Agro É Escravidão!

Fazenda que fornece cana para açúcar Caravelas utilizava mão de obra escrava em SP

As vítimas trabalhariam para uma terceirizada que faz capina e replante de mudas na fazenda, fornecedora da Colombo Agroindústria
Foto: MPT

Por NINJA

32 trabalhadores em escravidão foram resgatados de uma fazenda em Pirangi, distante 380 km de São Paulo, por fiscais de uma força-tarefa conjunta feita pelo Ministério do Trabalho e Previdência, pelo Ministério Público do Trabalho, pela Defensoria Pública da União e pela Polícia Rodoviária Federal. O resgate ocorreu em 26 de janeiro, em uma uma operação.

A informação sobre o caso ter ocorrido em um canavial que fornecia o produto para a Caravelas foi publicada pelo jornal Brasil de Fato.

Segundo as autoridades, as vítimas tinham vindo das cidades mineiras de Francisco Badaró, Minas Novas, Turmalina, Jenipapo de Minas e Berilo e foram levadas ao interior paulista por dois homens que prometeram a eles emprego e salário.

As vítimas trabalhariam para uma terceirizada que faz capina e replante de mudas na fazenda, fornecedora da Colombo Agroindústria, dona da marca de açúcar refinado Caravelas. Segundo a empresa, trata-se de uma propriedade rural “que não pertence à Colombo, mas uma fazenda arrendada para o plantio”, publicou a Folha de São Paulo.

Segundo o relato, os trabalhadores tiveram de pagar do próprio bolso pelas passagens até o local onde ficavam os alojamentos, na cidade vizinha de Palmares Paulista. O custo era de R$ 320 por pessoa, sendo que eles foram transportados, de forma clandestina, em duas vans, segundo a investigação.

Ainda de acordo com o MPT, a terceirizada RPC Serviços de Plantio celebrou um TAC (Termo de Ajuste de Conduta) perante o MPT e a DPU (Defensoria Pública da União), em que se comprometia a arcar com as verbas rescisórias devidas aos resgatados e os custos de transporte para a volta dos trabalhadores às suas cidades de origem.

Também ficou determinado que os valores referentes às passagens de ida para Palmares Paulista devem ser reembolsados e que a dívida contraída com o mercado deve ser paga pelos signatários.

Foto: MPT

Em três anos, resgate de pessoas em escravidão disparou no Rio Grande do Sul

A partir de 2021, o estado Rio Grande do Sul viu disparar o número de pessoas libertadas pelo poder público em condições análogas à escravidão. Os registros tinham sido mantidos em patamares baixos de 2013 a 2020, mas cresceu a partir do segundo ano do governo de extrema direita de Jair Bolsonaro.

O recorde foi no início de 2023, quando em Bento Gonçalves foram resgatados 208 vítimas de trabalho escravo em vinícolas. Os resgates foram realizados em fazendas que prestavam serviços para as vinícolas Aurora, Cooperativa Garibaldi e Salton. O vereador Sandro Fantinel defendeu o trabalho escravo, foi expulso do próprio partido (Patriota) e incluído em um processo de cassação na Câmara Municipal de Caxias do Sul.

Em 2022, foram resgatadas 156 pessoas exercendo trabalho escravo. Em 2021, foram encontradas 76 trabalhadores nas mesmas condições. De 2013 a 2020, esse número subiu para 107, conforme dados do Ministério Público do Trabalho (MPT), publicados com exclusividade pelo Uol.