Recuperação Ambiental
MST planta 4.500 mudas de árvores em área, antes destinada a lixão em SP
Por Coletivo de Comunicação do MST em São Paulo
Da Página do MST
A questão ambiental está sendo uma ferramenta importante na construção de debates políticos e de ações concretas na perspectiva coletiva nos territórios da Reforma Agrária. A crise ambiental tem consequências concretas para a vida das pessoas, e os trabalhadores e as trabalhadoras Sem Terra estão atentos e atentas para essa pauta.
Pensando nisso, entre os dias 27 e 29 de março famílias do assentamento Conquista, localizado no município de Tremembé/SP, realizaram uma ação de plantio de 4.500 mudas de árvores, contribuindo com a recuperação ambiental e promovendo a formação de consciência crítica sobre a conjuntura ambiental e agrária na região.
A iniciativa, articulada pelo MST no Vale do Paraíba, ocorreu em parceria com a Cooperativa Mista de Agricultores de Tremembé e Região (COOMATRE) e o Instituto Auá. Estiveram presentes, contribuindo na ação do plantio assentados e assentadas de três assentamentos da região, assentamento Conquista, assentamento Olga Benário e assentamento Egídio Brunetto.
Como relata Felipe Gemeli, militante do MST no Vale do Paraíba, “aqui na região nós temos trabalhado a Agroecologia como ferramenta política de luta para emancipação a partir de novas relações produtivas sustentáveis. Através dela é possível recuperar áreas que sofreram grandes impactos, como essa que estamos recuperando aqui no assentamento Conquista, que era um lixão. E para isso a gente utiliza técnicas de plantio de baixo custo para gerar renda ao coletivo de famílias, seja através do plantio de frutíferas ou coleta de sementes florestais”.
Nesse sentido, também observamos experiências positivas no que diz respeito a emancipação dos trabalhadores, em especial, mulheres, pessoas idosas, juventude e pessoas LGBT, porque a agroecologia conversa também com a transformação social no campo.
O assentamento Conquista foi o primeiro fruto da luta pela terra no MST da região do Vale do Paraíba, no local em que antes havia uma fazenda de 1.290 hectares da Petrobras, ocupada em 1994. Se tratava de um latifúndio improdutivo, onde era descartado o lixo do município. Desde a ocupação dessas terras, os trabalhadores e as trabalhadoras travaram uma disputa com a Prefeitura Municipal na tentativa de impedir a entrada de caminhões de lixo na área.
A partir da homologação do assentamento, em 1995, as famílias estão empenhadas em dar uma função social para essas terras através do trabalho de base familiar. Agora plantam árvores como forma de simbolizar a conquista da terra e a transformação do uso dela.
Essa ação se soma à diversas outras que estão sendo construídas através do Plano Nacional Plantar Árvores e Produzir Alimentos Saudáveis, lançado em 2020 e que, desde então, vem promovendo o diálogo com a sociedade sobre as preocupações em relação à crise ambiental que estamos enfrentando. A intenção do Plano é estimular os trabalhadores e as trabalhadoras Sem Terra a realizarem plantios para recuperação de Áreas de Preservação Permanente (APP), mananciais e nascentes; formarem bosques de árvores nativas; construir agroflorestas e outras estratégias de preservação e recuperação ambiental aliada à produção de alimentos saudáveis de base agroecológica nos territórios da Reforma Agrária, envolvendo os assentamentos, acampamentos, escolas do campo, associações e cooperativas.
Como aponta Joice Lopes, da Direção Estadual do MST em São Paulo e coordenadora do Plano no estado, “Através do Plano Nacional, queremos incentivar as famílias da nossa base a produzir alimentos através da agroecologia, trazendo a questão de valorização da natureza. Queremos mostrar para a sociedade que nós nos preocupamos em produzir alimentos saudáveis, produzir comida para toda a população e combater a fome, ao contrário do agronegócio, que só produz monocultura e destrói os recursos naturais. E estamos avançando nesse quesito, em várias regiões do estado de São Paulo já temos plantios realizados na região de Iaras, de Promissão, no Pontal do Paranapanema, e algumas outras regiões. Mas ainda precisamos avançar em outros desafios, como a construção de viveiros de mudas nativas para fortalecer ainda mais esse projeto.”
Nesse processo, queremos fazer chegar até à sociedade as contribuições do Movimento Sem Terra para os debates sobre a crise climática, a Soberania Alimentar e Agroecologia, bem como o papel da Reforma Agrária Popular na defesa dos bens comuns.
Conheça mais sobre o Plano Nacional Plantar Árvores e Produzir Alimentos Saudáveis no link AQUI.
*Editado por Solange Engelmann