8 de Março

Mulheres do campo e da cidade unificam ato neste 8 de março, em Porto Alegre

O tema da violência contra as mulheres, a preservação do meio ambiente e o abastecimento de água norteiam o dia de lutas na capital gaúcha
Cerca 1500 mulheres de movimentos e organizações sociais de todo o estado participam da atividade. Foto: Catiana de Medeiros

Por Maiara Rauber
Da Página do MST

Neste dia 8 de março (quarta-feira), mulheres do campo e da cidade fazem denúncias, estudos e socialização para marcar o Dia Internacional das Mulheres em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Se deslocam para a capital gaúcha aproximadamente 1500 mulheres de movimentos e organizações sociais de todo o estado. Entre eles estão o MST, Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Central Única dos Trabalhadores do Rio Grande do Sul (CUT-RS), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) Levante Popular da Juventude, Movimento de Trabalhadores por Direitos (MTD), Movimento de Mulheres Camponesa (MMC) e mulheres urbanas vinculadas a setores progressistas da sociedade.

As ações iniciam às 7 horas da manhã, na divisa entre Porto Alegre e Viamão, na comunidade Vila Herdeiros, no bairro Lomba do Pinheiro, em frente à Barragem Lomba do Sabão, local que está ameaçado de rompimento. Cerca de 300 companheiras fazem parte dessa manifestação. A barragem foi construída na década de 1950 para utilização do Departamento Municipal de Água e Esgotos (DMAE), com objetivo de captação e abastecimento de água da capital gaúcha. E hoje possui uma área alagada de 69,2 hectares e volume armazenado de 3 milhões de metros cúbicos. 

Desde 2013 a barragem está desativada e não dispõe de Plano de Ação Emergencial e Plano de Segurança, o que é legalmente obrigatório e deve ser elaborado para salvaguardar a população e o patrimônio público e privado, além da proteção ao meio ambiente, já que é enquadrada na categoria de barragem de risco com alto dano potencial associado. Essa caracterização é atribuída pois um possível rompimento causaria danos imensuráveis em uma vasta área nos arredores do Arroio Dilúvio, desde a cabeceira até sua entrada, no rio Guaíba.

Neste primeiro momento, ainda na Lomba do Sabão, será realizado um ato ecumênico para denunciar o feminicídio de Débora Moraes, ex-militante do MAB e moradora do local, que em setembro de 2022 foi assassinada por seu marido. 

Em 2022, somente no Rio Grande do Sul, o aumento de feminicídio foi de 10,4%, segundo o mapa dos feminicídios elaborado pela Polícia Civil. A violência pode começar com pressão psicológica, humilhação, xingamentos, privação de liberdade pela dependência econômica e se agravar chegando em consequências irreversíveis como o feminicídio.

As vítimas ou aqueles que presenciam algum tipo de violência contra a mulher podem denunciar pelo Disque 180, pelo WhatsApp da Polícia Civil (51) 98444-0606 ou por meio da Delegacia Online da Mulher. A Polícia Civil do RS tem 86 unidades especializadas no atendimento.

Logo após o ato ecumênico as mulheres seguem em marcha até a avenida Bento Gonçalves, com faixas que denunciam e pedem o fim da violência contra as mulheres, a preservação da natureza e ações concretas para impedir que a barragem da Lomba do Sabão chegue ao rompimento.

8M no Centro Histórico de Porto Alegre

Foto: Catiana de Medeiros

Para dar continuidade às ações, as manifestantes se juntam a companheiras que estarão na Praça da Matriz de Porto Alegre, onde acontece parte da programação do 8M. No Plenarinho da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, a partir das 10h, acontece a Audiência Pública com a temática “Violência contra as mulheres e o desmonte das políticas públicas”. O evento conta com transmissão para a área externa. 

Ainda na Praça da Matriz, acontece um almoço coletivo. Em seguida ocorre um momento de formação, com treze rodas de conversa, cada uma com uma temática diferente.

As mulheres ainda aguardam o retorno do Governador Eduardo Leite (PSDB), para uma audiência  unificada entre campo e cidade, em torno do eixo “Em defesa da vida e dos direitos das mulheres”, com foco na situação das políticas públicas para as mulheres no estado. A principal preocupação das organizações é o retorno da Secretaria Estadual da Mulher, que foi extinta no Governo Sartori (MDB), em 2015, para garantir políticas eficientes. Além disso, as manifestantes também buscam medidas concretas para amenizar os impactos da seca para a agricultura familiar, terra para Reforma Agrária, entre outros. 

No final da tarde, para fechar o 8M, as mulheres realizam um Ato Unificado. A marcha vai até o Gasômetro, onde acontece um momento cultural. 

Programação: 8M em Porto Alegre 

7h – 9h: Lomba do Sabão – Denúncia de rompimento da Barragem 

7h: Praça da Matriz de Porto Alegre

10h – 13h: Audiência Pública: Violência contra as mulheres e o desmonte das políticas públicas – Plenarinho da ALRGS com transmissão para a área externa.

12:30 – Almoço

14h – 16:30: Formação em 13 rodas de conversa – Praça da Matriz 

17h: Ato 8M unificado e marcha com as trabalhadoras urbanas e camponesas.

Audiência com governador Eduardo Leite – Horário a confirmar

Serviço

O que? Mobilizações do Dia Internacional da Mulher – 8M

Quando? 8 de março de 2023

Onde? Lomba do Sabão – R. Ângelo Silveiro, 170 – Santa Isabel, Viamão – RS | Praça da Matriz  e Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul  – Centro Histórico, Porto Alegre | Orla do Guaíba, Gasômetro – Cais do Porto, Porto Alegre.

Quem? MST, MAB, CUT-RS, MPA, Levante Popular da Juventude, MTD, MMC e movimentos e organização das mulheres urbanas.

*Editado por Solange Engelmann