Jornada de Lutas

Abril de lutas: MST inicia Jornada nesta segunda-feira (17) com ações nas cinco regiões do país

Marchas, ocupações, atividades de formação, solidariedade e vigílias acontecem entre os dias 17 e 20 de abril
Marcha de Sem Terra na Bahia, em 2021. Foto: Jonas Santos

Da Paǵina do MST

Com o lema “Contra a fome e a escravidão: por Terra, Democracia e Meio Ambiente!”, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) inicia nesta segunda-feira (17) a Jornada Nacional de Luta pela Terra e pela Reforma Agrária. 

A Jornada acontece em todo o país, de 17 a 20 de abril, com ocupações de terras, marchas, vigílias, ações de solidariedade e a realização de  acampamentos pedagógicos de formação, envolvendo as famílias assentadas e acampadas nas cinco regiões do país. As ações têm como objetivo reafirmar o compromisso da luta contra a fome, a escravidão, todas as formas de opressão e violência, trazendo para o centro da luta política a questão do acesso à terra e da Reforma Agrária. 

Ceres Hadich, da direção nacional do MST, afirma que a Jornada é uma ferramenta de pressão e denúncia contra as violências no campo e as grandes concentrações de terra no Brasil. “Fazemos a jornada para que não se esqueçam do massacre de Eldorado dos Carajás e que o Brasil é o país do latifúndio, com o maior índice de concentração de terras. A reforma agrária é uma dívida histórica com os povos do campo”, explica.

A desapropriação de terra é um tema central na Jornada. Hadich conta que um dos objetivos das lutas é que o governo dê uma sinalização de que vai atender a demanda das famílias acampadas e assentadas. “Queremos que o Ministério do Desenvolvimento Agrário [MD] apresente medidas concretas e um cronograma de ações para os quatro anos.”

O MST divulgou o número de 100 mil famílias que vivem em  acampamentos no Brasil, muitas estão há mais de 10 anos nesta situação. Destas, 30 mil famílias estão em áreas na condição de pré-assentamentos em processos não concluídos pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). 

“O governo pode resolver essa situação com maior celeridade”, cobra a dirigente. Em relação à pauta das famílias assentadas, ela aponta que é preciso retomar as políticas públicas para a produção nos assentamentos, como crédito, compras públicas, cooperação, industrialização e comercialização para aumentar a produção de alimentos e combater a fome no país.

Por isso, o Movimento cobra uma rodada de negociações com o MDA, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ministério da Fazenda, com o Incra e com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

27 anos de Carajás

Pesquisa de imagens Arquivo e Memória MST / Foto: J.R. Ripper

Hoje, 17 de abril, é o marco de 27 anos do massacre de Eldorado dos Carajás. O fato aconteceu no em 1996 quando duas tropas da Polícia Militar do Pará avançaram com armamento pesado contra 1.500 famílias de trabalhadores rurais Sem Terra que marchavam para Belém com o objetivo de reivindicar a desapropriação de terras para Reforma Agrária. 

O resultado da operação foi o massacre. 19 Sem Terra foram barbaramente assassinados no local e 2 morreram em seguida por conta dos ferimentos.

Abril de lutas

Foto: MST em PE

Desde o início do mês, o Movimento já realizou lutas com foco na Jornada. Neste final de semana, famílias Sem Terra iniciaram uma marcha no estado da Paraíba, que saiu de Mata Redonda, em Alhandra, e segue à capital João Pessoa. São 40 km de caminhada.

Em Pernambuco, desde o dia 3 de abril, o Movimento Sem Terra realizou oito ocupações, mobilizando cerca de 2.280 famílias em todo o estado. As áreas reivindicadas para Reforma Agrária estão localizadas nos municípios de Timbaúba, Jaboatão dos Guararapes, Tacaimbó, Caruaru, Glória do Goitá, Goiânia e Petrolina. E em Maceió (AL), no dia 10, o MST e um conjunto de organizações populares cobraram a saída do atual superintendente do Incra e a indicação de José Ubiratan Rezende Santana para o cargo, através de uma ocupação no órgão. 

*Editado por Fernanda Alcântara