra o neofascismo e contra o agronegócio, que adentrou nos territórios da Reforma Agrária ludibriando as famílias assentadas. Esse fenômeno, aliado com a escassez de políticas públicas e de renda e o projeto de paralisação da Reforma Agrária no governo Bolsonaro, causou uma desmobilização da luta pela terra. Diante disso, o desafio que se coloca neste momento é voltar a massificar as ações e retomar a luta pela terra, que se dará a partir da reorganização e geração de renda para a base social. Junto com isso, chamar a atenção da sociedade como um todo para a pauta da Reforma Agrária como uma medida urgente para o combate à fome e melhoria da qualidade de vida da população que vive o desemprego estrutural.

Para Marcio José, da Direção Nacional do MST, “precisamos reconquistar a nossa base social retomando as políticas públicas, os investimentos e as melhorias nas condições de vida do nosso povo. Retomar a luta pela terra não só para garantir as conquistas econômicas para a nossa base já assentada, mas garantir terra para os milhares de camponeses Sem Terra que estão passando fome nas pequenas e médias cidades”.

A Reforma Agrária é uma medida fundamental, num país com 850 milhões hectares de terra é impensável ter 120 milhões de pessoas passando fome. Essa conta não fecha. É preciso, portanto, trazer a Reforma Agrária novamente para o centro do debate.” – apontou.

Encontro Regional em São Paulo. Foto: João Gabriel Menezes

Durante esses últimos anos o MST do Pontal esteve presente e pautou as principais ações organizativas e políticas do movimento, como a Jornada das Mulheres Sem Terra, a Jornada Abril Vermelho, a Jornada da Juventude Sem Terra, atuando nos temas da Educação do Campo, da agroecologia e do Plano Nacional Plantar Árvores e Produzir Alimentos Saudáveis. Além disso, mantém as famílias de trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra organizados em luta na ocupação Gercina Mendes, em Mirante do Paranapanema, que estão lutando para que o Estado transforme a fazenda Santa Cruz do Kurata, já julgada como terra devoluta, em assentamento de Reforma Agrária.

Marisa da Luz, da Direção Estadual do MST em São Paulo, aponta que “o Encontro Regional do MST do Pontal trouxe presente as principais ações organizativas do MST e também os desafios organizativos da regional do Pontal para o próximo período, apontando as ações centrais e as táticas de luta essenciais para os enfrentamentos e ações do MST no próximo período, e, diante desse desafio, a composição da nova Direção Regional. Entendemos que a nova Direção Regional terá a tarefa fundamental de se debruçar e projetar, a partir do balanço organizativo, novas ações do MST no próximo período orientadas pelas linhas políticas que estão sendo construídas em nível nacional.

Finalizando o Encontro, a plenária aprovou uma nota de repúdio à nomeação de Guilherme Piai, empresário da região do Presidente Prudente aliado à burguesia agrária da região, para a Diretoria Executiva da Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo (ITESP). Piai também é político bolsonarista com discursos fascista e declaradamente contra a Reforma Agrária e contra as lutas sociais do MST. Ele não representa os interesses do povo paulista e não tem capacidade técnica, política e ideológica para estar à frente de uma instituição pública que deve servir às demandas dos trabalhadores e das trabalhadoras.

Um dos encaminhamentos finais foi o compromisso assumido coletivamente pela militância presente com a mobilização massiva da nossa base social em torno da produção de alimentos saudáveis, no combate à fome e a foco na luta da conquista da terras públicas devolutas.

*Editado por Fernanda Alcântara