Jornada Nacional

Mulheres do MST preparam denúncias contra a violência no campo em São Luís (MA)

Cerca de 400 mulheres de assentamentos de Reforma Agrária no Maranhão se reúnem, na capital entre os dias 7 e 8 de março
As camponesas devem apresentar pautas de reivindicações coletivas a órgãos estaduais e federais. Foto: Mariana Castro

Por Mariana Castro
Da Página do MST

No mês de março, o MST realiza a Jornada Nacional de Luta das Mulheres Sem Terra, com o lema “O agronegócio lucra com a fome e a violência: por terra e democracia, mulheres em resistência!”, com atividades simultâneas em 24 estados de todas as grandes regiões do país. No Maranhão, cerca de 400 mulheres de assentamentos e acampamentos se deslocam para a capital São Luís, para atividades que serão realizadas durante os dias 7 e 8 de março, com formação, mística e luta.

As mulheres devem apresentar pautas de reivindicações coletivas a órgãos estaduais e federais, como a criação de uma lei estadual de proibição da pulverização de agrotóxicos, a implantação e ampliação das escolas do campo, o fortalecimento da agricultura familiar e ações emergenciais contra a violência no campo.

Manifestação do 8 de março de 2022 em área impactada pela Hidrelétrica do Estreito (MA). Foto: Mariana Castro

Realidade

O Maranhão lidera o ranking de violência no campo, com quase metade do seu território sem destino fundiário, o que vem intensificando conflitos causados pela grilagem e avanço de grandes empreendimentos e do agronegócio em áreas de povos e comunidades tradicionais.

Com histórico de mortes e violência, envolvendo especialmente fazendeiros, camponeses, trabalhadores rurais, povos originários e quilombolas, balanço da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras do Estado do Maranhão (FETAEMA) aponta que 55 cidades registraram conflitos no campo em 2022, envolvendo 35.180 famílias e 238 pessoas ameaçadas de morte.

Além das violências domésticas, mulheres do campo sofrem em razão da resistência pelos territórios.
Foto: Larissa Lopes

A partir dos conflitos da concentração de terras, as mulheres estão na linha de frente nas lutas e resistências pelos territórios e os bens comuns e são alvos de violências, como ameaça de morte, intimidação e tentativas de assassinato.

Diante dessa realidade, as mulheres do MST do estado focam as denúncias e reivindicações em pautas relacionadas especialmente à justiça, educação, saúde e cultura, no sentido de garantir vida digna no campo e na cidade.

Mulheres do MST se destacam na luta pela terra e pelo bem comum. Foto: Hannah Letícia

Programação

Durante a terça-feira (7), as mulheres do campo se reúnem na sede da FETAEMA, em rodas de conversa sobre os desafios do campo para o próximo período, como a preservação do meio ambiente, o fortalecimento dos assentamentos e o combate às violências.

No dia que marca internacionalmente a luta das mulheres, 8 de março, as atividades serão nas ruas da capital, com a apresentação das pautas de reivindicações no Palácio dos Leões e órgãos como o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), além de participação no ato unificado das mulheres em luta do estado, a ser realizado a partir de 15h, na Praça Deodoro, com demais entidades e movimentos sociais.

*Editado por Solange Engelmann